sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Carta para o Ramos Horta


«Caríssimo Aly,

Foi com particular sentido de humor que li a mensagem de Ano Novo do Representante Especial do Secretario Geral das Nações Unidas para a Guiné-Bissau, José Ramos Horta, postada no teu incontornável blog.

Li-o com bastante humor sim ...! Humor, num contexto de penúria humana e governativa, que ele, na sua mensagem de Boas Festas, reconhece de forma inequívoca, a qual infelizmente, ele não consegue fazer reflectir tão claramente nos seus famosos relatórios de paninhos quentes de uma no cravo e outra na ferradura endereçada a quem representa no pais de Cabral. Alias, RH não respalda nos seus relatórios, nem os factos tal como deviam ser e, tão pouco sugere ou propõe medidas concretas e injuntivas ao Douto Conselho para fazer sair a Guiné-Bissau desse marasmo de podridão em que se encontra atolado.

Sendo emotivo e quiçá, liberto de formalismos e preconceitos desnecessariamente adquiridos desse complexo processo, Ramos Horta, finalmente, em poucas linhas, retratou com alma iluminada, a verdade dos factos e do sofrimento do Povo guineense, factos e verdades que ele não consegue expor perante quem de direito e em instância própria..., e com essa atitude acobardada de não ferir susceptibilidades de bestas ignorantes, RH vai adiando, sem dar conta, que seja tomada uma decisão firme e corajosa que indique a porta da saída para a crise guineense.

Apenas um senão, RH persiste em indicar caminhos a seguir após o período eleitoral (solicita um Presidente de largo consenso, dialogante, preconiza a constituição de um governo alargado a todas as forças politicas e por ai fora...). Julgamos que isso não foi pedido ao RH e nem deve ser esse o seu papel. O seu papel é o de apresentar soluções para a saída da crise guineense, ajudar a realizar eleições livres justas e transparentes, onde todos os guineenses sem exclusão possam participar livres de quaisquer constrangimentos ou ameaças. Enfim a realização de um processo de transição para uma verdadeira democracia na base da verdade e nos verdadeiros ensejos do Povo da Guiné-Bissau.

Não sendo assim, RH esta a ir para além do seu papel e esta a dar directrizes e quiçá a falar por conta de alguém... Sendo assim trasvasa o seu papel e deixa de ser imparcial.

Um Santo Natal e um Feliz Novo Ano para todo o Povo Guineense, se possível livre dos impostores que assaltaram o poder na Guiné-Bissau.

Grupo de Reflexão 'No Pensa Guiné'
»