segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Um estado cómico


Depois do golpe de Estado de 12 de abril 2012, a Guiné-Bissau o seu estatuto no concerto das naçõe, recuou como estado democratico e como Estado social, piorou a sua situação ja de si precaria em todos os sentidos para as suas populações. Os dados são claros e extremamente violentos, razão pela qual temos que nos render a evidência do desastre que foi esse nefasto acontecimento na historia do nosso pais que esta a portas de completar um ano apos a sua ocorrência. A lista é deprimente, porém é essa a realidade com que os guineenses convivem alegremente... à força de nada puderem fazer, senão comer porrada ou levar um tiro no "suicidio". Vejamos caros compatriotas, o que se seguiu ao 12 de Abril 2012 :

- o ensino estagnou;

- a saude esta moribunda;

- a economia emperou;

- o sector privado esta agoniante;

- a Função Publica não funciona e esta tomada de assalto por compadrios e jogos partidarios tribais;

- os salarios não são pagos ha mais de três meses e a situação tende a piorar ;

- a Familia como suporte da sociedade perdeu a moral;

- não existe moralidade publica, estando esta gangrenada pela roubalheira e a corrupção;

- os parceiros internacionais viraram as costas ao pais e a CEDEAO representa mais um problema do que a solução;

- os valores da democracia foram invertidas : os eleitos estão no exilio e os golpistas estão no poder/os vencedores foram corridos e os vencidos governam com a abenção estrangeira/a maioria esta na oposição e a oposição governa com os militares;

- os direitos humanos são quotidiana e impunemente violadas;

- os assassinatos e execuções sumarias (12), espancamentos (inumeraveis) e prisões arbitrarias (sem conta)... sucedem-se a um ritmo aterrorizante, sem que se dê um pio;

- o trafico de droga atingiu o seu expiral maximo e hoje quase tornou-se numa actividade corrente dos militares e altas figuras do estado;

- o trafico de influências campea nos corredores da Presidência, do Governo e nos gabinetes das altas chefias militares;

- o branqueamento de capitais disparou, sendo que, alguns bancos da praça estão a agir em cumplicidade activa com redes criminosas;

- a delapidação do erario publico atingiu niveis recordes, pois cada um rouba e açambarca quanto mais pode, e em tempo recorde;

- a roubalheira e a delapidação dos bens publicos, principalmente das empresas publicas atingiu numeros nunca vistos, sendo que algumas EP funcionam como guichets de pagamentos de certos governantes e chefias militares;

- a indisciplina e a anarquia militar impera no pais e a sociedade castrense age totalmente à margem das leis e na maior impunidade como se fossem estado dentro de outro estado;

- as forças armadas, estão transformadas em milicias e guardas pretorianas de certas chefias militares e alguns dos seus elementos se abonam descarradamente ao trafico de droga e estão a soldo dos barões cujos carteis dominam Bissau. Os jovens estão armados e fardados nas Tabancas sem serem militares;

- a tribalização da sociedade guineense caminha a passos largos e tende a radicalizar-se devido a imposição pela via da violência de uma etnia sobre a sociedade no seu todo, o que leva instintivamente a sociedade a sectarizar-se em feudos de interesses e de sobrevivência de base comum (o sentimento de pertença tribal e de raça);

- as Instituições do Estado não são respeitadas. Nem a Presidência da Republica Interina, nem o Governo de Transição é respeito ou tido em conta, pois o poder « mora » nos quarteis e no Bairro Internacional;

- os militares e Kumba Yala são de facto, os verdadeiros detentores do poder, sendo eles que orientam e decidem pelo PRI e pelo GT que não passam de simples marionetas dos seus jogos tribais;

- a nossa soberania esta anexada e enfeudada a interesses sub-regionais da Nigéria, do Senegal, do Burkina Faso e da Costa do Marfim, os quais instalaram no pais uma força de ocupação da CEDEAO;

- o poder paralelo esta instituido e sobrepõe-se ao poder politico, chegando ao caricato de, até o CEMGFA fazer o balanço das suas actividades como se de um orgão de poder autonomo se tratasse;

- o enriquicimento ilicito faz passarele nas ruas pobres de Bissau, com exibição de sinais exteriores de riqueza fora do comum. Novos ricos surgem todos os dias como num campo de cogumelos em contos de fadas;

- Bissau tornou-se de uns tempos a esta parte também para além da droga, uma plataforma de transito e refugio de grupos mafiosos, portadores de « projectos » ilusionistas e de duvidosa seriedade particularmente virada para o branqueamento de capitais proveniente da droga, trafico de armas e do terrorismo internacional;

- os direitos de exploração dos nossos recursos, tanto naturais como minerais, com vai-vens de ministros do regime entre Bissau e Dakar, estão a ser alienadas, penhoradas ou transferidas através de negociatas mafiosas à companhias de reputação mafiosa e algumas com evidências criminosa;

- os recursos halieuticos da nossa ZE esta entrega à delapidação senegalesa e chinesa sem que as autoridades tomem quaisquer medidas devido as migalhas de esmolas que recorrentemente pedem e recebem do Senegal e da China;

- o Senegal, com a cumplicidade servil do Governo e de outras representações do Estado guineense esta a acaparar-se de zonas de exploração petroliferas situadas a 100% no nosso territorio as quais estão a ser vendidas as empresas canadianas e chinesas como se recursos senegaleses se tratasse;

- empresas chinesas sem escrupulos ligados ao Presidente de Transição estão a desmatar, maldosa e selvaticamente as nossas florestas do Sul do pais, incluindo a zona protegida de Cantanhês e outras zonas consideradas reservas da bioesféricas;

- alguns actuais dirigentes, outrora falidos que nem ratos da igreja e grande parte das actuais chefias militares tornaram-se repentinamente abastados economicamente, comprando como pãezinhos quentes, imponentes imoveis, principalmente em Dakar e Lisboa, e também viaturas de luxo de alta gama;

- as nossas representações diplomaticas, principalmente da China e de alguns paises do Médio Oriente transformaram-se em centros de negocios mafiosos, onde pontifica a venda de passaportes e de titulos de residência, onde uma boa parte revertem para as contas de eminentes figuras da transição, nomeadamente o Presidente da Transição, O MNE, o CEMGFA e o Min° da Presidência. Esses documentos são geralmente adquiridos a peso de ouro por redes mafiosas e grupos ligados ao crime organiszado;

- este governo ja deu mostras de que não mexera uma palha para que sejam criadas as condições necessarias para a realização de nenhuma eleição, pois se conforta e se conforma no status quo vigente;

lista extensa de factos e casos lamentaveis que espelham, quão nefasto foi o golpe de 12 de abril de 2012 contra as legitimas aspirações do Povo guineense. Enfim, um balanço triste, mercê de um acto ignobil de um grupo de irresponsaveis politicos e militares sedentos de poder e de ambição de mandar, sem saber mandar.

Pergunta-se : Não serão todos estes factos suficientemente graves, para que, os golpistas se rendam a evidência do mal que estão a causar ao Povo Guineense? Uma pergunta que ficara decerto sem resposta, pois na logica dos golpistas o pais esta bem e, recomenda-se... e, o Presidente de Transição, vai alegremente passeando abertamente pelo pais a « djamur » obras ficticias de quem muito contribuiu e forjou este estado de coisas na Guiné-Bissau antes de se despidir dos guineenses.

Bissimilaih...

Guigui Kansa