quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O vento mudou de direcção...

...É hoje, é hoje!
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sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Nestes 21 dias, vou precisar muito disto

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Por isso, peço às pessoas de boa vontade (já que está na moda...): Alka Seltzer, por favor. Em doses industriais! AAS

CÓLERA - O que deve fazer / Kê ku bu dibi di fassi

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Os guineenses não são números...

A epidemia de cólera que já infectou mais de 12 mil pessoas e matou 205 na Guiné-Bissau está "fora de controlo", afirmaram hoje, 24 de Outubro, as agências das Nações Unidas. A cólera está "excepcionalmente difícil de controlar e está espalhada por todo o país", sublinhou a porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Vérónique Taveau, durante uma conferência de imprensa em Genebra.

A doença, endémica no país e recorrente todos os anos, "desenvolve-se actualmente sem controlo, com o risco de se propagar aos países vizinhos", preveniu também a porta-voz do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA), Elisabeth Byrs. "A cólera faz mil novos casos por mês", acrescentou a porta-voz, sublinhando que a capital, Bissau, é a mais atingida, com mais de oito mil casos.

Entre 24 de Agosto e 21 de Outubro, a propagação da doença acelerou com 4.871 novos casos, entre os quais 915 crianças com menos de 14 anos, ou seja, 18 por cento do total de doentes, de acordo com dados da UNICEF. A Agência da ONU está particularmente preocupada com o início da campanha eleitoral para as legislativas previstas para 16 de Novembro porque, sublinha a porta-voz, "as grandes multidões favorecem a propagação da doença".

Segundo a UNICEF, a doença propaga-se facilmente pelo país devido a três factores: o mau estado do sistema de saneamento, a falta de acesso à água potável - especialmente na capital, onde 80 por cento da população não tem acesso à água corrente - e um ritual funerário, segundo o qual as famílias bebem a água que serviu para limpar o morto.

A ONU mobilizou mais de um milhão de dólares (cerca de 790 milhões de euros) para aquele país, mas a OCHA "gostava de ter mais financiamento, especialmente para a prevenção" das doenças, indicou a porta-voz daquela organização. Também chamada de "doença das mãos sujas", a cólera é uma infecção intestinal altamente contagiosa, que se manifesta por violentas diarreias e uma forte desidratação. Agência LUSA

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Lições de borla

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A campanha eleitoral está a chegar. Se vai andar por aí a mandar postas de pescada, este manual é para si.

1º - ORGANIZE AS IDEIAS esteja a falar para uma audiência composta por comerciantes do mercado do Bandim ou a declarar guerra a outro país (ao Irão, por exemplo), é melhor organizar-se antes de se apresentar aos microfones. Siga aquele ditado tão velho como o mundo: diga o que lhes vai dizer, diga, e depois diga o que lhes disse. Estabeleça três pontos, fala sobre cada um deles e no final volte a relembrar esses mesmos pontos. É claro que o seu cérebro não conseguirá memorizar tudo mas soará muito desinteressante se estiver a ler pelo papel. Assim, escreva umas "palavras chave" em cábulas;

TREINE, TREINE MUITO tal como os lavadores de carros nas ruas de Bissau, a prática habitual ajuda muito nos discursos. Mas se por acaso não estiver habituado a ser o centro das atenções então o melhor mesmo é treinar. Ponha-se em frente ao espelho ou de uma câmara de vídeo para que simule os gestos, os silêncios, e o seu treino com as ditas cábulas que vai levar;

RESPIRE FUNDO se está nervoso, treine a respiração. Quanto ao tom de voz: mantenha um tom calmo, coloquial, e não use palavras de que não precisa de maneira nenhuma. É que não vai querer parecer palavroso nem pretensioso;

O DISCURSO PROPRIAMENTE DITO é necessário começar bem. Há quem comece com uma piada, mas, é melhor não arriscar, pois uma má piada logo no arranque pode ser um desastre de que ninguém se esquece. Mantenha-se direito enquanto fala, de costas direitas, com as mãos pousadas no púlpito, e não faça muitos gestos bruscos. Faça contacto visual com várias pessoas na plateia, mas evite estar a olhar para a mesma pessoa mais de cinco segundos. Infelizmente, isso pode ser um problema se só uma pessoa for ouvir o seu discurso...AAS

Fernando Gomes, dás-me o número de telefone de Deus?

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Toda a crise tem vocábulos próprios e todo o político diz coisas nessa altura que significam exactamente o seu oposto. O primeiro-ministro, Carlos Correia, e o porta-voz do seu Governo, Fernando Gomes lá vergaram e decidiram reunir com a UNTG e prometeram - «com a ajuda de Deus» - pagar um mês de salário (dos 3 em atraso) aos funcionários do Estado «dentro de dez dias». Veremos. Aposto outro exílio em como dentro de dez dias saber-se-á a verdade. Ou seja, a mentira.

Cá para nós que ninguém nos ouve: eu acho que não estão a dizer a verdade. Melhor: estão a mentir. E porquê? Olha a pergunta, doutor. Desafio o doutor Fernando Gomes a dar-me o número de telefone de Deus. É que tenho umas coisas para Lhe dizer.

Este é um problema crónico, guineense, tão nosso que deviamos registá-lo na OAPI (Organização Africana da Propriedade Intelectual). As nossas ambições enquanto País, são grandes, mas as dificuldades para as concretizar são ainda maiores.

Vivemos uma autêntica repressão. A repressão, é sabido, gera medo e hipocrisia. Ou as duas coisas. As vítimas (os guineenses) dão a impressão de se conformarem mas não é assim: querem apenas furtar-se à regra. Mas entre mouros e judeus algum negro cristão há-de escapar.

AAS

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Verdade inconveniente

O PRID* de hoje é o PCD** de ontem...

* - Partido Republicano para a Independência e Desenvolvimento;
** - Partido da Convergência Democratica.
AAS

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

É nisto que dá

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Vote...

...Mas nunca em branco!

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Quem salva a Cooperação Portuguesa?

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Estimado António,

Tenho seguido a sua actividade jornalística mas, infelizmente, quando estive em Bissau estava você em Portugal. Tinha aí uma grande amiga professora no PASEG e por isso estive aí duas vezes (no ano passado e agora este ano). Tenho um familiar em Dacar e aproveitava para visitar essa minha amiga e conhecer Bissau.Como não sou uma mera turista, gosto de ouvir os comentários das pessoas e tentar sentir o pulso verdadeiro duma cidade, para além do que se vê à primeira vista. Talvez seja deformação profissional! Baseado nas histórias que ouvi da minha amiga daí de Bissau e de outras pessoas, bem como dalguma investigação que fiz em Lisboa, escrevi uma crónica informal. Não quero criticar só por criticar, mas é bom conhecer a opinião de quem por aí passa, sem ser "apanhado" por determinadas "obrigações" que quem aí vive, por vezes sobretudo sendo tuga, tem que respeitar. Fica aqui a crónica, se a quiser publicar. É um testemunho que deve ser feito.

Um abraço e até qualquer dia, talvez em Lisboa e continue a ser este António Aly que nos dá prazer ler,

Joana Otchan-Palha (JOP)


Quem salva a Cooperação Portuguesa?

Quem chega a Bissau, vindo de Dacar, após uma curta estadia, rende-se à evidência do mau estado em que se encontra esta terra e quão infrutíferas tem sido as acções da cooperação portuguesa.

Qualquer português da escassa comunidade que aguentou o conflito de 1998/9 e que por cá ficou, apesar das dificuldades, embora sem ser perito nos assuntos da cooperação, não tem dúvidas que as prioridades da Cooperação Portuguesa deveriam ser a Educação, a Saúde e a Cultura e, mais recentemente, a "guerra ao narcotráfico" que está ainda a criar maiores desigualdades na Guiné-Bissau e a minar o seu futuro. Não hesitam mesmo em falar num "Plano Marshall para a Guiné", com o apoio de Portugal e uma larga cooperação internacional.

A cooperação na área educativa conheceu um boom, no pós-conflito, com a implementação do PASEG - Projecto de Apoio ao Sistema de Ensino da Guiné e com umas dezenas de professores portugueses. Só que, após vários anos, não há aumento gradual do número de professores cooperantes, nem o seu alargamento ao interior. Pelo contrário, por razões impenetráveis da administração portuguesa, este ano, o seu número cairá para metade.

Quantos professores portugueses desempregados, mas com qualificações não abraçariam este projecto? E o apregoado "Fundo de 30 milhões" para apoiar a Língua Portuguesa não poderia ser utilizado nesta Missão? A saúde está mal (e não se recomenda!) na Guiné-Bissau. O surto de cólera, com uma elevada taxa de mortalidade, veio confirmar isto!

É verdade que a Cooperação Portuguesa tem procurado ajudar, mas os tais portugueses que por aqui andam, olhando o exemplo francês no Senegal, lamentam que não haja outro hospital a funcionar com mais meios, com mais médicos, enfermeiros e com medicamentos suficientes para fazer face a todas epidemias e doenças vulgares.

Até as farmácias do país são um espelho sintomático do estado da saúde com um mínimo de medicamentos e um aspecto pouco apelativo. A cultura tem sido o patinho feio da Cooperação Portuguesa, entalado progressivamente entre os ministérios da Educação,
da Cultura e dos Negócios Estrangeiros e na dependência do Instituto Camões há largos anos. A já reformada Presidente Simoneta Afonso nunca visitou o país ou se interessou, realmente, em melhorar a imagem da cultura portuguesa e a sua ligação com o meio artístico e intelectual guineense.

O absurdo da exoneração dos Directores dos Centros em Bissau e em São Tomé (os únicos exonerados nos PALOP's, enquanto em Cabo Verde e em Moçambique os seus homólogos já se encontram em funções há quase 6 e 9 anos) foi justificado com uma necessidade de poupança, mas o aumento do número doutros diplomatas em Bissau, contraria esta justificação. Uma decisão, sem critérios e avaliação prévia, tomada levianamente pelo então Ministro Freitas do Amaral, mas sem qualquer oposição da Presidente do Instituto Camões.

Depois do legado de Mário Matos e Lemos que por aqui andou quase 13 anos (e que conheci na sua curta passagem pelo CENJOR), de Daniel da Silva Perdigão e do último director do Centro Cultural Português, Luís Machado, ainda o CCP conseguiu sobreviver, mas hoje, todos lamentam que não haja praticamente jornais portugueses e que muito do que então se fazia não continue e que não se veja já aquele envolvimento dos jovens, apesar do Centro estar renovado e mais apelativo. Faltam as actividades, falta-lhe a gestão necessária, falta-lhe a alma!

Nem todos os diplomatas são bons gestores e programadores culturais e o facto de permanecerem pouco tempo em Bissau também não ajuda, pois os projectos da área cultural e da cooperação necessitam dum seguimento prolongado e de quem esteja profundamente dentro da sua problemática. Que o diga o Secretário de Estado, João Gomes Cravinho, que não permitiu que se tocasse nos responsáveis pela Cooperação nas diferentes Embaixadas (e que haja uma Conselheira em Luanda há 13 anos!).

Em tempo de férias, o Centro de Língua do Instituto Camões estava, merecidamente, em repouso, mas também me dizem que falta a ligação do mesmo com o Centro Cultural, que são "dois irmãos de costas voltadas um para o outro" e que se perde a interacção de meios. Comenta-se que o Instituto Camões já possui três terrenos em Bissau para construir um Centro Cultural de raiz, um projecto que se arrasta há mais de 10 anos. A continuar assim, o Instituto Camões será a primeira agência imobiliária oficial de Bissau! Talvez seja esta uma forma de obter verbas adicionais em tempo de crise global! Entretanto, sem exonerações, sem polémicas e contratempos, o Centro Cultural Francês lá continua de vento em popa.

Com o narcotráfico a aumentar e os problemas económicos sem melhoria à vista, não deveria a Cooperação Portuguesa motivar parceiros europeus e internacionais para se activar um projecto global de intervenção e ajuda à Guiné-Bissau? Quem aqui vive e até quem por aqui passa, só pode apoiar semelhante ideia. Sobretudo porque surgem, aqui e ali, pequenas intervenções sem conexão entre si.

É na noite de Bissau que se compreende que a própria Embaixada portuguesa na capital vive momentos conturbados, onde a vida pessoal e familiar de muitos funcionários já se mistura e influencia negativamente o desempenho e imagem profissionais, desprestigiando quem representa o Estado português. O próprio Embaixador andará por aqui há demasiado tempo, tendo já obtido o recorde de permanência em Bissau, mas seja pelo cansaço, seja pelas peripécias próprias (conflitos com a comunidade e com guineenses importantes) ou pelas alheias, há muito que parece ter perdido o pulso da sua Embaixada.

Não é de espantar que muitas sejam as vozes que clamam: "Quem salva a Cooperação Portuguesa?"

Joana Otchan-Palha
Jornalista freelancer e gestora de comunicação