sexta-feira, 19 de setembro de 2014

DROGA: EUA ainda querem deitar a mão ao Indjai

Washington aplaude a exoneração de António Indjai e escolha de Biaguê Nan Tan para CEMGFA. Tribunal de Nova Iorque tem processo aberto e coloca hipótese de extradição do general. A justiça dos Estados Unidos ainda procura julgar por tráfico de droga e armas o general António Indjai, exonerado esta semana do cargo de chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau.

"O caso de António Indjai ainda está pendente no nosso tribunal", adiantou uma assessora de imprensa da procuradoria do Distrito Sul de Nova Iorque à agência Lusa, confirmando que o mandado de captura norte-americano se mantém. A mesma representante disse que "o tribunal não comenta qualquer outro aspeto do caso", inclusive a hipótese de extradição, agora que o general não ocupa um cargo oficial.

Indjai era vice-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e passou a liderar os militares guineenses quando a 1 de abril de 2010 destituiu o então CEMGFA - Zamora Induta, tendo também detido, por algumas horas, o primeiro-ministro - Carlos Gomes Júnior. A 12 de abril de 2012 e após vários momentos de tensão com o Governo, o general liderou os militares num golpe de Estado, que acabaria por interromper a segunda volta das eleições presidenciais.

A 18 de abril de 2013, foi acusado pela justiça dos EUA de participação numa operação internacional de tráfico de drogas e armas. A acusação surgiu depois de um antigo líder da Marinha guineense - Bubo Na Tchuto, ter sido detido dias antes, a 4 de abril, em águas internacionais, perto de Cabo Verde, por uma equipa da agência de combate ao tráfico de droga americana, juntamente com outros quatro guineenses. Na Tchuto e dois dos seus ajudantes já confessaram os seus crimes. Um dos ajudantes - Papis Djeme, foi condenado este mês a seis anos e meio de prisão. Quanto ao segundo adjunto - Tchamy Yala, a sentença será lida a 17 de novembro.

Depois da confissão de Na Tchuto, acontecem agora as negociações entre a acusação e defesa. O guineense arriscava uma pena de prisão perpétua. "Desde o início que este caso tem mostrado que as forcas da lei dos EUA vão fazer justiça com todos os traficantes que tragam drogas ilegais para o país, mesmo quando os seus atos criminosos acontecem noutros continentes", disse o procurador do estado de Nova Iorque - Preet Bharara, no início do mês, quando leu a sentença de Papis Djeme.

Numa nota distribuída à comunicação social esta quinta-feira, a administração Obama congratula-se com a exoneração de Indjai e a nomeação de um novo CEMGFA, que mostra que "as novas autoridades de Bissau estão a fazer progressos notáveis no restabelecimento de um Estado democrático". RDP