quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

ESCLARECIMENTO

Vários amigos telefonaram-me nesta última semana, com uma única preocupação: «Diz-se que o problema que tiveste no 'Ponto d'Encontro'/PE tem que ver com uma dívida de 1.000.000 (um milhão de francos CFA».

Na verdade, eu tinha um acordo de prestação de serviços, não com o PE porque na altura nem existia ainda, mas com o restaurante A Padeira Africana/PA. O que aconteceu foi que a proprietária da PA resolveu meter-se num problema pessoal, a setenta metros(!) do seu estabelecimento, e ouviu o que não queria.

Quatro dias depois, no restaurante PA, fui confrontado pelo Luís com uma conta 'que devia assinar apenas para que constasse'...E três dias depois disto, recebo uma notificação para me apresentar no Tribunal sectorial da minha área de residência, o que fiz. Ali, foi-me revelado o teor da queixa:

- O restaurante PA reclama uma dívida de 1.000.000 Fcfa (um milhão de francos CFA). Respondo ao Juíz, e na primeira linha, sem sequer me dar ao trabalho de contabilizar os recibos assinados, ou nao, por mim, digo: «É verdade que o signatário (eu) deve a quantia de 1.000.000 Fcfa ao restaurante em causa e nunca o negou».

Posto isto, e sem sequer reclamar um acerto de contas pelos muitos trabalhos por mim efectuados (e nem vou fazê-lo), decidi de uma assentada vender o meu automóvel Toyota Corolla 2.0 D, o que fiz, PAGANDO a dívida reclamada pela PA, no dia em que viajei para Lisboa, o que pode ser confirmado por quem quer que seja junto do Advogado da Padeira Africana, Dr. Dickson.

Caros amigos,

NÃO DEVO UM FRANCO QUE SEJA, NEM À PADEIRA AFRICANA, NEM AO PONTO D'ENCONTRO.

Para evitar mal entendidos e olhares curiosos e/ou de espanto, decidi esclarecer tudo. O resto fica para o Tribunal, onde espero dar cartas. Eu mesmo. Estou tranquilo e ando em Bissau e arredores com a cabeça bem erguida. E espero que vocês também por mim. Muito obrigados.

António Aly Silva

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Demita-se, Sr. Primeiro-Ministro!

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Cidade Sitiada

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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Choque e espanto

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Despertei com as primeiras luzes. Olho, nostálgico, a cidade que se ergue fatigada à minha frente. À minha volta um tumulto de gente, rindo e gritando e gesticulando, movendo fardos, arrastando animais. Há gente à sombra, outros dormem estendidos de bruços na poeira.

E, no entanto, este lugar é o meu país. Um país que me surpreende todos os dias. Inquieta-me menos o meu destino do que esta espera angustiante pela chegada da liberdade. Mas enfim, é realmente verdade que não temos escolha. É verdade que as liberdades e defesa dos direitos cívicos custaram, ao longo dos séculos, vidas e privações.

No século XX, o nosso país viveu quase sempre num misto de ditadura e, depois, de democracia musculada. Uma das piores recordações que guardo desse tempo é a de um país atrofiado em cidadania, vegetando sob o signo da mediocridade; um reino de perseguições, onde uma palavra ou um carimbo da polícia do regime selavam destinos e marcavam vidas.

Com menos de meio século de vida, já passei por muito: a prisão, a tortura, o quebrar dos ossos, a invasão da privacidade, a violação da correspondência, a perseguição da polícia, a censura; enfim, a ausência efectiva das liberdades elementares. Até quando?

António Aly Silva

Não chame a polícia; prepare-se para a guerra!

Estamos praticamente em guerra! Dois assassinatos (cobardes e inqualificáveis) no sábado, assalto à mão armada na segunda-feira...Você vive na Guiné-Bissau? Então este conselho é para si: tenha a espada à mão, não vá a caneta falhar.
Não chame a polícia; elimine o intermediário e prepare-se para a guerra. Numa rua perto de si.

Um filme de terror

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domingo, 14 de dezembro de 2008

Movimento 'P Pires 2010' em andamento

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Cidadão, informa-te e junta-te à causa! Pedro Pires agradece. AAS

UNOGBIS? Uma ova!!!

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O gabinete da UNOGBIS na Guiné-Bissau, é uma vergonha. Alguns relatórios, entretanto nao enviados para a sede da ONU em Nova Yorque teriam sido ESPECULATIVOS, ALARMANTES, DESPROPOSITADOS. É através desses relatórios que entra MUITO, mas MUITO dólar... Algum conselheiro, na UNOGBIS, deve estar a pensar que estamos no Paquistao, onde se expoe - e se vende - armamento no mercado.
Eu, punha a UNOGBIS no olho da rua em 24 horas. A UNOGBIS é uma espécie de sanguessuga neocolonialista... AAS

domingo, 7 de dezembro de 2008

A víbora do Ponto

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O remédio para qualquer víbora, já se sabe, é o 'cortar da cabeça'. É um remédio santo. Eu, Aly Silva, fui levado à polícia pela Víbora do Ponto. E, lá na Polícia Judiciária, quando foi a minha vez de falar, falei:

- Esta senhora é racista, complexada, má, estúpida e tem atitudes discriminatórias para com os Africanos.

PJ - Mas o senhor não pode dizer essas coisas.
Eu - Se não podia, não sei, mas já disse...

E avisei: a partir de hoje, temos uma guerra pessoal, eu e a Víbora do Ponto. E com sorte, sairá da Guiné-Bissau pior do que chegou.

Tenha(m) cuidado, mas muito cuidado. Racista da treta!

António Aly Silva

domingo, 30 de novembro de 2008

Tenham paciência

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Tinha prometido - e cumpri - não postar nada no Ditadura, pois não queria misturar alhos com bugalhos. Com uma imensa minoria de leitores que entende realmente o que aqui se escreve, seria rídiculo não ter pensado assim. Mas é para isso que se estuda, se faz Homem.

30 de Novembro. Dia da saudade, digo eu... e o que é a saudade? É isto mesmo: É amar um passado que ainda não passou, é recusar um presente que nos machuca, é não ver o futuro que nos convida. Correndo o risco do fracasso, das decepções, das desilusões, mas nunca deixando de buscar o amor. Quem não desistir da busca, vencerá.

Não quero escrever por escrever. Estou bloqueado. Completamente. Fases. AAS

sábado, 22 de novembro de 2008

Vinte etnias unidas num Estado

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Por: Lumena Raposo/Diário de Notícias

«Guiné-Bissau. A antiga colónia portuguesa, que proclamou unilateralmente a sua independência em 1973 após ter pegado em armas contra o poder estabelecido, conta com cerca de 1,7 milhões de habitantes dispersos por um universo de mais de 20 etnias que confessam três religiões, duas delas monoteístas

Vinte etnias unidas num Estado
Fulas, mandingas, balantas. São apenas os nomes de algumas - as mais importantes - das mais de 20 etnias que habitam o território da Guiné-Bissau. Palavras, nomes com uma sonoridade muito própria que têm a capacidade de despertar no imaginário de cada um imagens e aromas que só África é capaz de proporcionar.

A origem de tais povos perde-se no tempo. Antes da chegada do europeu, que procurou aculturá-los, já eles migravam e se instalavam em regiões que escolhiam ou onde as circunstâncias os forçavam a ficar - no interior ou no litoral -, adquirindo, em consequência, caracteristicas específicas ou reforçando as que os identificavam. Por exemplo, na Guiné-Bissau de hoje - com os seus cerca de 1,7 milhões de habitantes - ainda é possível distinguir entre os povos do interior e os do litoral. No primeiro caso encontramos, entre outros, mandingas e fulas, em que predomina a religião islâmica - hoje praticada por 45% da população e que sobreviveu à acção dos católicos portugueses. Estas etnias , em especial a dos fulas - organizada desde cedo num estado centralizado -, tiveram um papel específico na luta de libertação nacional, liderada pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) de Amílcar Cabral. No litoral, onde predominam balantas, beafadas e bijagós, a vida era mais fácil, daí a ausência de necessidade de uma organização centralizada. Entre estes impera a religião animista, ainda hoje praticada por 50% da população.

Na passada semana e três décadas após a independência, os 600 mil eleitores do jovem Estado escolheram os seus representantes ao Parlamento. Mandingas? Fulas? Balantas? Sim, mas essencialmente guineenses.
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quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Acordo Ortográfico? Tretas!

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É bastante normal ouvir uma velhinha portuguesa dizer ao marido, quando este se atrasa para o lanche: "A bicha do cacete estava grande... por isso a demora..." No que o velhinho responde: "Não se aborreça, cheguei quase agora também, tinha bicha para tomar pico no cu".

Glossário Português x Brasileiro:
Bicha = Fila
Cacete = Bengala de pão
Pico no cu = Injeção nas nádegas


Um diplomata brasileiro foi convidado para um recepção em Lisboa. Pediu a sua secretária que ligasse para o Ministério dos Negócios Estrangeiros português e perguntasse se precisava ir de smoking. A funcionária respondeu que bastava que "ele fosse de fato", no que a secretária brasileira argumentou: "Sim, ele vai, só queria saber se precisa de smoking". Ao que a portuguesa retorquiu: "Não precisa, basta que ele venha de fato".

Glossário Português x Brasileiro:Fato = Terno completo

Em muitas casas de banho públicos portugueses é comum encontrar o seguinte cartaz: "É favor carregar no autoclismo da retrete".

Glossário Português x Brasileiro:
Carregar = Apertar um botão
Autoclismo = Descarga
Retrete = Vaso sanitário


O esférico passou pelo guarda-valas, mas bateu na moldura e desviou-se para fora do campo. O árbitro declarou pontapé de canto.

Glossário Português x Brasileiro:
Esférico = Bola
Guarda-valas = Goleiro
Moldura = Trave
Pontapé de canto = Escanteio


Ainda estão de acordo? Eu, não! AAS

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Ainda sobre o novo Presidente da Guiné-Bissau(*)

Sou apenas uma leitora que achou por bem proceder a um brevíssimo comentário ao artigo de Jorge Heitor, publicado na edição do passado dia 17, a propósito do novo presidente da Guiné-Bissau, Koumba Yalá Kobde Nhanca. É que o jornalista em questão parece estar incomodado com o facto de os dirigentes africanos possuírem todos nomes "pomposos", que passariam a exibir mal se alcandorassem ao poder. Por infelicidade ou triste coincidência, um dos escolhidos para fazer "parelha" com Koumba Yalá é o já remetido à sua verdadeira importância ex-dirigente Mobutu, de quem o povo do Zaire não guardará gratas recordações.

Ora, o novo presidente da República da Guiné-Bissau já era senhor dos quatro "pomposos" nomes com que hoje se fará anunciar, ao tempo em que éramos colegas na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, algures entre 1979 e 1983, período durante o qual, aliás, o Yalá (foi assim que ele sempre se apresentou; quiçá porque ainda não estaria nos seus planos presidir à sua nação, senão, e de acordo com os "medos" do sr. Jorge Heitor, certamente teria obrigado todos os colegas, inclusive nas conversas de café e nos almoços mais prolongados que compartilhávamos, a tratá-lo já por sr. presidente Koumba Yalá Kobde Nhanca, excelência...) frequentou também Teologia, na Universidade Católica.

Julgaria escusado afirmar que o agora Presidente da Guiné-Bissau me não passou procuração para vir defender a sua genuina "africanidade"; mas, ainda assim, não surge dispicienda a pertinência de sossegar o referido jornalista, não só quanto à simplicidade e à bonomia que caracterizavam o "Yalá", pelo menos ao tempo em que a minha avó ainda era viva e nos preparava "repastos" melhorados, para suavizar os pesadelos gastronómicos em que mergulhávamos quando a cantina nos esperava. Entre os colegas, também aparecia o "senhor presidente"; mas a verdade é que continuamos a contar-lhe quatro nomes de baptismo, modéstia de que não se podem gabar muitas das personagens da nossa praça política (e cultural).

Então, o português, o que ele continua a gostar de encher os formulários com "es" e "des", pese embora a chacota delicada que os nossos britânicos companheiros de Europa continuam a deliciar-se em fazer... Em jeito de conclusão, gostaria de congratular os povos africanos, em geral, e o povo guineense, em particular, por ter a sorte de os profetas da desgraça se encontrarem todos nos países "desenvolvidos", pelo que, assim, podem provar que a esperança na mudança também é um direito que lhes assiste. E como o sr. Jorge Heitor evidencia algum trauma quanto às lutas de libertação, o melhor mesmo é o povo estar preparado para o melhor, que do pior dá Africa lições ao resto do mundo, que a esventrou e exauriu!

Maria Paula A. Nunes dos Santos, Oeiras

(*) Texto publicado no jornal «Público», na altura em que Koumba Yalá era Presidente da República.

domingo, 9 de novembro de 2008

Nô Pintcha!

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Agradeço aos sócios da WEST AFRICA SEGURANÇA e da CONNECTING, o favor de começarem a pensar no assunto destes dois lógotipos. Chega de brincadeiras, até porque TAMBÉM tenho filhos para criar. Estou a lutar pela vida como vocês e NÃO a fazer jogo sujo. António Aly Silva*

(*)António Aly Silva é o autor - com TODAS as provas - dos dois lógotipos.

a) - Os referidos lógotipos foram alterados sem consentimento do seu autor. Desenvolvimentos nos próximos episódios.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O vento mudou de direcção...

...É hoje, é hoje!
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sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Nestes 21 dias, vou precisar muito disto

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Por isso, peço às pessoas de boa vontade (já que está na moda...): Alka Seltzer, por favor. Em doses industriais! AAS

CÓLERA - O que deve fazer / Kê ku bu dibi di fassi

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Os guineenses não são números...

A epidemia de cólera que já infectou mais de 12 mil pessoas e matou 205 na Guiné-Bissau está "fora de controlo", afirmaram hoje, 24 de Outubro, as agências das Nações Unidas. A cólera está "excepcionalmente difícil de controlar e está espalhada por todo o país", sublinhou a porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Vérónique Taveau, durante uma conferência de imprensa em Genebra.

A doença, endémica no país e recorrente todos os anos, "desenvolve-se actualmente sem controlo, com o risco de se propagar aos países vizinhos", preveniu também a porta-voz do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA), Elisabeth Byrs. "A cólera faz mil novos casos por mês", acrescentou a porta-voz, sublinhando que a capital, Bissau, é a mais atingida, com mais de oito mil casos.

Entre 24 de Agosto e 21 de Outubro, a propagação da doença acelerou com 4.871 novos casos, entre os quais 915 crianças com menos de 14 anos, ou seja, 18 por cento do total de doentes, de acordo com dados da UNICEF. A Agência da ONU está particularmente preocupada com o início da campanha eleitoral para as legislativas previstas para 16 de Novembro porque, sublinha a porta-voz, "as grandes multidões favorecem a propagação da doença".

Segundo a UNICEF, a doença propaga-se facilmente pelo país devido a três factores: o mau estado do sistema de saneamento, a falta de acesso à água potável - especialmente na capital, onde 80 por cento da população não tem acesso à água corrente - e um ritual funerário, segundo o qual as famílias bebem a água que serviu para limpar o morto.

A ONU mobilizou mais de um milhão de dólares (cerca de 790 milhões de euros) para aquele país, mas a OCHA "gostava de ter mais financiamento, especialmente para a prevenção" das doenças, indicou a porta-voz daquela organização. Também chamada de "doença das mãos sujas", a cólera é uma infecção intestinal altamente contagiosa, que se manifesta por violentas diarreias e uma forte desidratação. Agência LUSA

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Lições de borla

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A campanha eleitoral está a chegar. Se vai andar por aí a mandar postas de pescada, este manual é para si.

1º - ORGANIZE AS IDEIAS esteja a falar para uma audiência composta por comerciantes do mercado do Bandim ou a declarar guerra a outro país (ao Irão, por exemplo), é melhor organizar-se antes de se apresentar aos microfones. Siga aquele ditado tão velho como o mundo: diga o que lhes vai dizer, diga, e depois diga o que lhes disse. Estabeleça três pontos, fala sobre cada um deles e no final volte a relembrar esses mesmos pontos. É claro que o seu cérebro não conseguirá memorizar tudo mas soará muito desinteressante se estiver a ler pelo papel. Assim, escreva umas "palavras chave" em cábulas;

TREINE, TREINE MUITO tal como os lavadores de carros nas ruas de Bissau, a prática habitual ajuda muito nos discursos. Mas se por acaso não estiver habituado a ser o centro das atenções então o melhor mesmo é treinar. Ponha-se em frente ao espelho ou de uma câmara de vídeo para que simule os gestos, os silêncios, e o seu treino com as ditas cábulas que vai levar;

RESPIRE FUNDO se está nervoso, treine a respiração. Quanto ao tom de voz: mantenha um tom calmo, coloquial, e não use palavras de que não precisa de maneira nenhuma. É que não vai querer parecer palavroso nem pretensioso;

O DISCURSO PROPRIAMENTE DITO é necessário começar bem. Há quem comece com uma piada, mas, é melhor não arriscar, pois uma má piada logo no arranque pode ser um desastre de que ninguém se esquece. Mantenha-se direito enquanto fala, de costas direitas, com as mãos pousadas no púlpito, e não faça muitos gestos bruscos. Faça contacto visual com várias pessoas na plateia, mas evite estar a olhar para a mesma pessoa mais de cinco segundos. Infelizmente, isso pode ser um problema se só uma pessoa for ouvir o seu discurso...AAS

Fernando Gomes, dás-me o número de telefone de Deus?

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Toda a crise tem vocábulos próprios e todo o político diz coisas nessa altura que significam exactamente o seu oposto. O primeiro-ministro, Carlos Correia, e o porta-voz do seu Governo, Fernando Gomes lá vergaram e decidiram reunir com a UNTG e prometeram - «com a ajuda de Deus» - pagar um mês de salário (dos 3 em atraso) aos funcionários do Estado «dentro de dez dias». Veremos. Aposto outro exílio em como dentro de dez dias saber-se-á a verdade. Ou seja, a mentira.

Cá para nós que ninguém nos ouve: eu acho que não estão a dizer a verdade. Melhor: estão a mentir. E porquê? Olha a pergunta, doutor. Desafio o doutor Fernando Gomes a dar-me o número de telefone de Deus. É que tenho umas coisas para Lhe dizer.

Este é um problema crónico, guineense, tão nosso que deviamos registá-lo na OAPI (Organização Africana da Propriedade Intelectual). As nossas ambições enquanto País, são grandes, mas as dificuldades para as concretizar são ainda maiores.

Vivemos uma autêntica repressão. A repressão, é sabido, gera medo e hipocrisia. Ou as duas coisas. As vítimas (os guineenses) dão a impressão de se conformarem mas não é assim: querem apenas furtar-se à regra. Mas entre mouros e judeus algum negro cristão há-de escapar.

AAS

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Verdade inconveniente

O PRID* de hoje é o PCD** de ontem...

* - Partido Republicano para a Independência e Desenvolvimento;
** - Partido da Convergência Democratica.
AAS

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

É nisto que dá

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Vote...

...Mas nunca em branco!

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Quem salva a Cooperação Portuguesa?

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Estimado António,

Tenho seguido a sua actividade jornalística mas, infelizmente, quando estive em Bissau estava você em Portugal. Tinha aí uma grande amiga professora no PASEG e por isso estive aí duas vezes (no ano passado e agora este ano). Tenho um familiar em Dacar e aproveitava para visitar essa minha amiga e conhecer Bissau.Como não sou uma mera turista, gosto de ouvir os comentários das pessoas e tentar sentir o pulso verdadeiro duma cidade, para além do que se vê à primeira vista. Talvez seja deformação profissional! Baseado nas histórias que ouvi da minha amiga daí de Bissau e de outras pessoas, bem como dalguma investigação que fiz em Lisboa, escrevi uma crónica informal. Não quero criticar só por criticar, mas é bom conhecer a opinião de quem por aí passa, sem ser "apanhado" por determinadas "obrigações" que quem aí vive, por vezes sobretudo sendo tuga, tem que respeitar. Fica aqui a crónica, se a quiser publicar. É um testemunho que deve ser feito.

Um abraço e até qualquer dia, talvez em Lisboa e continue a ser este António Aly que nos dá prazer ler,

Joana Otchan-Palha (JOP)


Quem salva a Cooperação Portuguesa?

Quem chega a Bissau, vindo de Dacar, após uma curta estadia, rende-se à evidência do mau estado em que se encontra esta terra e quão infrutíferas tem sido as acções da cooperação portuguesa.

Qualquer português da escassa comunidade que aguentou o conflito de 1998/9 e que por cá ficou, apesar das dificuldades, embora sem ser perito nos assuntos da cooperação, não tem dúvidas que as prioridades da Cooperação Portuguesa deveriam ser a Educação, a Saúde e a Cultura e, mais recentemente, a "guerra ao narcotráfico" que está ainda a criar maiores desigualdades na Guiné-Bissau e a minar o seu futuro. Não hesitam mesmo em falar num "Plano Marshall para a Guiné", com o apoio de Portugal e uma larga cooperação internacional.

A cooperação na área educativa conheceu um boom, no pós-conflito, com a implementação do PASEG - Projecto de Apoio ao Sistema de Ensino da Guiné e com umas dezenas de professores portugueses. Só que, após vários anos, não há aumento gradual do número de professores cooperantes, nem o seu alargamento ao interior. Pelo contrário, por razões impenetráveis da administração portuguesa, este ano, o seu número cairá para metade.

Quantos professores portugueses desempregados, mas com qualificações não abraçariam este projecto? E o apregoado "Fundo de 30 milhões" para apoiar a Língua Portuguesa não poderia ser utilizado nesta Missão? A saúde está mal (e não se recomenda!) na Guiné-Bissau. O surto de cólera, com uma elevada taxa de mortalidade, veio confirmar isto!

É verdade que a Cooperação Portuguesa tem procurado ajudar, mas os tais portugueses que por aqui andam, olhando o exemplo francês no Senegal, lamentam que não haja outro hospital a funcionar com mais meios, com mais médicos, enfermeiros e com medicamentos suficientes para fazer face a todas epidemias e doenças vulgares.

Até as farmácias do país são um espelho sintomático do estado da saúde com um mínimo de medicamentos e um aspecto pouco apelativo. A cultura tem sido o patinho feio da Cooperação Portuguesa, entalado progressivamente entre os ministérios da Educação,
da Cultura e dos Negócios Estrangeiros e na dependência do Instituto Camões há largos anos. A já reformada Presidente Simoneta Afonso nunca visitou o país ou se interessou, realmente, em melhorar a imagem da cultura portuguesa e a sua ligação com o meio artístico e intelectual guineense.

O absurdo da exoneração dos Directores dos Centros em Bissau e em São Tomé (os únicos exonerados nos PALOP's, enquanto em Cabo Verde e em Moçambique os seus homólogos já se encontram em funções há quase 6 e 9 anos) foi justificado com uma necessidade de poupança, mas o aumento do número doutros diplomatas em Bissau, contraria esta justificação. Uma decisão, sem critérios e avaliação prévia, tomada levianamente pelo então Ministro Freitas do Amaral, mas sem qualquer oposição da Presidente do Instituto Camões.

Depois do legado de Mário Matos e Lemos que por aqui andou quase 13 anos (e que conheci na sua curta passagem pelo CENJOR), de Daniel da Silva Perdigão e do último director do Centro Cultural Português, Luís Machado, ainda o CCP conseguiu sobreviver, mas hoje, todos lamentam que não haja praticamente jornais portugueses e que muito do que então se fazia não continue e que não se veja já aquele envolvimento dos jovens, apesar do Centro estar renovado e mais apelativo. Faltam as actividades, falta-lhe a gestão necessária, falta-lhe a alma!

Nem todos os diplomatas são bons gestores e programadores culturais e o facto de permanecerem pouco tempo em Bissau também não ajuda, pois os projectos da área cultural e da cooperação necessitam dum seguimento prolongado e de quem esteja profundamente dentro da sua problemática. Que o diga o Secretário de Estado, João Gomes Cravinho, que não permitiu que se tocasse nos responsáveis pela Cooperação nas diferentes Embaixadas (e que haja uma Conselheira em Luanda há 13 anos!).

Em tempo de férias, o Centro de Língua do Instituto Camões estava, merecidamente, em repouso, mas também me dizem que falta a ligação do mesmo com o Centro Cultural, que são "dois irmãos de costas voltadas um para o outro" e que se perde a interacção de meios. Comenta-se que o Instituto Camões já possui três terrenos em Bissau para construir um Centro Cultural de raiz, um projecto que se arrasta há mais de 10 anos. A continuar assim, o Instituto Camões será a primeira agência imobiliária oficial de Bissau! Talvez seja esta uma forma de obter verbas adicionais em tempo de crise global! Entretanto, sem exonerações, sem polémicas e contratempos, o Centro Cultural Francês lá continua de vento em popa.

Com o narcotráfico a aumentar e os problemas económicos sem melhoria à vista, não deveria a Cooperação Portuguesa motivar parceiros europeus e internacionais para se activar um projecto global de intervenção e ajuda à Guiné-Bissau? Quem aqui vive e até quem por aqui passa, só pode apoiar semelhante ideia. Sobretudo porque surgem, aqui e ali, pequenas intervenções sem conexão entre si.

É na noite de Bissau que se compreende que a própria Embaixada portuguesa na capital vive momentos conturbados, onde a vida pessoal e familiar de muitos funcionários já se mistura e influencia negativamente o desempenho e imagem profissionais, desprestigiando quem representa o Estado português. O próprio Embaixador andará por aqui há demasiado tempo, tendo já obtido o recorde de permanência em Bissau, mas seja pelo cansaço, seja pelas peripécias próprias (conflitos com a comunidade e com guineenses importantes) ou pelas alheias, há muito que parece ter perdido o pulso da sua Embaixada.

Não é de espantar que muitas sejam as vozes que clamam: "Quem salva a Cooperação Portuguesa?"

Joana Otchan-Palha
Jornalista freelancer e gestora de comunicação

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Lembras-te de Bissau?

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“Venham daí esses ossos!”. Cruzamo-nos, por acaso, ia eu a atravessar a rua em direcção à fortaleza da Amura. Abraçamo-nos e depois afastou-se. «Olha só para ti, estás um homem!». Este meu amigo costumava parar no bar «Escondidinho» – que fica na esquina da escola «Marques Palmeirim». Chegava de sorriso aberto, ao final da tarde, depois de grandes caminhadas pelo dia e depois de noites que só ele sabia viver. «Já estou de abalada», dizia isso sem ressentimentos nem temor. Aliás, começou a dizer isto – contaram-me – ia nos quarenta. Durou mais vinte e um; depois, sossegadamente, cerrou as persianas feitas de colmo e foi embora.

E adorava falar de mulheres - «Na minha idade é que era, vocês hoje vão para a cama por tudo e por nada». E tinha razão. Estamos sempre a ir para a cama; de manhã, à tarde e à noite. Pela primeira vez ouvi-o falar da violência da terra, dos ardores do sexo e de gente que se maltratava por um corpo quente de mulher. De gente que ele viu matar por um desvio de águas ou pela aleivosia de um dito mal interpretado. O meu amigo não era de percorrer tabernas, não. O «Escondidinho» enchia-lhe todas as medidas. Bebia o seu tinto, conversava, rindo de riso breve, ouvindo histórias. Histórias como aquelas que ele próprio contava, bem entendido; e contava-as numa toada lenta e despedida de deselegâncias.

Porém, vivia sempre o seu tempo. Nesse encontro, dois anos antes da sua morte, lembramos muitas coisas. Contou-me que enviuvara há cinco anos. A mulher morreu na sala de operações, em pleno parto, por falha de electricidade. «Ninguém contava com aquilo, foi terrível». Fez-se um silêncio sepulcral. Não consegui olhá-lo olhos nos olhos. Senti-me enfraquecido e a desfalecer e culpado por não saber o que dizer para confortá-lo. «Pelo menos ainda temos o ‘Escondidinho’» - disse-lhe. E fomos entrando. Voltou a desabafar. «Os amigos morreram todos; o Ucha, o Fernandinho...O último foi o teu pai» – disse-me. O meu pai morrera nesse ano, mais precisamente.

Fiquei então a saber aquilo que anos a fio me apoquentava: ou seja, o que este meu amigo procurava no «Escondidinho»: Letrado, ele procurava apenas a ração de afecto, os gomos de ternura que, confirmou-mo um dia, só a sua pacata e recôndita aldeia lhe poderia realmente oferecer. Bebíamos, de vez por outra mais do que manda a lei do equilíbrio; e, sobretudo conversávamos muito. E nós ouvíamo-lo muitíssimo. Ele percebera que perdera o tom da época; que a sua época era outra e que sobre essa época outra escrevera tudo quanto tinha de escrever. Porém manteve-se interessado. Lia o que os outros escreviam.

Certa tarde – contou-me o senhor Zé do «Escondidinho» - decidiu que chegara a hora de regressar à sua aldeia. E eles iam lá, vê-lo e conversá-lo. «Bebíamos agora um pouco e devagar». O meu amigo, sábio e antigo, quedava-se agora no batente da porta, no silêncio da tarde, no silêncio de todas as tardes. «Já nem havia palavra, aliás», sussurrou-me o senhor Zé. Depois, confidenciou-me, «ergueu-se e, pausadamente, atravessou os umbrais da eternidade».

António Aly Silva
Jornalista

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O que pensas tu da morte?

Em resposta à pergunta - Pedro! - mais descabida que me foi feita.


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A morte é a única certeza que temos da vida (pagar impostos também, mas isso significaria estar, por ex., no Canadá e não na Guiné-Bissau).
Na verdade, nunca pensei na morte. De resto, quando chega, não deixa dúvidas (às vezes, nem deixa marcas - como um gato). Chega também a ser o acto mais individual da nossa vida (quando nascemos há sempre mais gente ao barulho).

A morte é apenas uma história fechada. De ponto final. Além de que é só nossa. Contudo, não estou preparado para a morte de ninguém, nem para a minha, nem para a dos meus amigos, nem para a dos meus inimigos.

Por que havia eu de perder tempo com minudências? Aliás, se querem mesmo saber, a minha morte, hoje, causaria o maior transtorno. É que já tenho coisas combinadas para Dezembro. E como se isso não bastasse, ainda morria em má companhia... AAS

PS - O "Fuck You" refere-se à morte propriamente dita. AAS

A tristeza não tem fim. A felicidade, sim

Olá, C., aqui está o texto «que não encontravas». O tal texto intemporal. Beijo. Aos guineenses que tiveram em todos os governos (de 1980 aos nossos dias), umas autênticas madrastas. AAS

Os guineenses devem trocar a idade do armário em que se viram enfiados, e ultrapassar a barreira da puberdade.
Ao guineense, é com a alma em sangue que peço: Pense. Reflicta. Confesse. Já nenhum de nós tem idade para andar de skate. É altura de trocar o T-1 por uma casa, reclamar uma camisa no lugar de uma T-shirt e, por tabela, exigir um Estado sério, credível, respeitado. Grande. Crescido. Como nós.
Como é que um país com quase quarenta anos de independência, com tanta história de mestria e valentia; como é que este país que lutou pela sua independência e de mais quatro(!) países atirou a toalha ao chão?
Este país é coisa pouca para alguém? Seja. Mas é nosso. Pode até ser uma coisa pouca, uma luz qualquer. Chega-nos. Deslumbra-nos. A Guiné-Bissau podia, hoje, ser um gigante entre gigantes mas nunca deixaram-na ter essa medida, esse sentido de proporção, a mínima mercê. E, no entanto, a Guiné-Bissau continua brilhante como se a noite não existisse.
Do que nos vale uma Nação sem nacionalismos? Que tal é a sensação desta alma colectiva que se desalma diariamente; esta idade sem qualidade, este tempo dessincronizado com a nossa natureza, onde já não há herói, figura, exemplo, esperança que nos empolgue ou nos sirva?
A Guiné-Bissau é o país do universo africano que fala o português que, proporcionalmente, tem melhores e mais quadros nos organismos internacionais. E se não regressam é porque aqui tudo é muito previsível e, normalmente, o que acontece é quase sempre mau. Verdade seja dita, raras vezes se registam acontecimentos que indiciam novos tempos. Por mais que os ventos soprem.
A Guiné-Bissau tornou-se como aquele mistério que pensamos saber e a perfeição que sabemos não conseguir. É este o mistério perfeito da realidade, o sonho sem amanhã, o desejo sem desperdício, a ideia de uma Nação, o coração de um povo. É verdade. A nossa geração – aquela que não está gasta – tem valores que importa preservar, e uma responsabilidade de proporções bíblicas, que é a de criar uma sociedade em que não se registe a exploração do homem pelo homem ou humilhantes discriminações em relação à mulher. A realidade actual do mundo impõe-nos outra reflexão, e outra intervenção. Um País é um País e é assim, País, que deveria ser.

António Aly Silva

domingo, 12 de outubro de 2008

Agora escolha

Corre pelo burgo o seguinte:

Afinal, o que significa PRID? (PRID soa ao apito do árbitro que depois aponta para a marca da grande penalidade)

1- Partido Responsável pela Introdução da Droga?;
2 - Políticos Responsáveis pela Introdução da Droga?, ou
3- Partido Republicano para a Independência da Droga?

AAS

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Qual Assembleia, qual quê?!

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A nossa investigação permitiu concluir que, afinal, nem tudo está parado no País. Depois desta grande obra pública (a terceira a seguir à ponte de João Landim e da residência para os antigos combatentes), os bandidos não mais poderão dormir descansados. Segundo a nossa fonte, a empresa contratada para construir a primeira prisão de alta segurança da Guiné-Bissau - a conceituada e respeitada chinesa Fech'a Djin Ti - terá o 'elefante branco' pronto para entrega no primeiro semestre de 2009.

A ANP - Associação Novas Prisões, não confirma nem desmente. Faz o seu papel.

Contudo e depois de muito falatório - «é a sede da Assembleia popular», ou «é a casa onde o Papa vai ficar para o resto dos seus dias», ou ainda «é a residência para acolher Woopy Goldberg», ditadura do consenso acaba com todas as discussões: é a futura prisão de alta segurança de Bissau. AAS

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

SOLIDARIEDADE GERAL (greve do blogue incluido)

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Como o Ministro do Turismo não me paga, faço greve! Sinta bu sukuta, n'na bim bam...

SOLIDARIEDADE (queremos mais disto)

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AAS