sexta-feira, 30 de abril de 2010

EUA consideram prisao de Zamora Induta "ilegal"...

...Da mesma maneira que Ditadura do Consenso considera ilegal (reparem, sem aspas) a ocupaçao, pelos EUA, da ilha de Guantanamo, em Cuba.
Porque nao pedem meças a quem propos Zamora Induta para Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas? Ou a quem o nomeou? Ou, ainda, a quem assinou e promulgou o decreto que o nomeava CEMGFA? AAS

Samora Machel - O exclusivo mundial do jornal 'Lusófono'

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DESASTRE DE MBUZINI - O QUE DIZ O RELATÓRIO DA COMISSÃO DE INQUÉRITO?

Cerca de 16 anos após o desastre de aviação que vitimou o primeiro presidente moçambicano, Samora Machel, a campanha de desinformação em torno das causas que provocaram a queda da aeronave presidencial não dá sinais de abrandar. O parecer da comissão de inquérito que investigou o acidente ocorrido em Mbuzini, na África do Sul, a 19 de Outubro de 1986 tem sido sistematicamente ignorado.

O exemplo mais recente dessa campanha foi a alegação infundada de que o presidente da República, Joaquim Chissano, teria participado num plano destinado a provocar a queda do Tupolev-134A.
Antes, surgira a notícia de que Samora Machel teria sobrevivido ao acidente, e que posteriormente alguém, nunca identificado, lhe teria dado uma injecção letal.1
Na realidade, Samora Machel teve morte instantânea, ficando irreconhecível, razão pela qual a urna contendo os seus restos mortais permaneceria encerrada durante as cerimónias fúnebres. Só foi possível identificar o cadáver mediante a aliança de casamento, que ostentava o nome da viúva, e através da prótese dentária, conhecida por ponte, que dentistas haviam recentemente colocado em Samora Machel para corrigir a falha de nascença que tinha nos dentes incisivos.
Ironicamente, por ter pretendido apurar as causas da morte de Samora Machel - numa altura em que a campanha de desinformação começava a ganhar corpo - o chefe da missão de médicos cubanos em Moçambique viria a ser expulso do País por ter ordenado aos patologistas da sua equipa que procedessem à autópsia do cadáver sem a autorização nem o conhecimento prévio das autoridades moçambicanas.

Conforme estipula a Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO), o país onde ocorre um desastre de aviação tem a responsabilidade de investigar as causas do mesmo, nomeando para o efeito uma comissão de inquérito. O país de registo da aeronave, segundo a Convenção de Chicago, pela qual se rege a ICAO, tem o direito de nomear observadores junto da comissão de inquérito.
Tal como refere o relatório da comisssão de inquérito ao desastre de Mbuzini, tanto Moçambique, país de registo da aeronave, como a União Soviética, pais de fabrico, foram convidados a participar nas investigações, tendo-lhes sido concedido o “direito de estarem representados nas sessões de audiência, a acarear testemunhas e a apresentar elementos de prova.”2
Moçambique e a União Soviética tomaram parte na elaboração do relatório factual sobre o acidente. Todavia, ambos os países viriam a excluir-se, por iniciativa própria, dos trabalhos da comissão de inquérito, tendo recusado prestar, mesmo que indirectamente, a colaboração pretendida.

Dado que a campanha de desinformação em torno das causas do acidente se ia avolumando mesmo antes de se ter dado início às investigações, a comissão de inquérito, indo ainda mais além do que é estipulado pela ICAO, convidou entidades estrangeiras independentes a tomarem parte nas investigações. Para além de técnicos da Aeronáutica Civil da África do Sul, a comissão de inquérito integrou as seguintes individualidades estrangeiras: Sir Edward Walter Eveleigh, britânico, ex-juiz do Tribunal de Recurso do Reino Unido; Frank Borman, norte-americano, ex-piloto de aviação, engenheiro de aeronáutica, comandante da missão espacial Apolo 8, e presidente do Conselho de Administração da Eastern Airlines; e Geoffrey Wilkinson, britânico, ex-piloto de aviação, engenheiro de aeronáutica, e inspector-chefe da Divisão de Investigações de Acidentes junto do Ministério dos Transportes do Reino Unido.
Presidia a comissão, Cecil Margo, juiz de carreira, e ex-piloto de aviação durante a Segunda Guerra Mundial, e com vasta experiência no campo da investigação de desastres aéreos. Das comissões de inquérito a que Cecil Margo havia presidido, destaca-se a que investigou as causas do desastre em que perdeu a vida o secretário geral das Nações Unidas, Dag Hammarskjold, na Zâmbia em 1961.
Os membros da comissão de inquérito chegaram a conclusões por unanimidade, sendo de salientar que tanto Moçambique como a União Soviética não rejeitaram o grosso do relatório final, para além de terem autenticado o relatório factual o qual contem dados de primordial importância, por si só comprovativos de que o desastre de Mbuzini se deveu a erro humano.

Voo fatídico

De acordo com o relatório da comissão de inquérito, a tripulação do Tupolev, em desrespeito do estatuído pela Aeronáutica Civil de Moçambique, não elaborou um plano de voo. No entanto, da leitura do registo de bordo, conclui-se que o navegador, à partida do aeródromo de Maputo, havia indicado o número errado de passageiros, isto é, um número inferior àquele que de facto transportava a bordo da aernoave.3
Trata-se de um erro grave, se se considerar que a forma como um avião descola assim como o combustível necessário para um determinado voo é calculado em função do peso que a aeronave transporta.
A tripulação informou a torre de controle do aeródromo de Maputo de que a autonomia do voo do Tupolev seria de 4 horas. Na realidade, o avião só dispunha de combustível para 3 horas e 45 minutos.4
Um outro erro, relaciona-se com a indicação, no registo de bordo, de que a Beira seria o aeródromo alternante, na eventualidade da aeronave ter de abortar uma aterragem em Maputo por quaisquer motivos, como por exemplo mau tempo, falta de energia ou situação de insegurança. Todavia, a aeronave não dispunha de combustível
suficiente para chegar à Beira.
Segundo o relatório, “o combustível necessário para um desvio de Maputo para a Beira, incluindo as reservas, seria de 4730 kg. A estimativa de combustível de que o avião dispunha quando se deu o acidente era de 2400 kg. Ou seja, faltavam no mínimo 2200 kg de combustível para o avião poder efectuar o trajecto Maputo-Beira.” Frisa o relatório: “O avião não teria conseguido chegar à Beira, a uma distância de 387 milhas náuticas.”5
A comisssão de inquérito não conseguiu apurar os motivos que teriam levado o comandante da aeronave a não reabastecer o Tupolev presidencial antes de iniciar o voo de regresso de Mbala para Maputo, ou a efectuar uma escala técnica, para esse fim, ao longo do mesmo percurso.
A pessoa que talvez pudesse esclarecer essa dúvida teria sido o mecânico de bordo e que havia sobrevivido ao acidente. Porém, a parte soviética não permitiu que ele comparecesse perante a commissão de inquérito, não obstante ter sido oficialmente solicitado a fazê-lo. E, neste capítulo, seria interessante poder-se também esclarecer em que é que o Sr. Sérgio Vieira, ministro da Segurança à altura do acidente, se baseou para afirmar ser “falso” e “propaganda do apartheid” que o avião não dispunha de combustível suficiente para chegar ao aeroporto alternante.6
É que, os dados recolhidos tanto pela parte moçambicana como pela parte soviética durante a fase preliminar das investigações, e que consta do relatório factual assinado pelos três países comprovam a versão final do relatório da comissão de inquérito relativamente à falta de combustível suficiente para a aeronave poder atingir o aeródromo da Beira.7

As caixas negras

Os registos magnéticos das comunicações mantidas entre a aeronave e a torre de controle do aeródromo de Maputo, referentes aos útlimos 30 minutos do voo, permitiram apurar que a tripulação do Tupolev presidencial havia desrespeitado as regras elememtares da navageção; ignorado instruções dadas pela referida torre; para além de ter revelado uma surpreendente falta de brio profissional.
Convem frisar que a reprodução dos registos magnéticos do Cockpit Voice Recorder - uma das chamadas caixas negras - foi efectuada, por imposição da comissão de inquérito, num país neutro, nomeadamente a Suíça, e na presenca das três partes - África do Sul, Moçambique, e União Soviética. Os registos magnéticos obtidos na Suíça foram posteriormente analisados, tendo a comissão de inquérito retido uma cópia do original. Quanto ao Digital Flight Data Recorder (DFDR), já que havia dois DFDR idênticos, a comissão de inquérito reteve um deles, tendo-se procedido, em Moscovo, à análise dos respectivos registos a partir do segundo DFDR. Isto exclui, à partida, a hipótese dos sul-africanos terem adulterado tais registos. Além do mais, como atrás se referiu, tanto Moçambique como a União Soviética certificaram a
autenticidade dos dados obtidos desses registos, e que constam
do relatório factual.
Assim, apurou-se que a tripulação do Tupolev não havia ajustado o altímetro de bordo de acordo com as coordenadas (QNH) fornecidas pela torre de controle do aeródromo de Maputo. Na prática, isto traduziu-se na leitura errada da altitude, levando a tripulação a assumir que a aeronave seguia a uma altitude muito mais elevada do que aquela em que na verdade se encontrava.8
A tripulação do Tupolev ignorou ainda as instruções dadas pelo operador de serviço na referida torre de controle, de acordo com as quais a aeronave deveria permanecer a 3000 pés de altitude até que se avistassem as luzes da pista de aterragem. Todavia, o avião desceu abaixo dessa altitude sem que se pudessem observar as luzes da pista, nem tão pouco as da cidade de Maputo, não obstante o facto da voo ocorrer de noite e com alguma nebulosidade. 9 Tal descida foi efectuada sem que a tripulação tivesse notificado a torre de controle, embora as instruções desta
para o operador de rádio (OR) de bordo fossem explícitas, conforme se pode ler no seguinte excerto da transcrição do CVR (a hora é TMG, e a aeronave é identificada pelo respectivo número de matrícula, isto é, C9-CAA, sendo a torre de controle designada por TC):

1902:02 TC: C9-CAA. Informe quando avistar as luzes da pista
ou então quando atingir os 3000 pés.
1902:16 OR: Recebido. O C9-CAA vai agora descer dos 3500 pés
para os 3000 pés. A próxima informação será prestada ao se avistarem as luzes da pista.
1902:28 TC: Recebido.10

Lê-se, a páginas 93 e 94 do relatório, que a transcrição obtida a partir do gravador de comunicações da cabine (o já citado CVR) “foi notável pelo facto da lista de tópicos a verificar dentro da cabine de voo não ter sido uma única vez conferida, nem tão pouco os aparelhos de ajuda à navegação identificados.” E acrescenta: “O Manual de Voo da URSS para este tipo de aeronave, ao abrigo do qual o C9-CAA devia ter funcionado, é preciso quanto
à atribuição de tarefas aos vários membros da tripulação, para além de incluir, de forma detalhada, o tipo de perguntas e respostas constante da lista de tópicos a verificar, as quais fazem parte dos procedimentos internacionais de navegação aérea. O não cumprimento, por parte da tripulação, das regras estabelecidas, reflectiu negativamente na cabine:

1902:02
TC: C9-CAA. Informe quando avistar as luzes da pista
ou então quando atingir os 3000 pés.
1902:16
OR: Recebido. O C9-CAA vai agora descer dos 3500 pés
para os 3000 pés. A próxima informação será prestada ao
se avistarem as luzes da pista.
1902:28
TC: Recebido.10

Lê-se, a páginas 93 e 94 do relatório, que a transcrição obtida a partir do gravador de comunicações da cabine (o já citado CVR) “foi notável pelo facto da lista de tópicos a verificar dentro da cabine de voo não ter sido uma única vez conferida, nem tão pouco os aparelhos de ajuda à navegação identificados.” E acrescenta: “O Manual de Voo da URSS para este tipo de aeronave, ao abrigo do qual o C9-CAA devia ter funcionado, é preciso quanto à atribuição de tarefas aos vários membros da tripulação, para além de incluir, de forma detalhada, o tipo de perguntas e respostas constante da lista de tópicos a verificar, as quais fazem parte dos procedimentos internacionais de navegação aérea.
O não cumprimento, por parte da tripulação, das regras estabelecidas, reflectiu negativamente na capacidade do comandante da aeronave em manter, dentro da cabine de voo, um nível adequado de disciplina.”
Efectivamente, em vez de cumprir com as referidas tarefas nos derradeiros momentos do voo, a tripulação ocupava-se de outras coisas. Por exemplo, o co-piloto escutava, através do rádio de Alta-Frequência de bordo, o noticiário e um programa musical transmitidos por uma estação emissora de língua russa. O mecânico de bordo, em conversa com os restantes membros da tripulação, referia-se à hospedeira moçambicana de bordo em termos ofensivos à dignidade de uma mulher, a ponto de a parte soviética ter encarecidamente solicitado à comissão de inquérito que omitisse da transcrição do CVR as palavras obscenas por ele proferidas. O comandante da aeronave mantinha uma conversa amena com os restantes membros da tripulação, contando peripécias de voos anteriores para Lusaka, e um outro de Milão para Varsóvia, durante os quais as aeronaves não haviam sido reabastecidas, o que causara alarme e apreensão entre alguns dos membros das respectivas tripulações.
A sete minutos da hora prevista de aterragem, o comandante e o mecânico de bordo estão mais preocupados em encomendar cervejas e Coca-Cola do bar da aeronave do que a cumprir com os regulamentos atinentes à fase deaterragem. O seguinte excerto extraído do CVR é disso elucidativo:

1912:48
Mecânico: Para aqui, três cervejas e uma coca.
Comandante: São três cervejas, não é?
Mecânico:Sim, e uma coca para cada um.
Comandante: Muito bem.

E quando faltavam cinco minutos para a aterragem, as cervejas e as Coca-Colas voltam a ser tema de conversa na cabine do avião:

1915:30
Mecânico: Duas para cada um, ou quê?
Comandante: Não, três cervejas e uma coca para cada
um. Trouxeram o mesmo para cada um de nós?
1916:37
Mecânico: Três cervejas e uma coca para cada um.
1916:43
Comandante: Óptimo.

O alegado rádio-ajuda falso

A cerca de 10 minutos da hora prevista para a aterragem, o Tupolev efectuou uma viragem prematura à direita. Numa tentativa de estabelecer as razões dessa viragem, a comissão de inquérito concluiu “não haver qualquer fundamento na teoria de que a aeronave teria sido desviadada sua rota por meio de um rádio-ajuda falso (VOR) ou qualquer outro aparelho.”11
Ficou provado que o rádio-ajuda do aeródromo de Maputo funcionou normalmente antes, durante e depois da queda do Tupolev. Os registos do DFDR não indicaram qualquer interferência vinda de outro rádio-ajuda falso de idêntica frequência à do rádio-ajuda do aeródromo de Maputo, mas de potência superior, conforme foi alegado.
Aliás, o voo TM103 das LAM, proveniente da Beira, seguia em direcção ao aeródromo de Maputo aproximadamente à mesma hora em que o Tupolev se encontrava no espaço aéreo moçambicano, tendo entrado no raio de acção do rádio-ajuda de Maputo e captado o respectivo sinal. O relatório salienta que além disso o voo TM103 não se desviou da sua rota, como seria de esperar, se de facto existisse o tal rádio-ajuda falso.
A comissão de inquérito concluiu que o mais provável foi que a tripulação do Tupolev teria, inadvertidamente, sintonizado o rádio-ajuda do aeródromo de Matsapha, na Suazilândia, cuja frequência de 112,3 Mhz é, de facto, bastante próxima da de Maputo, ou seja, 112,7 Mhz.
Dado que a região de Mbuzini se situa no enfiamento em direcção ao aeródromo de Matsapha, a commissão de inquérito recorreu a um simulador de voo Boeing-737 para se certificar de que de facto a viragem prematura à direita teria sido resultante do sinal emitido pelo rádio-ajuda instalado no aeroporto suázi. Os resultados obtidos compro-varam isso mesmo. No entanto, a parte moçambicana rejeitou o recurso a um simulador de voo, alegando que “o simulador B-737 não era um substituto adequado.”12
A parte soviética alegou que o Tupolev não poderia ter captado o sinal do rádio-ajuda de Matsapha devido a obstruções provocadas pela montanha de Bembegazi.
Em face disso, a comissão de inquérito, com a anuência da Aeronáutica Civil da Suazilândia, solicitou à parte moçambicana que se efectuasse um voo experimental, seguindo o mesmo trajecto do
Tupolev, a fim de se tirarem as dúvidas. Moçambique não autorizou o voo.
Porém, como refere o jornalista Robert Kirby do Mail & Guardian, por sinal piloto-aviador, “dois aviões Mirage da Força Aérea Sul-Africana efectuaram um voo não oficial de modo a poderem testar o sinal que a parte soviética alegava não ter sido possível ao Tupolev captar. Os dois Mirage informaram que o sinal havia funcionado com precisão à mesma altitude utilizada pelo Tupolev. Mais tarde,
dois cargueiros pertencentes a duas companhias de aviação
independentes confirmaram o mesmo.”13
De salientar que o rádio-ajuda de Matsapha havia sidoinstalado recen- temente, estando a funcioanr em regime experimental, tendo a Aeronáutica Civil da Suazilândia emitido um Aviso à Navegação (NOTAM) nesse sentido.
Em declarações à comissão de inquérito, a parte moçambicana indicou que “provavelmente, a tripulação do Tupolve-134A não tinha conhecimento do NOTAM”. Todavia, a comissão de inquérito lembrou à parte moçambicana que a mesma aeronave, por sinal transportando Samora Machel a bordo, havia aterrado em Matsapha no decurso de uma visita de Estado que o então presidente moçambicano efectuara à Suazilândia a 25 e Abril de 1986.
A comissão de inquérito sublinhou que “a única função de um rádio-ajuda VOR é indicar o azimute, isto é, a direcção no plano horizontal. O VOR não é um guia para se efectuar uma descida e não faz com que uma aeronave desça. Apenas um ILS [Sistema de Aterragem por Instrumentos] poderia fornecer tal ajuda, mas não existe sequer a mínima indicação de um ILS falso.” E o relatório acrescenta:
“De qualquer modo, tal como está claramente indicado na transcrição do CVR, não estava a serrecebido qualquer sinal ILS isto porque a aeronave encontrava-se fora do raio de acção do ILS de Maputo.”14
A haver um VOR falso, diz ainda o relatório, “a trajectória da aeronave teria sido curvilínea. Todavia, a reconstituição da trajectória de voo do C9-CAA, efectuada em Moscovo, demonstra
que a mesma foi em linha recta.”15
Para além do mais, demonstra a comissão de inquérito com base na reprodução dos registos magnéticos do voo, a aeoronave, após ter efectuado a viragem prematura à direita, não estava a ser guiada por nenhum rádio-ajuda, mas sim pelo sistema Doppler.
E para que não restassem quaisquer outras dúvidas quanto à operacionalidade do rádio-ajuda do aeródromo de Maputo, a comissão de inquérito apurou, junto do técnico responsável pelos instrumentos de navegação do referido aeródromo, que “o VOR funcionou normalmente durante o seu turno de serviço, que era das 20h00 (horade Maputo, ou seja, antes do acidente) do dia 19 de
Outubro até às 06h00 do dia seguinte.” O mesmo técnico referiu que “havia um monitor na torre de controle que daria um sinal de alarme caso o VOR tivesse sido desligado,”16 o que não aconteceu.

As causas do acidente

Tendo demonstrado cientificamente a não existência de um rádio-ajuda falso, e da irrelevância do mesmo na consumação do acidente, a comissão de inquérito responsabilizou a tripulação do Tupolev C9-CAA pelo desastre de Mbuzini. Tal como vem referido na página 109 do relatório: ”A causa do acidente foi devida ao facto da tripulação não ter cumprido com os requisitos para uma descida por instrumentos, mas continuou a descer ao abrigo das regras de um voo visual, no escuro e com alguma nebulosidade, isto é, sem ter contacto visual com o solo, abaixo da altitude minimamente segura e da altitude mínima que lhe havia sido atribuída, para além de ter ignorado o sinal de alarme dado pelo GPWS.” [Ground Proximity Warning System – Sistema de Aviso de Proximidade do Solo].
Da leitura do seguinte excerto obtido da transcrição do VCR fica-se com uma ideia mais precisa daquilo que se passou. Ressalta, aliás, desse excerto, que entre os membros da tripulação reina a confusao. Tanto o comandante como o co-piloto assumem, erradamente, que há um corte de energia à cidade de Maputo e ao aeroporto pois não conseguem detectar as luzes da pista. Isto, não obstante o facto da torre de controle ter repetidas vezes dado autorização à aeronave para aterrar, atribuindo-lhe até o número da pista a utilizar, o que por si só significava a operacionalidade do aeródromo, incluindo a respectiva iluminação. No entanto, a tripulação insiste em saber sehá ou não energia, pois não consegue localizar nenhum vestígio do aeroporto.

*Moçambicano, tem-se dedicado à investigação da história contemporânea de Moçambique. Publicou recentemente um estudo sobre as origens da guerra civil no seu país, com o título, Mozambique - the tortuous road to democracy (Palgrave/Macmillan, Londres e Nova Iorque, 2000). O presente artigo baseia-se no manuscrito do seu próximo livro intitulado, Mbuzini, a 35ª vítima, a ser publicado com a chancela Brado Africano, de Maputo.

NOTAS

1. O Ilanga, jornal de língua zulu que se publica na África do Sul, foi o primeiro órgão de informação a dar esta notícia na sua edição de 27-29 de Outubro de 1986. O Sowetan Sunday World repetiria a alegação a 19 de Janeiro e novamente a 2 de Fevereiro de 2003.
2. ”Report of the Board of Inquiry into the Accident to Tupolev 134A-3 aircraft C9-CAA on 19th October 1986 - Pretoria, 2 de Julho de 1987 (ISBN 0621112399).”
Este o título original do relatório da comissão de inquérito a seguir citado como “Relatório”. Trata-se de um documento de 222 páginas, subdivido em duas partes. A primeira parte consiste do relatório propriamente dito, e a segunda dos comentários feitos ao mesmo pelas delegações de Moçambique e da União Soviética, assim como das respostas por parte da comissão de inquérito.

NOTAS

2. Relatório, op. cit., p. 10.
3. Idem, p. 106.
4. Idem, pp. 92, 121.
5. Idem, p. 35.
6. Sérgio Vieira, “Sobre a morte de um herói”, Domingo, 2
de Fevereiro de 2003, p. 8.
7. Relatório, op. cit., p. 58.
8. Idem, p. 50.
9. Idem, p. 89.
10. Idem, p. 104.
11. Idem, p. 109.
12. Idem, II Parte, p. 2.
13. Robert Kirby, “Don’t be led astray by the ‘decoy beacon’ theory”, Electronic Mail & Guardian, 19 de Junho 1998.
14. Relatório, op. cit., p. 114.
15. Idem, p. 115.
16. Idem, p. 116.
17. Idem, pp. 90-91.
18. Idem, p. 91.

TUPOLEV 134-A – Um historial negro

O primeiro Tupolev-134A foi construído em 1962, entrando ao serviço da aviação comercial em Setembro de 1967. Até 2002, haviam ocorrido 51 acidentes com aviões deste tipo de um total de 853 fabricados. Em 1986, ano do desastre de Mbuzini, ocorreram cinco acidentes. No acidente de 22 de Junho desse ano, a aereonave preparava-se para levantar voo, tendo a descolagem sido abortada nos últimos instantes. O segundo acidente ocorreu a 2 de Julho após ter-se verificado um incêndio no porão da bagagem. O terceiro acidente foi o deMbuzini, tendo o quarto ocorrido no dia seguinte, ou seja, a 20 de Outubro, igualmente no momento da aterragem. O quinto e último desastre de 1986 ocorreu também no momento da aterragem, tendo a tripulação feito a aproximação à pista errada. Este último acidente ocorreu no aeroporto de Berlim, e os restantes, excepto o de 19 de Outubro, em diversos aeródromos da União Soviética.

FONTE: Plane Crash Information
http://www.planecrashinfo.com

quinta-feira, 29 de abril de 2010

E as provas, Sra. Embaixadora?

Marcia Bernicap, Embaixadora dos Estados Unidos da América para a Guiné-Bissau com residência em Dakar, Senegal, está hoje em Bissau para contactos com as autoridades.
De manhã, reuniu-se na Primatura com a ministra da Presidência, Adiatu Nandigna, e, depois, fez uma visita ao Presidente da República, Malam Bacai Sanha.

Os casos Bubo Na Tchuto e Papa Camará estiveram em cima da mesa. De acordo com a diplomata norte-americana, os EUA fizeram as acusações de envolvimento no narcotráfico "depois de vários anos de investigações". E garantiu que "outras pessoas e empresas da sub-região serão brevemente na lista" do Departamento de Estado do Tesouro dos EUA.

Não se sabe se a embaixadora trouxe provas que incriminem os dois altos oficiais das forças armadas Da Guiné-Bissau. E é isso, sobretudo, que se espera da parte de quem acusa... AAS

terça-feira, 27 de abril de 2010

Cartoon para...dançar!

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Por: Fernando Júlio

segunda-feira, 26 de abril de 2010

domingo, 25 de abril de 2010

Última hora: 22 mortos, é o balanço do acidente em Quebo

Em declarações ao DC, o Director-Geral de Viação Hélder Romano Vieira disse que o condutor do mercedes 'gri-gri' "não tinha carta de condução e que tinha levado amigos para o fim-de-semana". O condutor do camião também encontrou a morte. AAS

Domingo sangrento

Mais de 20 mortos, é o balanço de um brutal acidente de viação, hoje, na localidade do Quebo (terra onde nasci). Um choque entre uma carrinha de passageiros e um camião. AAS

Filho, serás um adulador

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Uma vez, aqui mesmo no blogue, escrevi que a caneta pode mais que a espada. E acrescentei: entretanto convém ter a espada à mão, não vá a caneta falhar... Continuo a ter razão. E também já escrevi, aqui, que a nossa luta neste País, a minha luta pelo menos, é contra os instintos. E porquê? Porque quando pensamos que pior é impossível, logo surge mais uma notícia hedionda. E a última, normalmente, ultrapassa largamente a imaginação do comum dos mortais.

Mas está claro que os guineenses não querem um País que possam exibir com um orgulho indisfarçável. Os guineenses cansaram-se, perderam forças e acenam agora pedindo apenas um País sem conflitos nem derramamento de sangue. E são constantemente ignorados. Não ignorem as vozes, falem com elas – é o meu pedido.

Um dia numa mesa de café, alguém dizia-me que «o cenário voltou a mudar mas as moscas são as mesmas». Olhei-o com alguma compaixão, devo dizer. Qual cenário, que moscas?, perguntei. Mas depois, pensando melhor, dei-lhe razão. Este País parece realmente uma peça de teatro.

Reparem.

Aqui, que tem poder tem normalmente um sentimento de grandiosidade ou de auto-importância ainda que na vida real confunda, não raras vezes, uma caneta com uma catana. Chegam a exagerar na descrição das suas realizações, a ponto de mentirem. Ou seja, estão firmemente convencidos que são únicos e especiais. Numa frase: precisam de admiração excessiva e carecem de adulação, atenção e afirmação.

Entretanto, eu não estou. Nem para uma nem para outra coisa. AAS

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Queremos tradutor para o texto num bom francês. Daqueles que custam 2 milhões de fcfa já seria bem bom...

"Aly

Mais uma do JOMAV! Diz que não tem 2.500.000 de fcfa para os fundos da Procuradoria Geral da Republica, mas tem-nos para pagar o seu curso de francês em Dakar com dinheiro do Estado, quando uma hora desse mesmo curso, aqui, em Bissau não custaria nem 1.000 fcfa...

A prova de que foi pago pelo Estado está no carimo "PAGO", do Tesouro, no dia 5 de janeiro de 2010.

Abraço do Zé da Guiné
"

NOTA: Eu nem digo nada, pá! tchin-tchin. AAS

Nô Pintcha!

Hoje, aconteceu-me uma coisa estranha. Estacionei o meu carro entre uma alfaiataria e a casa de certa pessoa, e entrei para trabalhar. Dez minutos depois: «Aly, querem que retire o seu carro...». Ai, ai... fui à rua e já lá estava meio-mundo, pronto para a escandaleira.

«Eu não estou a empatar nada, e, assim sendo, não retiro carro nenhum». E virei as costas. O séquito todo da senhora atrás de mim, e eu nem água vai nem água vem. Já queriam passar à agressão e tudo... N’pega nha caminho. Insistiam para eu retirar o carro; e eu não retirava carro nenhum! Isso é o que mais faltava. E expliquei-lhes:

A senhora em causa tem 2 carros a cair de podre na sua porta e, assim, ocupa ilegalmente dois lugares de estacionamento. Um é carro do Estado (?!) e estava à venda há um par de dias, mas desde que apareceu no ditadura do consenso...retiraram a palavra vende-se. Deviam ter lá posto «devolver ao Estado», mas ainda não vi nada. E tem mais um, todo podre e sujo).

Mas adiante. Tanto insistiram que acabei por arrumar a minha ferramenta de trabalho e, quando fui para sair...já não podia. E porquê? Porque vários lacaios se meteram entre a minha pessoa e o automóvel.

Pensei: hum, isto está a tomar contornos que eu não desejo...e antes mesmo de completar o meu raciocínio, aparecem-me à frente dois polícias. Cada um mais velho que o outro – diga-se de passagem.

Conversa vai, conversa vem, chamei um deles à parte e sussurrei-lhe ao ouvido. O sussurro deve tê-lo feito acordar e disse-me: «Amigo, bom já pode retirar o carro, acabaram-se os problemas» e mais um conjunto de graxas de sapato azul, preto, branco, incolor eu sei lá que mais...

Ainda assim, não me contive. Peguei então no meu telefone e fiz uma chamada apenas. E sentei-me descontraídamente a beber uma Super Bock bem fresca fresca pelo gargalo, à espera do Super Rock.... Soube-me mesmo bem – mas sabia-me ainda mais o que estava para vir.

E chegaram... um carro, três homens. O resto, não conto. Por pudor. Não, não houve mortos nem feridos. Em contrapartida, houve uma lavagenzinha. As verdades, como sabem, são para se dizer. E foram bem ditas, até! Aquele macaco que dava continência...kila ka tem mas!!!

Para ser franco, estou a ficar farto. As pessoas estavam habituadas a fazer tudo o que lhes desse na real gana, mas desde que se viram escarrapachadas na internet eu tornei-me como que num alvo a abater. Vão abater vacas ao matadouro. Aqui, ninguém faz a festa, e, se fizer, terá com que se preocupar para toda a vida. Uma longa e lamentável vida, diga-se. AAS

Parece o 1º de abril. Mas não é... Est ce que c'est vraie, monsieur le ministre?

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Quem pagou mesmo? Hum... AAS

Alô, Lisboa

"Meu caro irmão, Aly Silva


Vim solicitar os seus bons ofícios, para que faça chegar esta denúncia de procedimentos lamentáveis a quem de direito em Bissau.

É que, a Embaixada da Guiné-Bissau em Lisboa, numa lógica de negociatas, estão desde 2008 a renovar passaportes dos cidadãos Guineenses para 1 ano contra os 3 anos que diz a lei, a pretexto de que vai haver novo passaporte biométrico - que nunca mais chega.

Só que esse procedimento tem custos desnecessários para nós, isto é, nota-se que encurtaram prazos para que, quantos mais tivermos necessidade de renovar mais vamos pagar. Isto é, somos obrigados todos anos a renovar o passaporte...

Por isso peço-te que faças chegar essa informação às autoridades nacionais no sentido de pôr cobro a esta prática contrária à lei.

Que o passaporte continue a ser renovado por 3 anos enquanto não chegarem os passaportes biométricos.

Com os meus melhores cumprimentos,

Luis Pinho
"

NOTA: Luis, protestem! Façam manifestações em frente à embaixada e, sobretudo, chamem os bois pelos nomes... AAS

Apresento-vos... Ele!

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AAS.

Uma obra JOMAV, pois claro

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FOTO: AAS

O ministro das Finanças diz que não há dinheiro e coisa e tal. Mas há dinheiro para fazer obras em prédios paticulares - como a que ilustra a fotografia, e que é, nem mais nem menos do que um prédio do...JOMAV! E o senhor ministro das Finanças, o que diz mesmo? Ai, não diz nada? Ah, n´bom... AAS

JOMAV na rua... password's na cadeia

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Ministro das Finanças escreveu à Procuradoria (claro que apanhamos a carta, pois a nossa rede é fina, nada passa. Nem bagre nem djafal, nem bentaninha...).

Bom, o JOMAV escreveu porque não tem como pagar os salários de abril...porque as pessoas que têm as passwords estão detidas! E esta, hein?

Nas numa de ajudar - apenas de ajudar - ditadura do consenso lá mexeu os cordelinhos e encontrou a password (uma única, usada pelos três processadores...). Cá está ela: n'sta na kalabus... AAS

Ah, pois...queriam o nome do novo Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas?...

... Então, perguntem a um aluno do infantário 'Nhima Sanha'... AAS

terça-feira, 20 de abril de 2010

Sobre "passos legais"

Hoje, mais abertamente, o 1º Ministro Carlos Gomes Junior falou à comunicação social presente nas futuras instalações do Palácio do Governo (eu, ironicamente, ou não, continuo a preferir - e a proferir - "a maior casa de banho do mundo", mas, enfim, gostos não se discutem).
E falou da nomeação de um novo CEMGFA, que era preciso seguir os "passos legais". Ora muito bem! Falemos então dos passos legais, nós que andamos perdidos de tanto andar às voltas.

Quem indicou o nome de Zamora para CEMGFA? Os mesmos que, depois, assumiras as chefias do estado-maoor dos três ramos das FA. Isso, que eu saiba, não tem nada de legal - é ilegal. E inconstitucional. Quem o nomeou? E porque o fez? E quem promulgou mesmo? Ah...parece que já estou a entrar na ilegalidade. Ainda me cortam os passos...

Vou dizer-vos isto: se querem de facto mudar este País (não o querer com a cabeça, no sim senhor), têm apenas que fazer isto:

Pôr cada macaco no seu galho. Independente do número de fato-macaco que veste...

P.S. - Sobre o novo CEMGFA, uma coisa apenas: uma criança de um bom infantário dar-vos-ia um nome agora. Já. Eu fá-lo-ei amanhã, com fotografia e tudo. AAS

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Sobre o jornalismo, a verdade ou a falta dela

Ditadura do Consenso, foi o primeiro a divulgar a queixa feita pelo EMGFA contra o almirante Zamora Induta.
Hoje, contudo, a famosa RDP-África trouxe a notícia à baila. Assim:

" (...) A agência France Presse, a Lusa e um blogue guineense publicaram a notícia hoje(...) ". Esqueceram-se foi de mencionar o nome do blogue: ditaduradoconsenso.blogspot.com (que a publicou ontem).

Fica reposta... a verdade, digamos assim. AAS

domingo, 18 de abril de 2010

EXCLUSIVO: A queixa movida pelo EMGFA contra Zamora Induta

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"No passado dia 1 de abril de 2010, um grupo de militares dirigidos por mim, viu-se obrigado a tomar medidas com vista a pôr ordem nas Forças Armadas, porque a forma como a classe estava a ser dirigida, iria culminar num conflito iminente. O Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Vice-Almirante José Zamora Induta, conduzia o Estado-Maior como se fosse a sua propriedade pessoal, tomando sobre si toda a administração da mesma.

Eis as razões que motivaram os militares a destituir o CEMGFA Zamora Induta:

1. As declarações que proferiu na reunião do Conselho de Chefes de Estado Maior, no dia 12 de março de 2010, no Estado-Maior General d'Amura, de que destituiria o Presidente da República através de um golpe de Estado caso este derrubar o Governo do Carlos Gomes Júnior;

2. A célebre carta do coronel Samba Djaló, posta a circular na Internet, em que dá conta das clivagens internas dentro do PAIGC, implicando altos signatários do País, o que constitui flagrante violação do princípio do apartidarismo das Forças Armadas;

3. O uso indevido da instituição militar para fins que lhe são alheios, daí resultando conflito positivo de competências entre as Forças Armadas e outras instituições do Estado;

4. O caso do Contra-Almirante Bubo Natchuto, que não obstante ter reclamado a justiça para o seu caso, o CEMGFA insistiu na sua extradição para o exterior (Gâmbia), violando o preceituado na Constituição da República, sobre a inadmissibilidade da extradição do cidadão para um país terceiro, ou na sua prisão sem julgamento prévio, desafiando outrossim, as instruções do Presidente da República, Comandante em Chefe das Forças Armadas, no sentido de que o Contra-Almirante em causa devesse aguardar em liberdade (na sua residência) o julgamento;

5. A colocação de um forte dispositivo militar junto da sede do Sistema das Nações Unidas em Bissau durante meses a fio;

6. A prisão de oficiais generais e superiores - Brigadeiro-General José Nunes Loa, Coronel Cletche Nghana, Coronel Mário N'bundé, Coronel Lassana Indami, Capitão-Tenente Quintino Na N´Bundé e Capitão-Tenete Sana Nabiram (Mapa) -, respectivamente Conselheiro do CEMGFA, Vice-Chefe do Estado-Maior do Exército, Comandante do Regimento de Artilharia Terrestre, Comandante-Adjunto do Regimento de Fuzileiros e Comandante de Primeiro Destacamento de Fuzileiros, sem qualquer fundamento juridicamente plausível e sem que em nenhum momento se tenha provado a veracidade das acusações sob cuja pendência tais oficiais foram presos, no dia 16 de abril de 2009. Tendo, uma semana depois, o Brigadeiro-General José Nunes Loa morrido de crise cardíaca, em consequência deste acto. O mais recente, é o caso da prisão de duas senhoras, uma esposa do Contra-Almirante Natchuto e outra, do seu colaborador directo;

7. Tentativa de assassinato do Vice-Chefe do Estado Maior General, Chefe de Divisão dos Recursos Humanos e Vice-Chefe da Divisão de Saúde Militar, designadamente Major-General António Indjai, Coronel Carlitos Cunda e Tenente Coronel Tcham na Man, através de um forte dispositivo militar do BAO de guarda do EMGFA comandado pelo Capitão Pansau Intchama, no dia 5 de janeiro de 2010. Consta que no mesmo dia e sob ordens do CEMGFA, foi enviado um pelotão de homens armados à ponta (quinta) do Vice-CEMGFA, numa clara atitude de caça ao homem;

8. Movimentação em bloco dos 6 batalhões que constituem as Zonas Militares do Interior, contra a opinião maioritária das chefias militares que compõem o seu staff e numa altura em que a maior parte dos efectivos destas unidades se encontra envolvida em teatro de operações junto à fronteira com o Senegal;

9. Existência de depósito de armas na sua residência, com 37 espingardas automáticas AKM, 2 metralhadoras PK e uma bazooka RPG 7, com as respectivas munições;

10. Armação de pessoal de escolta e pelotão de serviço de guarda residencial, na noite de 3 de março a 1 de abril de 2010, tendo de seguida e através do Coronel Samba Djaló, efectuado chamadas telefónicas a certos oficiais militares visados, com o intuito de os abater;

11. Apropriação de dois botes, propriedade das Forças Armadas, preso no teatro de operações no Norte do País, para uso pessoal, estando os mesmos na sua ponta, em Cupedo;

12. Apropriação de duas viaturas - uma cabine dupla e um automóvel Citroen, uma pertencente ao malogrado Inspector-Geral das FA, Brigadeiro-General Loa na Fassa e a segunda, posta ao serviço doméstico, numa altura em que muitos oficiais superiores e outras divisões das Forças Armadas não possuem viaturas para serviço;

13. Apropriação da viatura privada do malogrado Deputado da Nação, Senhor Hélder Magno Proença, e que neste momento se encontra na sua quinta para serviço privado de transporte dos seus trabalhadores;

14. Dos 17.000.000,00 Xof que o Governo disponibiliza quinzenalmente para a alimentação das FA, o CEMGFA, Vice-Almirante Zamora Induta, subtraia 7.000.000,00 Xof para fins pessoais e entrega tão somente 10.000.000,00 Xof, o que significa que mensalmente o CEMGFA apropria-se, indevidamente, de 14 milhões Xof;

15. Desvios de dinheiro inerente ao Custo de Estabilidade, na ordem dos 135 milhões de Xof (45 milhões durante 3 meses);

16. Contraídas dívidas no valor de 19 milhões Xof, relativo a mobiliário, ao senhor Veloso, para seu uso pessoal;

17. Custo de operações do barco Lamu Star, no valor de 17.000.000,00 Xof, apreendido no dia 8 de abril de 2009, em Bubaque e trazido para Bissau no dia 9, com grande quantidade de drogas a bordo. Desconhece-se o paradeiro das drogas que se encontravam nesse navio;

18. O destino do dinheiro levantado no EMG da Armada do fundo de 5% do FISCAP, afecto à Marinha;

19. Concentração na sua pessoa de todos os poderes inerentes à Logística, Recursos Humanos e às Operações, deixando essas divisões sem tarefas que pelas suas atribuições lhes competem. À guisa de exemplo: distribuição pessoal de senhas de combustível, dinheiro de alimentação, escolha de pessoal para bolsas de estudo, para estágios e conferências. Outro exemplo: no dia 21 de setembro de 2009, foram enviados para formação o 1º Sargento Filipe Nhanca e o 2º Sargento Carlitos Tito Rómulo para cursos de sargento de maquinaria e sargento de manobra, respectivamente, em Portugal, sem conhecimento dos Recursos Humanos;

20. Um desconhecimento total por arte das chefias militares do montante em dinheiro destinado à reparação das infra-estruturas militares (Amura e S. Vicente), pois o CEMGFA gere pessoalmente os fundos, sem prestação de contas ou envolvimento das estruturas competentes do Estado-Maior;

21. Reparação exclusiva do seu gabinete de trabalho e da sua residência com os seus equipamentos mobiliários, em detrimento de outros serviços essenciais ao Estado-Maior, num claro sinal de ostentação de vaidade pessoal. Ao lado do gabinete e residência, rodeado de equipamentos luxuosos, encontram-se outros serviços sem mínimas condições de funcionalidade, a saber: edifícos sem pinturas, sem janelas e sem portas, casernas sem casas de banho, cozinha sem cobertura, etc, etc;

22. Criação de um Departamento Administrativo de gestão do património do EMGFA, sob sua tutela e encarregue de cobrar e recolher todas as receitas inerentes ao arrendamento de imobliários militares e alugueres de camiões cisterna, camiões frigoríficos e guindastes, de bombas de combustíveis e de duas escolas (a de QG e a da Base Aérea). Esse dinheiro é usado a seu bel-prazer, para fins pessoais, sem conhecimento das chefias militares.

23. Sobre o paradeiro de 5.000.000,00 Xof, 5.000 litros de gasóleo e 5.000 litros de gasolina, que foram disponibilizados pelo Governo para o asseguramento dos festejos do Carnaval 2010.

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Punhetas & Disparates, S.A

Alô RDP-África, eu estou também em directo... Vamos às pérolas:

- Eduardo Fernandes: "O Zamora nem sequer foi demitido pelo Presidente da Republica"(?!)...

DC - Sr. Eduardo Fernandes, não sabia essa. Essa é nova, não? O Zamora não devia sequer ser nomeado.

1º: Zamora foi o autor do golpe de Estado que matou várias pessoas neste País, incluindo o CEMGFA e, pasme-se, o próprio Chefe de Estado 'Nino' Vieira. Quem o nomeou nem sequer podia fazê-lo - pois era PR interino. A nossa Constituição nem sequer o permite. Apenas lhe permite mexer no PGR.

- Sr. ministro da Defesa, Aristides Ocante da Silva o que quer dizer com isto? "Na Guiné-Bissau continua a caça ao homem". Voltará ao País depois disto? Estamos disponíveis para explicações... AAS

sábado, 17 de abril de 2010

Ensaio sobre a desordem

Mais a frio, vou debruçar-me sobre algumas declarações que desde quinta-feira os meus ouvidos (sem cera) foram ouvindo. A começar pelas declarações do Secretário Executivo da CPLP e meu bom amigo, Domingos Simões Pereira (DSP).

Não entendo, para vos ser sincero, as declarações preocupantes de DSP sobre o 'estado de saúde' do ex-CEMGFA Zamora Induta, nem a sua desconfiança sobre as informações oficiais que recebeu, em pessoa, durante a semana que esteve na Guiné-Bissau (que se saiba, DSP não pediu para visitar o Zamora, nem enviou um enviado para tal...). "Dizem que (Zamora) está em Mansoa, mas nós (ele, DSP) não sabemos".

Em março de 2009, o CEMGFA Tagmé Na Waie foi assassinado à bomba, e, horas depois o Presidente da República ´Nino' Vieira encontrou a morte na sua residência, da forma mais brutal possível. Bom, até aqui, a história é de todos conhecida. Mas até parece que não foi nada:

- Não foi reposta nenhuma ordem constitucional. Zamora apareceu do nada (ele lá saberá), criou a sua comissãozita dentro do Estado-Maior - à revelia do ministro da Defesa e do Governo - e num ai já controlava tudo e todos, incluindo aviões e o próprio 1º Ministro...

Nem a propósito. Leiam o que um diplomata me disse há dias: "Quando assassinaram o Tagmé e o 'Nino', do meu País e da minha embaixada (em Dakar), não recebi sequer um pedido de informações, o que é deveras estranho, e no dia 1 de abril recebi (de Dakar e do Gabinete de Crise do seu Governo) quase 100 e-mail´s e telefonemas" Escusado será dizer que o meu amigo não respondeu a nenhum!!!

O seu País ainda perguntou, aflita, à sua embaixada em Dakar: "Será que este é mesmo o número do nosso diplomata? E o e-mail, é este?". Que sim, responderam de Dakar. Isto ilustra bem, meus caros, a passividade da Comunidade Internacional.

Uma coisa porém é certa: isto está tão claro como água. Só não vê quem não quer ver. Até um rato cego sabe que há três coisas de que não nos podemos separar: os militares, os militares, os militares. AAS

quinta-feira, 15 de abril de 2010

"Zamora está bem, e recomenda-se"

... Foi o que uma equipa de médicos (millitares e um indigitado pela PGR) escreveu no seu reltório.

- PR reuniu com PM e chefias militares. A crise na tropa pois claro! Bacai pediu aos militares que deixem os colegas refugiados no estrangeiros regressarem ao País; e fez o mesmo pedido ao Governo;

- Nao houve discussão sequer sobre o novo CEMGFA. AAS

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Gostava de morrer assim...atropelado, trucidado, ensanduichado, eu sei lá! Quero e pronto! Venham daí essas mamocas...AAS

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Fonte: Diário de Bissau

Norton de Matos, novo seleccionador de futebol da Guiné-Bissau

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Por: Fernando Júlio

Um anti-vírus para limpar os vícios da selecção de futebol da Guiné-Bissau, rumo ao CAN 2012. AAS

2 em 1

A partir de hoje, e depois do Bilhete de Identidade e do Passaporte, 'digitalizamo-nos' mais: a Guiné-Bissau passa a ter a Carta de Conduçao e Livrete automóvel biométrico.
A cerimónia de lançamento decorreu hoje na presença do Secretário de Estado dos Transportes (matchu garandi!) José Carlos Esteves. Recorde-se que esta foi uma das reivindicações de Portugal, para que os guineenses possam conduzir em Portugal.
Uma empresa eslovena é a responsável pela emissão do novo documento que custará 7.500 Fcfa. O prazo para a substituição é de 6 meses. Depois não digam que 'não o viram no DC'... AAS

terça-feira, 13 de abril de 2010

E por falar em Polícia Judiciária...

Saiba o leitor que, hoje, existem mais 140 elementos na Polícia Judiciária, entre agentes, auxiliares e seguranças, fruto da cooperação com Portugal.

E o problema, meus caros, é mesmo um grande problema: há 6 meses que os mesmos não recebem ordenados, não têm armas - o Governo diz que não tem dinheiro, os militares que não têm (estarão a usá-las em demasia...), e Portugal, que os formou, 'não dá armas à Guiné-Bissau' (gato escaldado...).

Mas há mais. Agora, a PJ começa a perder os seus agentes. Para já, um já foi para o sector privado (é um dentre os 14 licenciados com o curso superior que enveredaram pela PJ).

O mesmo Governo que chama a imprensa - e o mundo - para apresentar 100 milhões de fcfa que os fantasmas da administração pública usavam para enriquecer, é o mesmo Governo que não paga as forças políciais, e é, também este mesmo Governo que faz do combate ao crime organizado o seu cavalo de batalha. Mas també é só até cairem do cavalo... AAS

Faz hoje 2 anos. E sem consequências...

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FOTO: DR

Faz hoje dois anos sobre o homicídio do Agente Liberato da Polícia Judiciária da Guiné-Bissau. Na altura, foi apresentada queixa na Procuradoria-Geral da República contra os Agentes da Polícia de Intervenção Rápida (autores morais e materiais deste crime).

O Procurador e a Ministra da Justiça, da altura, também sabiam quem foram os autores, disseram que as coisas não iriam cair no esquecimento... Entretanto, está esquecido vai para dois anos.

Recorde-se que o agente Liberato estava preso. Os agentes da PIR assaltaram a PJ, (1º assalto), sequestraram-no para o assassinarem e depois deixarem-no na valeta frente à PJ.

AAS

segunda-feira, 12 de abril de 2010

"Basta de bestas"

"Aly

Antes de mais gostaria de me apresentar: sou Ivandro Cardoso, estudante guineense em Marrocos (mestrando em Management de Empresas). Tive a oportunidade de ouvir a sua entrevista concedida à TVI mas já consultava frequentement o seu blogue - e para ser sincero desde o primeiro dia fiquei espantado com a sua coragem e a forma como escreve...

Disseste e bem na entrevista que não podemos continuar a ser governados por pessoas com o mínimo de nada, sim estou inteiramente de acordo consigo. Já estamos fartos de tudo o que tem acontecido na Guiné-Bissau. Basta de BESTAS!

Coragem Grande Aly.
May God Bless You
Ivandro Cardoso
"

Cartoon do dia - FAR(west) Guiné-Bissau

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Por: Fernando Júlio

NOTA: Cá para nós, o Presidente da República bem pode andar de porta em porta a dizer que «o País está estável». Mas não está. E ele sabe. AAS