terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

OPINIÃO: Cheira mal, muito mal mesmo


"Quando se esta bem, não é preciso justificar-se. Quando um casal se da bem, não precisa dizer que se da bem, pois os actos, os gestos, o élan, a postura,o bom entendimento estão presentes e manifestam-se de forma inequivoca nessa relação.

Em contraponto, quando, de um lado, se admite " que é necessario dialogar", "é preciso haver mais concertação do que tem havido", subentende-se a falta desses ingredientes numa relação que se recomenda dialogante e concertada. Quando do outro lado, se advoga a "não interferência nas acções governativas", ou "deixar o governo fazer o seu trabalho", demostra de forma implicitamente comprometedora, de que, houve ou existe a intenção de se extrapolar da reserva de não interferência que impõe a separação dos poderes entre os principais orgãos de soberania da Guiné-Bissau.

À custa de varios exemplos tristes e frustantes de um passado recente, é preciso que os guineenses, começando pelos seus mais altos responsaveis, abandonem os discursos codificados da cobardia e falsidade politica que, abandonem a cultura da intriga e que, tenham a coragem de assumir a responsabilidade das suas insuficiências perante comunidade votante, que de forma firme e responsavel lhes confiaram a missão da realização dos seus principais anseios e projectos de sociedade.

É preciso, igualmente fazer entender aos nossos dirigentes politicos de que, ninguém é mandatado em cargos publicos para se entreter no exercicio de atitudes egocentristas e de narcisismo barato pavoneando-se a gerir os fastasmas das suas susceptibilidades orientado para comportamentos e interesses proprios ou de grupos, enquanto na praça publica nos vendem discursos açucarados sem resplado na pratica efectiva.

Na realidade, exemplos de co-habitação promissoras que falharam por razões dos males que hoje teimam em se reinstalar no seio dos nossos orgãos de decisão, não nos faltam para nos chamar à razão e evitar esse caminho tortuoso do jogo de bastidores e da guerra entre clãs da presidência e da primatura e, porque não também, da propria assembleia nacional que, paulatinamente vai emergindo como outro polo do desconcerto de poderes mercê de saidas cada vez mais preocupantes e a destempo dos acontecimentos e da realidade.

É preciso parar e pensar no bem comum e que todos se impliquem na promoção e criação de uma verdadeira "ponte de comunicação governativa" assente em bases seguras da perenidade, para que, a Guiné-Bissau finalmente possa encetar o caminho da estabilidade, condição sine qua non para alcançar o progresso e o desenvolvimento.

Do meu humilde ponto de vista, fica-se à inteira responsabilidade dos "dois" lados da ponte, criar sem complexos e preconceitos essa passarelle do dialogo com o fito de se alcançar, esse bem tal almejado por todos os guineenses, pois falhar esse objectivo com todos esses ingredientes reunidos, mais do que 40 anos de falhanço pos independência, representaria o falhar da possibildade da nossa geração que se encontra no limiar da sexta decada de ver enfim, a Guiné-Bissau aceder ao primeiro patamar para o progresso e o desenvolvimento, que é a paz e a estabilidade.

Por fim, é bom que se compreenda de uma vez por todas de que, o mal menor, nunca foi o remédio de grandes males, mas sim medidas de extremo desespero. Prova-mo-lo aquando da guerra fratecida de 98/99 ao fiermos a escolha que se conhece e, creio hoje, estarmos a um pequeno passo de revertermos novamente a historia e voltarmos a escolher o mal menor e, consequentemente, voltarmos a provar o amargo sabor do fel das mas escolhas.

De resto, o rio continua o seu percurso mas, cabe ao homem, querendo atravessa-lo sem causar vagas, construir a sua ponte. Tal se faz, com paciência, dialogo e compreensão... pensando sempre no bem comum.

Alma Beafada"