terça-feira, 29 de setembro de 2009

Morre-se na outra Guiné

- 157, é o numero de mortos patrocinado pelo regime ditatorial do capitao Dadis Camara. O Presidente da Republica Malam Bacai Sanha, estara a esta hora a receber o embaixador da Guiné-Conacry em Bissau (acompanhado do nosso embaixador acreditado em Conacry, Amadeu Idrissa Sow) para saber mais desenvolvimentos sobre este massacre. AAS

O desfile militar que mais ninguém viu

Estas imagens valem mil palavras, mas não me merecem nenhum comentário. AAS

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E mais esta pérola...

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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

TAP voa baixinho

A Transportadora aérea portuguesa (kil mamaduris) avisa que, por motivos que se prendem com a greve dos seus pilotos (cerca de 800), o check-in tem inicio à 1 hora da manha do dia 26, sabado, e prolonga-se até às 3 horas.
A partida? Bom, isso sera quando os deuses (leia-se pilotos) quiserem.
Aos passageiros:
Aos, ramboiada na X-Klub, Plack, Bambu ku Sonhos ka na maina. AAS

36 anos e 1 dia depois, um balanço parado

Admito que nao fui ver a parada militar ontem realizada: estava parado. Completamente. Algures. Contudo, ouvi o discurso do PR Malam Bacai Sanha. "Que o odio, a vingança, a matança fiquem para a historia" - fiquei contente com a rima; "a Guiné-Bissau nao sera mais uma placa giratoria do trafico de droga" - fiquei naturalmente contente.

Eu continuava atento ao transistor, à coca. Nada. Pareceu-me até que quem falava nao estava à frente, esta por tras, coberto desse véu de responsabilidade e solidez moral que fizeram dele Chefe de Estado. Um Chefe de Estado apenas.

E porquê? Porque nao se ouviu do PR nada, nem uma palavra de conforto sobre os assassinatos de 'Nino' Vieira, Tagmé na Waie, Hélder Proença, Baciro Dabo entre outros.

Nao cabe a um Presidente da Republica dizer que acabaram o trafico de drogas, os assassinatos e nao sei que mais. Alias, Bacai Sanha deveria era estar na Assembleia Geral das Naçoes Unidas, dar-se a conhecer aos lideres mundiais, fazer passar a mensagem.

Nao sei o que acham. Mas é aquilo que eu penso. AAS

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Nubdadi

Somos o unico Estado que comemora a sua dependência do mundo. Assim, no pintcha! AAS

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Ah, Maria!

Hoje é quarta-feira, véspera de feriado nacional (para comemorar o quê mesmo?) - e na 'Maria do Rio' volta a acontecer a jantarada do costume e a musica ao vivo:

EMENTA

- Salgadinhos, pao-de-alho, beringelas fritas, camarao c/legumes salteados, salada à 'Maria do Rio', salada de pepino, ovos com tomate, salada russa (sem os russos), empadao de carne, arroz à Maria.

SOBREMESAS

Mousse de chocolate e salame de chocolate.

PREÇO: 5.000 fcfa por pessoa, bebidas nao incluidas.

Bom apetite.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Crime, Castigo & Companhia

Crime:

Em Angola (!) a situaçao materno-infantil existe, e mete do: por cada 1000 nados-vivos, 185 crianças morrem (media de 10 mortos/dia). Por cada três crianças que dao entrada no hospital, uma fica internada;

Castigo:

Em Moçambique, o crime mata 18.000 pessoas por ano: uma média de 50 mortos/dia;

Companhia:

Por ca, a tropa prepara uma hiper-parada militar para comemorar (?) a data de 24 de Setembro. À falta de avioes para o show-off da fumarada, pode ser que se arranje um ou outro djamburere...

BONUS: Queixaram-se-me por 'nao actualizar o blog ha uma semana'. E com toda a razao. N'bom, ali n'riba mas. Bo diskulpan pom.. AAS

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Descubra as diferenças

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AAS

domingo, 13 de setembro de 2009

Cabral... Ka kê? Torossa...

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Completaram-se ontem 85 anos do nascimento de Amilcar Lopes Cabral (12 de Setembro de 1924 – 12 de Setembro de 2009). Sou um cidadão guineense que sente um orgulho desmedido quando falo, sobretudo com estrangeiros, sobre a figura deste mítico chefe guerrilheiro do século XX, e insigne pensador.
Para o livro «O Fazedor de Utopias – Uma Biografia de Amilcar Cabral», do jornalista e antropólogo angolano António Tomás, o escritor e seu conterrâneo José Eduardo Agualusa, escreveu: «Tenho para mim que Amilcar Cabral foi uma das figuras mais interessantes do século XX, uma espécie melhorada (muito melhorada mesmo) de Che Guevara africano».

Agora, apresento-vos a obra-prima da estupidez extrema (humana e partidária!). Nas últimas eleições Legislativas, o PAIGC (‘dunus’ di Cabral) afirmava do alto da sua eterna ignorância, que a casa onde nasceu Amilcar Cabral iria transformar-se «num exemplo para o País, com as obras de reabilitação» que se seguiriam.

Quase dois anos depois (!) das promessas eu, António Aly Silva, fui ontem, dia 12 de Setembro verificar isto mesmo: nada, zero, niente foi feito! Ora vejam lá. AAS

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Memórias dos meus governantes tristes

A minha fortuita posição de cidadão, ainda por cima esclarecido, valeu‐me ter presenciado toda a nossa tragédia enquanto País desde 1980. E que tragédia vivemos! O ambíguo contraponto entre alguma ficção que aqui se tem escrito e a realidade que assistimos no dia‐a‐dia constitui o cerne do blogue Ditadura do Consenso. Coincidência? Nenhuma. Parecenças? Também não. Contentores de parecenças!

A precisão com que descrevo o presente envenenado que foi a nossa vida praticamente desde a independência, há 35 anos, a quase futurologia que teimo em não parar de fazer sobre o destino do nosso povo, e do nosso País; a frieza que o passado não pára de me trazer, surpreendendo‐me sempre, faz de mim um típico sobrevivente. Muito mais até do que aqueles que lutaram nas matas da Guine‐Bissau. Aliás, se repararem bem, as técnicas de sobrevivência do guineense são de tal forma impressionantes que fizeram com que me mantivesse vivo durante todo esse tempo – umas vezes era eu o espancado, outras vezes um espectador impotente.

Durante o fugaz período de dez anos ‐ uma década, portanto – os meus olhos assistiram a muita tragédia. Fotografei inúmeros cadáveres, alguns de amigos, suportando alguns olhares de espanto e outros de desprezo. Ainda hoje, alguns, poucos, arriscam um ou outro comentário. Passam ao lado. No entanto, algumas dessas pessoas esforcaram‐se, e de que maneira, para garantir que a Guine‐Bissau, 35 anos depois de proclamar a sua independência, continuará a ser um dos países mais pobres do mundo. Desanco‐os um dia destes...

E porque tudo o que aqui tenho escrito – e isto é muito importante – está impregnado de um espírito para além do trágico que me toca particularmente, por estar de certa forma muito próximo das coisas que os meus olhos viram, que são, para mim, o que os guineenses conseguem exprimir de mais parecido com o espírito das tragédias que temos presenciado com o credo na boca. Ah, e mesmo assim sem fazer nada. Isso é o que mais faltava! AAS

"Procurador-Geral da Republica foi exonerado"

É a noticia que eu gostava de ouvir nos proximos dias. Quem nao serve a Justiça deve, pura e simplesmente, desaparecer de cena (no bom sentido, bem entendido). AAS

Gaffe revolucionária exige desculpa de Estado!

A tomada de posse do Presidente da República, Malam Bacai Sanha, foi, para além de molhada, trapalhona. Então isto faz-se?
Convidaram o Rei de Marrocos e - pasme-se! - o 'presidente' da República Saaraui Democrática (um grupo de guerrilheiros revolucionários que luta contra Marrocos, esse sim um Estado soberano e reconhecido pelas Nações Unidas, por uma área de areia em pleno deserto).
Esta gaffe (ai, Protocolo de Estado) pode até dar lugar a um incidente diplomático com Marrocos, do qual os nossos ainda revolucionários podem sair bastante chamuscados. A 'quinta coluna' que ladeia o Presidente também não esta isenta de responsabilidades. O resultado de toda esta trapalhada ficou bem à vista de todos: o Rei Mohammed não veio para a posse; o subdito-revolucionário, sim. Ora essa! AAS

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

09.09.09 - Sobre a Vergonha

Pedro Verona Pires. Fixem este nome. O Presidente de Cabo Verde foi o unico chefe de Estado de lingua portuguesa que nos honrou com a sua presença na tomada de posse do Presidente eleito da Republica da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanha.
É inadmissivel que continuemos a tolerar que nos humilhem: enquanto Estado, e enquanto Povo. Para nos lixarem a vida, tudo serve. Para comemorar, nem mandam a sombra... Obrigado, Comandante Pedro Pires. Esta é também uma parte da sua terra. AAS

terça-feira, 8 de setembro de 2009

E depois da posse...

... Volta tudo à estaca zero. Com a "reposiçao da ordem constitucional e democratica" (que merda de frase) ha ja quem faça figas para que tudo corra mal. Isto somos nos, guineenses, nascidos numa terra de guerreiros, ainda que gentios.
Tucidides escreveu que ha três coisas que empurram os homens para a guerra: A honra, o medo e o interesse proprio (resta-nos esta hipotese, infelizmente).

... E agora, Nobas di aonti:

Ontem, fui jantar fora (tenho para mim que quem quer comida caseira...come em casa. Este assunto parece arrumado). Adiante.
Ao jantar, um ministro nosso apresentou-me a outro ministro, nao nosso, dizendo: "Este aqui é um jornalista, dos perigosos". O ministro, aquele que nao é nosso, apertando-me um bacalhau daqueles, retorquiu calmamente: "Mas perigoso porquê? Deixem o homem escrever, desde que diga as verdades". Sorrimos. Eu, os ministros e mais dois convivas.
Depois do jantar, nas despedidas, outra revelaçao do ministro, daquele que nao é o nosso: "Olhe, o Presidente (o dele) nao para de me telefonar desde que cheguei a Bissau (tinha dois Nokia communicator pousados na mesa). E ironizou: "queria saber se estou a ser bem tratado e se nao me puseram hospedado numa casa de palha"...
O nosso ministro saiu-se muito bem (eu nao esperava outra coisa mesmo). Ah, e que bem que se come no restaurante da Residencial Coimbra. AAS

So para chatear

A juntar ao corrupio criado à volta da tomada de posse de Malam Bacai Sanha, so faltou mesmo o directo televisivo. Ah, pois, mas se fosse a paupérrima taça Amilcar Cabral la vinha um carro de exteriores desde Angola. Que falta que faz 'Nino' Vieira numa altura destas... N'punta nam dê!... AAS

Pose para a chuva

Ali esta ele de novo: o tempo nao da descanso a ninguém. A tenda instalada no estadio 24 de Setembro, apesar da carga de agua, esta tao quente, tao quente que os convidados nao param de se socorrer dos convites para se abanarem. Por falar em abanar, Pedro Pires, acabadinho de aterrar e chegado de fresco ao estadio...quase foi 'abananado' numa confusao entre seguranças dum e doutro lado. O comandante até tirou os oculos nao va o diabo tecê-las...

- A Radio Nacional esta a ser uma vergonha a todos os niveis (as outras radios também. Kapli ka tem!). Comentarios despropositados, descabidos, uma asneirada tal. Punheticies do costume...

- Nigéria abanou Bissau com dois senhores avioes! Um trouxe a 'escumalha'; no outro, a S. Exa., o Presidente. AAS

Pubis modja iop!

A posse de Malam Bacai Sanha, hoje, podemos dizer, vai ser de arromba: mais de 80 viaturas, centenas de convidados, e...a chuva! Manga di tchuba, pa laba bo cabeça, pa limpa kil mufunessa ku na durmi ba... Alias, chegou-me via telefone, através do meu enviado especial no estadio 24 de Setembro, que ha mais chapéus de chuva do que propriamente gente. Tchuba tchubi i modja Bissau iop! Bom, mas como sao todos lavradores, djitu tem ku tem. AAS

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Alo, daqui posto de comando

Calma, n'bé, anta bo ka kustuman nan?
Bom, era so para desejar ao meu amigo, e camarada das trincheiras de Gadamael (n'disdja luta!), Sua Excelência quase-quase Presidente da Republica da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanha, boa sorte para amanha e para os outros amanhas que virao.
Ao Governo, que dê ouvidos ao Presidente da Republica; aos militares, que nao metam o bedelho onde nao sao chamados. Nunca. Nunca mais! Tenho dito. AAS

sábado, 5 de setembro de 2009

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A liberdade, essa conquista!

"Ola Aly,

Parabéns pela coragem de escrever sobre os ausentes à força (Liberdades que valem mil prisoes). Coragem porque nos falta a coragem para ouvir verdades, e coragem para ouvir ideias contrarias às nossas. Estou com saudades dos bate-papo com ideias diferentes. Para quando?
Abraço, MR"

- Ola, MR

Obrigado pela coragem também. O café ja esta à espera. Outro abraço. Aly

Lebssimenti di manpassada

De cada vez que ha uma tomada de posse, seja la do que for, é ver todo o mundo a suar que nem um condenado. Ha, de facto, duas coisas que agitam o sangue na veia ou na guerla de qualquer guineense: eleiçoes e tomadas de posse (normalmente, na Guiné-Bissau, as tomadas de posse sao sempre porque um 'desconhecido' matou um conhecido de todos nos).
E a tomada de posse que se seguira - agora, sine die, foi por causa do quê mesmo? Acertaram: foi porque um 'grupo desconhecido' decidiu estragar-me a noite (que falta de respeito do catano!) matando um Presidente da Republica eleito e em funçoes quase nas minhas barbas.
Ah, e a tomada de posse (posse?! Di kê propi?!) la nos fez ferver o sangue: toca a tapar os buracos na lua, perdao, nas estradas por onde os convidados (aposto aqui que nenhum chefe de Estado em pleno gozo das suas faculdades mentais vira para a festa...guerr matchu ta bin lanta na gassali tchon, na kebra ramo, na fertcha pedra...).
E à falta de alcatrao, toca a encher cimento nos buracos. Agora, temos estradas negras com manchas brancas. Tudo isto, num pais cinzento. Pas mal, pas mal. AAS

Nao posse!

Bacai Sanha, eleito Presidente da Republica, ja nao toma posse a 8 de Setembro. Motivo? So o PR tem cerca de 200 convidados, ainda que nem um avo va aparecer. Na Assembleia, nao caberao duzentas almas. No estadio 24 de Setembro, sim, mas ha a questao chuva. Assim, nao posse! AAS

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Liberdades que valem mil prisões*

Aos:

Deputados da Nação,
Procurador-Geral da República,
Presidentes da República (interino e eleito)
Primeiro-Ministro

"Tenho saudade de alguns dos meus amigos. Sinto desmedida saudade de gente que conheço (ainda que politicamente estivéssemos nos antípodas) e com quem partilhava mesas de café entre engraxadores de palmo e meio e todo o tipo de pedintes. Hoje, volvidos cinco meses desde os brutais acontecimentos sem memória nas nossas vidas, as lembranças resumem-se a outras conversas, também em mesas de cafés (nem a propósito: este texto foi escrito hoje, da parte da manhã, numa mesa de café e a meio de uma grande desconcentração).

Fomos talhados para sofrer calados. Um a um. E fomos polidos (Deus lá sabe o que faz...) para conviver depois com a canalha nas mesmas mesas tristes dos cafés de Bissau. Cento e cinquenta dias depois, sentado numa mesa de café, ainda tenho amigos lá longe. Amigos que o tempo levou e que nem uma feliz coincidência ou uma brisa mais fria atreve trazer de volta.

A liberdade destes meus amigos valem-me mil prisões. Em que País vivemos, afinal? Que Justiça almejamos? Onde estão os nosso remorsos? Qual o verde que nos empolga mais? – o da nossa bandeira ou o dos vastos arrozais? Que desconforto é esse que chega ao ponto de nos animar e que festejamos?

Por que é que esses meus amigos não regressam? Quem lhes tolhe tal direito, e com que direito mesmo? Onde está o Procurador-Geral da República? E os Deputados da Nação? Que é feito do Presidente da República interino? E o Presidente eleito, o que lhe apraz dizer? Quem é que nós, guineenses, elegemos nas urnas? Mas que merda de País é este?
"

P.S. - Numa acção/missão espectacular, vou substituir a bandeira que está na Presidência do Conselho de Ministros por uma do Ditadura do Consenso. E porquê? Porque nos foi imposta uma ditadura, e nós, em consenso, acolhemo-la.

(*) Dedico este texto a todos os guineenses que, vitimados pela calúnia, pela brutalidade e pela força das armas, estao longe do seu País. AAS

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Os ameaçados da terra

Tinha escrito ha dias que so voltaria a blogar quando o Procurador-Geral da Republica fosse novamente alvo de ameaças.
Hoje, a intuiçao levou-me a ele. Peço perdao, a eles: Luis Manuel Cabral, PGR, e o deputado acossado pela tropa e pelos Serviços de Informaçoes do Estado, Francisco Conduto de Pina estavam no passeio da agência de viagens do deputado, em amena cavaqueira!
Na desgraça, mesmo os inimigos (ainda que de outrora) se tornam amigos.
Do que falaram? Nao sei, mas presumo que Luis Manuel Cabral tenha ido solidarizar-se com Conduto de Pina.
Esta claro: nada mais pode o PGR garantir ao deputado! E ele sabe-o tao bem quanto eu. AAS

Da Islândia, com calor

"Olá Aly!

Parabéns pelo seu Blogue. Nao podia surgir outro melhor no ambito da informação, da formação e do entretenimento.
Adoro o blogue, é simplesmente espectacular... Tudo nele se aproveita. Soube de si há alguns anos, mas do blogue somente nos últimos sete meses. Muito obrigado.
Já o recomentdei a todos quanto pude. O meu nome é Demba, tambem um compatriota seu, e vivo na Islândia.


Parabéns e muitos anos de vida, nha ermon. Até à proxima.

Demba
"


Muito obrigado, Demba. Um abraço desde Bissau. Aly

Letter from Brussels

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Gostei da tua arte. Revisitei o teu toque e gostei muito. Certamente já levaste muitas no quarto dos quadros... pareces um poço de eterna esperança quando escreves, mas a tua arte trai-te: perdes a esperança. Mesmo colorida, ela não é verde... Se estiveres interessado podes ilustrar um conto meu. Penso que o resultado seria sofisticao e bom... depois, era arranjar quem o publicasse. Um abraço do RG”.



Meu caro RG,

“O convite não me surpreende, vindo de ti. E está aceite. E será um prazer. Conhecemo-nos no tempo em que os animais (ainda) não falavam, somos amigos e ainda companheiros condenados a olhar com compaixão para os condenados da nossa terra. Eu aguardo. E enquanto espero, deixo-te um abraço que é extensível à tua família, Aly.

P.S. – A minha arte é isso mesmo: arte que deveria ser. Aly

Uma profissão “estranha”

Acho a tua profissão deveras estranha. O que achas? Um abraço, D.

D.,

Algumas pessoas acham a (minha) profissão de jornalista “estranha”. E eu fui ao ponto de pensar se devia mudar de profissão. Há um momento na vida de cada um em que paramos e nos perguntamos se o que estamos a fazer tem algum propósito.
Devo a um amigo a minha primeira palestra em Bissau - dada a alunos pré-universitários - para falar da minha experiência enquanto jornalista e acabei a fazer campanha política, o que deixou o professor ‘alarmado’. Isso deu azo a muita gargalhada dentro da sala, mas os alunos colaboraram bastante o que tornou a situação, digamos assim, tolerável.
Depois da aula, e já fora da sala, fui automaticamente cercado por cerca de vinte alunos, o que me assustou bastante. Na aula, tremia que nem uma vara verde. Foi a gota de água que faltava. Ou seja, palestras não são comigo. Nunca me imaginei a dar palestras longas, cansativas, divagantes e esotéricas.
Durante a guerra de 1998/99, fui convidado, na qualidade de jornalista do semanário «O Independente», e de guineense, para ser orador uma conferência na Universidade do Algarve. A coisa até que correu bem uma vez que, no final, o reitor pediu-me que oferecesse a minha comunicação à Universidade, o que fiz com muito prazer e não menos orgulho. E foi ainda enviada uma carta de agradecimento qo jornal, enaltecendo a minha intervenção no campus.
Outra vez fui até abordado para leccionar numa universidade de Bissau. Adorava de facto aquela ideia apaixonante de ensinar, mas rapidamente conclui que, no fundo, eu também não era um académico. Posto isto, deixa-me mas é ir lixar outros. E tu devias fazer o mesmo. AAS

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Nao tenho maos para o blogue...

... E so volto a escrever quando ameaçarem novamente o Procurador-Geral da Republica! Porra para isto - ou seja, para as ameaças. AAS

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Últimas - ou, 'já volto'

- Luis Manuel Cabral, Procurador-Geral da República, foi ameaçado de morte via telefone (já somos muitos...). E comenta tentativa de prisão do deputado Conduto de Pina: "Nenhuma outra entidade (leia-se militares) pode intervir no processo, uma vez que foi entregue ao Ministério Público". Sobre a suposta entrada de militares na Diocese, alerta: "A Santa Sé é um Estado dentro do nosso Estado. Isto pode trazer-nos problemas diplomáticos (com o Estado do Vaticano)";

- Obras do Palácio do Governo (a maior casa de banho do mundo) e do Hospital Militar - estão paradas. Greve de operários pelo aumento do salário por hora de trabalho. Aki a gato (estamos juntos). Justino já cantara "greve pa mindjoria, na cabantada pa no sinta sabi". Houve tiros para o ar e tudo. Ah, valentes. AAS

Perdemos um politico; teremos ganho um... Padre?

Dantes era o edificio das Naçoes Unidas. A estadia era gratuita, a segurança relativa (aqui, nao ha imunidade que salve ninguém).
Hoje, o albergue da moda é a Diocese de Bissau. Por tudo e por nada, ala que Deus esta à espera.

Conduto de Pina foi ilibado pelos tribunais mas a tropa nao se conforma: sabado, la lhe foram incomodar de novo. A soluçao foi, uma vez mais, a Diocese de Bissau, que, por este andar la tera que começar a fazer render as instalaçoes.

O Pais pode ter perdido um politico mas em contrapartida pode ter ganho um...diacono, um padre, eu sei la!!! Alguém cantou em tempos: 'Si mortu di partido panhau, nin bu raiz ka na fica'. AAS