sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O valor supremo é a vida


"Caro Aly,
 
Após leitura do seu texto que não me parece nada mais que uma pré-despedida, não podia deixar de lhe dirigir alguns comentários, primeiro na qualidade de um humanista convicto e segundo, como um guineense muito desiludido com as quase quatro décadas da nossa (in)dependência.

Antes de tudo, queria começar por alertar-lhe que, no mundo actual, o valor supremo para qualquer indivíduo deve ser a vida, motivo pelo qual deve-see lutar pela sua preservação sob qualquer preço e com alguma qualidade. Olhando para a história, para além das estátuas e menções, que valem o que valem, que gratidões as várias sociedades, incluindo a guineense, tiveram para com os descendentes dos seus heróis revolucionários, verdadeiramente altruistas? Não são notórias!

O segundo valor primordial a preservar, é a família nuclear (filhos e esposa), só depois virá o resto da família de sangue e amigos. Depois de tudo isso acautelado, poderemos falar da pátria e do patriotismo. Por isso, antes de qualquer heroísmo, preserve a sua vida, porque também faz parte da inteligência sabermos criar mecanismos para a preservação da vida. Não deixe também perder o seu filho, que é neles que devemos investir mais, se efectivamente queremos deixar algum legado neste mundo hostil...

Infelizmente a nossa Guiné-Bissau está entregue a "bicharada" em pleno delírio e em transe, conforme havia já referido noutro texto. Ou a maioria da população entre em desespero e reajam, correndo o risco de instalação de uma verdadeira guerra civil, de motivação tribal, ou não vamos sair disto em que mergulhamos tão cedo. Tal como noutras partes do mundo, em que existem também flagrantes violações dos direitos humanos, mas onde não existem riquezas naturais que interesssam ao Ocidente, a comunidade internacional ou a União Africana face ao problema guineense, limitarão a emitir comunicados e a tentarem encetar conversações para se criar uma paz podre, até os interesses do narcotráfico começarem novamente a serem beliscados...

Neste desabafo, não consigo deixar de fazer referência ao silêncio "ensurdecedor", que chega a magoar a nossa alma, vindo dos activistas patrióticos virtuais, mais de 48h depois da confirmação de mais um animalesco assassinato de um cidadão Guineense, Luis Ocante Silva. Será que o silêncio é justificável, por não ter havido qualquer suposta relação com uma eventual ordem ou manobra de Cadgo Jr.? Ou estão mesmo a cair na realidade e aperceberem que o principal cancro da Guiné-Bissau, são os criminosos travestidos de Forças Armadas Revolucionárias do Povo? Já agora, sugiro desde já a substituição da palavra "Povo" na sigla das FARP, para a palavra "Pó" e assim tornaria condizente com as suas verdadeiras motivações (Forças Armadas Revolucionárias do Pó). Outra sugestão seria passrem a parecer-se na designação com os seus verdadeiros fornecedores, transformando-se nas FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Coca). Que me desculpem todos aqueles que ainda vestem as fardas, acreditando nos ideais da sua criação.
 
Cuide primeiro de si e dos seus filhos, pois da pátria todos temos a mesma obrigação para com ela.
 
Abraço,

Jorge Herbert"