segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Morte do Presidente da República, Malam Bacai Sanha-Reacções: "Governo de Cabo Verde ficou espantado"

O ministro das Relações Exteriores cabo-verdiano lamentou hoje a morte de "um grande amigo de Cabo Verde", sublinhando que o Presidente Malam Bacai Sanhá "desempenhou bem as funções" e manteve o "equilíbrio" na Guiné-Bissau. "O Governo de Cabo Verde ficou espantado com a morte de Malam Bacai Sanhá e lamenta a morte de uma personalidade histórica", disse Jorge Borges aos jornalistas na capital cabo-verdiana, ainda surpreendido com a notícia divulgada hoje pela Presidência guineense. AAS

Morte do Presidente da Republica, Malam Bacai Sanha-Reaccoes: Cavaco Silva, Presidente portugues, diz-se "profundamente consternado", e sublinha "legado de coragem pessoal de Bacai Sanha na luta contra a doenca, e de determinacao politica na luta pelos valores da democracia". AAS

ULTIMA HORA: Morte do Presidente da Republica: Conselho de Ministros reuniu-se apenas para decretar Luto Oficial de 7 dias, com inicio a partir das 24 hrs de hoje. AAS

ULTIMA HORA-Morte de Malam Bacai Sanha, Presidente da Republica: Alberto Batista Lopes, chefe de Gabinete do Presidente da Republica, tinha viagem marcada para Paris, para a proxima 4a feira, com vista a promulgacao do Orcamento de Estado, votado na Assembleia Nacional Popular em Novembro de 2011. AAS

EXCLUSIVO/Morte do Presidente da Republica: Malam Bacai Sanha faleceu hoje, as 11:10h, menos uma hora na Guine-Bissau. AAS

ULTIMA HORA: Morte do Presidente: Presidencia da Republica aguarda pela chegada da certidao de obito, que confirmara a causa e a hora da morte, por parte da equipa medica do hospital Val de Grace, em Paris, Franca. AAS

EXCLUSIVO: Morreu o Presidente da Republica, Malam Bacai Sanha. Estamos de luto carregado. AAS

EXCLUSIVO: Material pesado - demais...

No dia 18 de novembro de 2011, EPIFÂNIA SOUSA RODRIGUES, directora administrativa e financeira do Ministério da Energia, Indústria e dos Recursos Naturais foi chamada ao gabinete do ministro Higino Cardoso. Nesse dia, o ministro perguntou à sua directora se conhecia alguém de nome EPIFÂNIA DOS SANTOS. A DAF respondeu, dizendo que não: «chamo-me Epifânia Sousa Rodrigues».

mre carta queixa 1

A CARTA ESCRITA AO MINISTRO HIGINO CARDOSO

De seguida, o ministro entregou-lhe uns documentos, num envelope: tratavam-se de cópias de recibos. Na altura, Epifânia Sousa Rodrigues ficou sem perceber, pois, julgava tratar-se de documentos de empresas assinadas pela directora administrativa e financeira de nome Epifânia dos Santos. Contudo, e apreciando bem os documentos, a DAF notou que um recibo vinha em papel timbrado do gabinete do ministro, rubricado por uma directora administrativa e financeira, Dra. Epifânia dos Santos, que não existe.

Mas há mais: o documento tinha até o carimbo do gabinete do ministro, o que é estranho, pois a única DAF era ela, e ela nunca foi subscritora de nenhum documento com o papel timbrado do gabinete do ministro, usando o seu carimbo a óleo. Então, a DAF verdadeira concluiu que só podia estar à frente de uma falsificação, usando o seu nome e o da direcção administrativa e financeira, que dirigia: estavam em causa 10.500.000 (dez milhões e quinhentos Fcfa), das mãos de empresários chineses que estavam a trabalhar no jazigo de areias pesadas (Zircónio e Titânio), em Varela.

mre queixa 3

UM DOS RECIBOS, NO PAPEL TIMBRADO DO GABINETE DO MINISTRO; AO LADO, CÓPIA DA LICENÇA DE EXTRACÇÃO EXPERIMENTAL EM NOME DA EMPRESA CHINESA WEST AFRICAN UNION BISSAU INVESTMENT GROUP: 500 TONELADAS DE ZIRCONIO E TITÂNIO

«Tive uma grande surpresa que jamais vi em toda a minha vida», escreveu a DAF ao ministro Higino Cardoso, em carta endereçada no passado dia 24.11.11 e que Ditadura do Consenso teve acesso. Na conversa com o ministro, Epifânia Sousa Rodrigues lembrou a Higino Cardoso que «ainda não era Doutora (tinha apenas concluido o bacharelato em Finanças e Contabilidade), que a rubrica não era minha, e, nos meus trabalhos não posso usar o papel timbrado do gabinete do ministro, menos ainda o carimbo». Higino Cardoso respondeu, num tom normal, como se nada tivesse passado, que «não se tratava da minha pessoa». Como o ministro estava ocupado com o director-geral da Geologia e Minas (que está na cadeia), a DAF deixou o gabinete.

A DAF escreveu então ao minsitro: «A minha reacção poderia ser esta, denunciar este assunto directamente ao Ministério Público, mas, julgo que devo aguardar o seu devido tratamento pelo respeito e consideração que sempre tive por V. Excia, pela minha Instituição, como pelo Chefe do Governo, que deve tomar conhecimento deste assunto antes de chegar à praça pública, por se tratar de má imagem do País perante investidores estrangeiros.»

Perturbada com toda essa situação, Epifânia Sousa Rodrigues regressou ao seu gabinete, tentando procurar melhores explicações sobre o assunto. Depois, o ministro disse-lhe que não queria abordar o assunto «por causa da minha reacção, que sou uma pessoa adulta, que devia compreender que são documentos falsos preparados por pessoas que querem tirar dinheiro das mãos dos chineses».

A carta continua. Assim: «É preocupante, como aparece o carimbo do seu gabinete nos documentos falsificados? É do conhecimento de todos que não é fácil ter acesso ao carimbo do seu gabinete. Muitas das vezes, quando preparamos ulguns documentos urgentes, mesmo já com a assinatura do ministro, ela não é remetida no mesmo dia ao seu destino, nas ausências do seu chefe de gabinete (igualmente na cadeia), o único responsável pelo seu carimbo. Sendo responsável do carimbo, porque não mencionou o seu nome e a sua assinatura no papel timbrado do gabinete que integra? A movimentação dos chineses, como de qualquer empresário estrangeiro, é no gabinete do Ministro e na direcção-geral de Geologia e Minas, o que não implica necessariamente a direcção que dirijo.».

Na carta ao ministro, a DAF volta a ser pertinente: «(...) Os pagamentos nunca são efectuados no ministério, mas sim através do Tesouro Público (BCEAO) e no BAO, na nossa conta do Fundo de Mineração. Se os recibos foram falsificados obviamente que as licenças ou os contratos também foram falsificados. (...) É do seu conhecimento que o ex-director geral da Geologia e Minas (igualmente na cadeia) recusou entregar os dados de receitas e a sua proveniência referente ao período 2010/11, solicitados pela direcção geral do Orçamento».

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CÓPIA DA CARTA DE UMA EMPRESA CHINESA

Lembra a DAF ao ministro que a instituição encontra-se numa «autêntica crise financeira, não existindo papel para consumo da secretaria, nem combustível para as viaturas de serviço, menos ainda serviço de internet. As dívidas com salários de pessoal, contratados fora do Orçamento Geral do Estado, ultrapassam um ano tendo estes ameaçado ir para as rádios. Afinal de contas, existem fundos que deram entrada ilegalmente no ministério, e cuja utilização se desconhece.» E avisou a tempo: «Se o funcionamento de serviços não fosse invertido, não estaríamos nestas situações».

Epifânia Sousa Rodrigues continua, lembrando ao ministro Higino Cardoso que «o ambiente instalado já é de desconfiança, podendo supor que este caso foi preparado por indivíduos que não integram esta Instituição, o que efectivamente merece ser esclarecido e não ficar no silêncio, pois, não só a minha imagem como desta instituição, do Governo e do País deve ser respeitada e usada com dignidade».

E termina a carta assim: «Considerando os factos expostos, pretendo com a presente exposição exortar a V. Excia, no uso das suas prerrogativas, que accione mecanismos junto de instituições competentes, que os supostos autores sejam conhecidos e responsabilizados pelos seus actos, em conformidade com as normas vigentes, com vista a pôr cobro a estes acontecimentos que estão a ser verificados nos últimos tempos, para a salvaguarda dos supremos interesses da nossa Instituição e do País».

António Aly Silva

sábado, 7 de janeiro de 2012

ULTIMA HORA/METAIS VARELA: Directora financeira edo ministerio da Energia e Recursos Naturais, Epifania Sousa Rodrigues, esta em liberdade. DC conta-lhe toda a historia, ja a seguir, com provas! AAS

EXCLUSIVO: Tres militares, acusados de cumplicidade na 'sublevacao' do passado dia 26 de dezembro, e que estavam na prisao da Marinha de Guerra, foram ontem postos em liberdade. AAS

"48 horas sem comer", confidenciou, magoado, um ex-prisioneiro e ex-guarda costas do assassinado Presidente, 'Nino' Vieira, ao Ditadura do Consenso. E doeu... AAS

Venham mais cinco

Estou cansado. Acreditem. Hoje, estive a falar com um membro do Governo. Palmadinha no ombro, seguido de uma fricção. Foi sincero. Entre um gin com sumo natural de laranja (para mim) e um whisky 'on the rocks', falamos. "Aprendi muito com os suecos", dizia-me o meu amigo. E relatava, como se tivesse sido ontem, a experiência ganha com os nórdicos, dos poucos países que suportaram a nossa luta contra o colonialismo, mas que depois se puseram em debandada ainda a década de '90 não tinha entrado em cena. Alegaram o "imobilismo" como causa. Foi o suficiente. Entendi-os, e disse-o ao Larson.

Este País, acreditem, chega para todos nós. A questão, agora, é esta: queremos um Estado, ou um estado de espírito? Eu escolheria o Estado. Mas isso sou eu. Mas o espírito não deixaria... Dizia entao o governante: "sempre apreciei o teu trabalho. Lutas sozinho, e é isso que é formidável". Voltou a ser sincero. Eu sorria, meio envergonhado, meio alguém que é apanhado com as calças na mão.

Ontem, tive a oportunidade de apresentar a este meu amigo, membro deste Governo, uma pessoa que aqui veio em missão de solidariedade. O governante apertou-lhe a mão, e passou o seu número de telemóvel. "Ligue amanha que arranja-se um tempo". Que não - disse o interlocutor - vamos para o interior. "Então no sábado", retorquiu o governante.

Hoje, fiquei a saber que a audiência se concretizara. E esse meu amigo, já esta noite, confidenciou-me o quanto ficou surpreendido por ser uma mulher a comandar 14 pessoas. "Tem fibra, é uma senhora espectacular. Uma militante!". Fiquei satisfeito. Havia qualquer coisa de diferente nesse membro do Governo. Há que seguir o exemplo. Venham mais cinco, por favor. É urgente.

Estava cansado - dizia no inicio deste post. Mas não estou mais. Sinto que há qualquer coisa a mexer, se das cabecas dos homens, se da entranhas da terra, isso pouco importa. Tenho a sorte de ter nascido neste País. E de cada irmão meu ter nascido num canto singular desta terra: Gabu, Ilha Formosa e Bissau - para além deste vosso escriba, que desaguou no Quebo. Como este País encanta! AAS

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Das duas, três!

Ontem, fiquei a conhecer melhor como é Bissau quando a noite cai. E explico. Da sede do SB Benfica até à 'Mãe D'Água', o transito é cortado; toda a área que circunda o Estado-Maior General das Forças Armadas, também. Resta-nos as estradas secundárias, por assim dizer.

Hoje, assisti a algo completamente fora do comum: como se sabe, está cá o manda-chuva dos militares angolanos, um dos Van-Dunem, família poderosa em Angola. Então, numa visita, hoje, ao ministério do Interior, assisti a maravilhas. Contei mais tropas que toda a comitiva que acompanhava o ministro e a delegação guineense: show-off, é o que é!

Bissau, não parece, está sitiada. Amanhã, apresentarei um mapa que mostra as avenidas e ruas que os militares fecham durante a noite, são muitas - mais do que os bandidos que enlouquecem esta cidade à beira mar plantada.

Ontem, por volta da uma da manhã, cruzei-me com um carro patrulha com oito militares, a andar em relanti, patrulhando a cidade sitiada. Chegado à esquina do estádio 'Lino Correia', havia dois militares de camuflado, AK 47 a tiracolo, caras de poucos amigos. Assobiei para o lado e segui o meu caminho.

O País não está bem, nota-se, ainda que os que mandam tentem mostrar alguma serenidade, e normalidade, no meio do caos que se instalou a 26 de dezembro. Percebe-se. Eu entendo-os. Num País onde a oportunidade tende a ser a mãe de todas as batalhas - desgraças - um descuido, um limpar de espingarda pode ser a morte do artista...

O 'outro' artista, por seu lado, está bem - e recomenda-se: põe os incompetentes no seu devido e respectivo lugar; não dá abébias aos analfabetos, e, quanto aos analfabrutos... Uma boa noite a todos os meus verdadeiros amigos: os leitores do meu blog!

Antonio Aly Silva

Sábado, na Marisqueira de Safim: Ostras e grelhados. Não falte: Para reservar a sua mesa, ligue para o número 690 42 33

Escândalo e corrupção no Programa integrado do Ministério do Comércio - as provas:

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DITADURA DO CONSENSO: Mais tarde, ou mais cedo... AAS

ÚLTIMA HORA: No Egipto, o procurador que julga o ex-presidente, Hosni Moubarak, pede a pena de morte. AAS

Taça de África das Nações-2013: Guiné-Bissau recebe, no 1º jogo, os Camarões, e joga a 2ª mão em Yaoundé, em junho. AAS

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

FIFA nomeia José Medina Lobato, Membro da Comissão de Fair Play e Responsabilidade Social

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JOSÉ MEDINA LOBATO: O Presidente da Federação de Futebol da Guiné-Bissau, viu o seu trabalho reconhecido pela instância maior do futebol mundial.

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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

ÚLTIMA HORA: Roberto Cacheu poderá entregar-se hoje às autoridades. Consta que se encontra numa diocese. AAS

Mensagem de Ano Novo do Presidente de Cabo Verde, S. Exª Dr., Jorge Carlos Fonseca

«Caros concidadãos,

Ao longo dos tempos a Nação Cabo-verdiana tem sido exemplo de coragem, determinação e de uma criatividade única para ultrapassar obstáculos da mais diversa natureza e se projectar no Mundo., conquistando respeito e admiração dos outros Povos.
É a esta força que nos caracteriza que apelo neste momento em que é preciso fazer o balanço e traçar os caminhos para o futuro próximo.

Ao dizermos adeus ao ano 2011 devemos reconhecer que grandes problemas nacionais continuam à espera de soluções mais eficazes e duradouras. O insuficiente crescimento económico, o desemprego, a pobreza, o custo de vida, a violência e insegurança nas cidades, a morosidade da justiça, a erosão de referências morais e as dificuldades do sector energético são algumas das grandes preocupações dos cidadãos e cujo reconhecimento constitui um primeiro passo para encontrar-lhes solução.

Cabo-verdianos,

A ideia de vos dar o retrato da situação interna e internacional em que vivemos não tem a finalidade de vos desencorajar. O que se quer é que todos estejam devidamente informados acerca da conjuntura económica e financeira que o mundo vive nos dias de hoje e se envolvam no esforço colectivo de resistência à crise e do aproveitamento das oportunidades. Vamos todos começar o novo ano com um caderno repleto de preocupações e precisamos enfrenta-lo com a mesma garra e determinação de sempre.
O ano 2012 não será fácil. Os problemas e dificuldades que enumerei, e outros que não referi, irão conviver connosco ao longo do próximo ano. Somos ainda um país vulnerável e frágil. Mas, como já tive oportunidade de referir noutros momentos, a fibra de um povo vem à tona nos momentos mais difíceis, e a nossa geração não pode permitir-se cruzar os braços.

Meus caros concidadãos,

A força de transformação de uma Nação reside, justamente, na capacidade de se situar (saber onde está) e de se projectar no tempo e no espaço (saber para onde quer ir). Nós sabemos onde estamos e sabemos, igualmente, para onde queremos ir. Temos, pois, a força que faz mover as Nações. Vamos apenas precisar traçar, com criatividade, realismo e rigor, o caminho a seguir, de ONDE ESTAMOS para ONDE QUEREMOS IR, definindo recursos e parcerias, e acelerar o passo para que os problemas não se agudizem, o nosso nível de vida continue a crescer e todos tenham a oportunidade de realização pessoal que cada ser humano almeja no fundo de si próprio. Neste processo precisamos estar todos envolvidos.

Ao Governo compete agir para resolver os problemas de fundo da sociedade. Mas a sociedade civil não pode ficar distanciada, ausente. Pelo contrário. Tenho plena consciência das divergências e das fracturas que existem na esfera política e social em Cabo Verde. Não pretendo sugerir que as forças políticas ponham de lado as suas diferenças fundamentais. Seria o mesmo que pedir o fim do regime de democracia por que optámos viver. Mas considero que um esforço sério de aproximação deve ser feito em matérias de alto interesse nacional.

Uma das áreas onde o interesse nacional deve sobrepor-se a todos os outros, no ano de 2012, é o do combate à violência e à insegurança. O povo das ilhas precisa de um ambiente de paz e tranquilidade sociais e isso será um recurso que tem de ser disponibilizado. Uma sociedade com o nível de violência que actualmente conhecemos em Cabo Verde, não pode ser considerada uma sociedade sã. Neste ambiente, o que podemos esperar das gerações que crescem neste momento? Que valores defenderão quando forem adultos? Como irão resolver os seus problemas? Na base da violência? Uma sociedade violenta é capaz de oferecer paz, trabalho, respeito e dignidade às pessoas? De garantir efectivamente a liberdade?

Incumbe ao governo organizar e realizar o essencial desse combate. As autoridades governamentais estão cientes disso e têm desenvolvido esforços meritórios nesse sentido. Mas é preciso ir mais longe, é preciso envolver outras forças políticas e a sociedade civil na definição de uma estratégia nacional de combate a todo o tipo de violência. Temos que mostrar, convencer que a violência não é necessária e que será combatida.

O grupo familiar é esfera central neste processo, capaz de contribuir de forma fundamental na criação de condições ao saudável desenvolvimento das pessoas e à equilibrada realização humana, e como tal deve ser revitalizado e protegido.
Outras áreas de concertação política e envolvimento da sociedade civil podem ser recortadas. Falo da luta contra a corrupção e o enriquecimento ilícito, a promoção da família e dos valores de uma sociedade democrática, capaz de garantir em definitivo a democracia como sistema e regime. Um tal desiderato deve ser prosseguido com firmeza e determinação, mas sempre no quadro dos princípios que constituem núcleo irredutível do estado de direito.

Caros Amigos,

No ano que vai começar, impõe-se, igualmente, um amplo e descomplexado debate sobre a descentralização. Tivemos, há vinte anos atrás, um processo de descentralização administrativa que tem dado, reconhecidamente, os seus frutos. Hoje, sente-se uma forte movimentação no sentido do aprofundamento da descentralização, acompanhada dos necessários recursos. Todos as possibilidades que, de há anos a esta parte, vêm sendo aventadas, devem ser postas em cima da mesa para discussão e subsequente assumpção da solução mais consensual e que assegure a realização adequada do interesse nacional e das aspirações legítimas das comunidades locais.

Concidadãos,

A morosidade da Justiça é outra questão central a ser resolvida. O diagnóstico está, no essencial, feito, urge agora a adopção corajosa das soluções. Elas são muitas e entrelaçadas. Entre elas – e permitam-me repetir o que tenho dito noutras ocasiões – sublinho a necessidade de uma maior capacitação técnica de todos os agentes da justiça, a criação de verdadeiros e autónomos serviços de inspecção extensivos a todo o sistema, para além de outros mecanismos de responsabilização do sistema no seu todo.

Espera-se, igualmente, que neste novo ano os actores políticos encontrem as soluções e os compromissos que permitam a rápida instalação do Tribunal Constitucional e a investidura de um Provedor de Justiça, independente e tecnicamente habilitado par servir de mediador entre o cidadão e o Estado, dando, assim, um passo importantíssimo no sentido da realização da Constituição e da efectivação de direitos de cidadania. Sei do que falo, sobretudo nestes poucos meses de exercício do cargo, pois tenho sido, na prática, procurado como se também fosse um provedor de cidadania.

Meus caros Compatriotas,

As dificuldades actuais não devem abalar a nossa confiança no futuro. A nossa sociedade fez progressos importantes que devem ser valorizados. Temos que ser realistas e positivos. A qualidade da nossa democracia acaba de ser graduada como a vigésima sexta do Mundo e a primeira da CPLP, em vésperas do vigésimo aniversário da Constituição Política da República de Cabo Verde, o que muito nos deve orgulhar. Estamos satisfeitos. Mas, temos o potencial para ir bem mais longe.

Já o disse e repito. Somos um povo corajoso, temos que almejar alto. Somos um povo ambicioso e devemos demonstrar que somos capazes de atingir os nossos objectivos ambiciosos, com visão, com estratégia e com acção sistemática e coerente. Por isso, os homens e as mulheres que gizam, gerem e se interagem no processo do desenvolvimento têm de ser forjados em um sistema de educação altamente qualificado, calibrado para formar técnicos e cidadãos, com a responsabilidade de agir, no seu dia-a-dia, como verdadeiros agentes de mudança.

À juventude cabo-verdiana, no país e na diáspora peço que ponham toda a vossa inteligência, criatividade e irreverência ao serviço da Nação. Entre ser parte do problema e ser parte da solução, optem sempre por fazer parte das soluções. O país precisa de vós como agentes de mudança para que possamos nos desembaraçar das teias geradoras do subdesenvolvimento.

Aos cabo-verdianos vivendo no estrangeiro quero deixar uma mensagem especial: que continuem com a determinação de sempre por saberem que estão a ter uma oportunidade de vida melhor, mas que ela não caiu do céu, antes a conquistaram com o vosso trabalho, a vossa inteligência e o vosso espírito de entrega.
Mesmo em tempos reconhecidamente difíceis, o país conta convosco na mobilização das energias, meios e vontades para, juntos, erguermos o Cabo Verde desenvolvido com que todos sonhamos.

Concidadãos,

Os países pequenos e abertos ao mundo, como o nosso, só conseguem progredir e oferecer condições de vida dignas ao seu povo, se forem capazes de identificar as oportunidades que a situação internacional oferece, por mínimas que sejam, e mobilizarem as energias internas latentes para aproveitar essas oportunidades.

“Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Este refrão de uma canção brasileira devia ser também o nosso lema.

Conto com todos os cabo-verdianos e ofereço-me para, com a lealdade que me caracteriza e caracteriza a função, trabalhar com todos os actores políticos, designadamente com o Governo no sentido do aprimoramento do Estado de Direito democrático e da construção de um país moderno, avançado e, sobretudo, competitivo. Com lealdade institucional e respeito mútuo pelas funções que a cada um deve caber o caminho torna-se mais facilitado. Sobretudo quando o futuro parece incerto em diversas frentes, a partilha do espaço público deve fundar-se numa ética pautada pela lucidez e pela responsabilidade, mas também pela competência e afecto.

Esperemos e trabalhemos para que esta atitude se afirme e se expanda entre nós.
A todos, votos de Boas Festas e de um bom e feliz 2012.»

'Só, no meio desse vespeiro'

«Caro amigo,
Cumprimentos.


Uma vez mais comunico consigo. Não sou guineense, como sabe, mas sabe que amo essa terra como a minha. E dói-me, dói-me muito, ver que alguns dos seus filhos são os seus piores inimigos, maltratando-a, chicoteando-a, ferindo-a de morte.

Isto não pode continuar assim. O povo, o pacífico e ordeiro povo da Guiné-Bissau, aquele mesmo que há anos atrás se levantou na defesa do seu “chão”, tem que se levantar novamente. Afastando os caciques, afastando os criminosos, os bandidos, os sanguessugas.

Sei quanto deve passar para fazer chegar aos quatro cantos do mundo as verdadeiras noticias daquilo que dia a dia se vai passando e que a comunicação social “pacificada” filtra antes de chegar até nós. Sei que tem sido ameaçado de morte, o que não admira. os tiranos, os caciques, os bandidos têm medo da verdade! sempre assim foi.

O meu bravo por todo o trabalho que está a fazer em prol da sua querida terra. Sei que o faz porque a sua consciência o impõe e não porque busca louros. Pena que esteja só, no meio desse vespeiro.

Um bom ano para a Guiné é o que mais ardentemente desejo. Um bom 2012, repleto das maiores venturas para si e para toda a sua família, é o meu desejo muito sincero.

J.C.
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domingo, 1 de janeiro de 2012

EXCLUSIVO: Tentativa de entrada nas instalações das Nações Unidas

Ontem, por voltas 23:45 horas, quatro indivíduos, todos eles civis, tentaram entrar no edifício das Nações Unidas, em Bissau, para, como disseram, procurar protecção. Foi-lhes recusado a entrada pelos oito seguranças da West Africa, de serviço na portartia das NU.

Contactado o Geoff Wiffin (representante da UNICEF e susbtituto de Joseph Mutaboba), foi dito taxativamente que qualquer entrada na sede da ONU, em Bissau, carece de autorização de Nova Iorque.

As forças armadas, curiosamente, deixaram de patrulhar a área das NU ontem pela tarde. Hoje, são 12 os seguranças da West Africa nas NU. Ditadura do Consenso tentou, em vão, saber os nomes. Os seguranças nao os conhecem. AAS