quinta-feira, 1 de março de 2012

Esta não é a minha (o)posição

Patética - assim mesmo, e sem medo da expressão - é como qualifico a marcha da oposição democrática que hoje teve lugar em Bissau. Estava marcada para as 8 horas da manhã, começou quase ao meio-dia. A oposição de quinze(!) partidos estava, e isso foi por demais notório, mesmo a pedi-las... Quando começam a gesticular e a mostrar que têm força, então vai tudo abaixo. Assim que vi a centena e meia de manifestantes, alguns assustados ainda que sem razão, torci o nariz. E perguntei-me sobre que tipo de oposição temos na Guiné-Bissau, e, mais importante, que tipo de oposição precisamos na Guiné-Bissau?

A resposta à primeira pergunta é de algibeira: temos uma oposição...à rasca! Não se viu nenhum alto dirigente político da oposição na cabeça da marcha a exemplos das marchas anteriores - esse pormenor, aos olhos de um manifestante, causa logo uma sensação de impotência. E de desconfiança. «Será que vamos perder na secretaria?». Alguns rostos, nessa marcha, denotavam alguma tensão (ver fotos), outros estavam desnorteados outros ainda nervosos. Assisti a uma discussão onde se chamou um polícia (desarmado) para retirar fulano de tal da marcha 'porque queria criar problemas'. Problema sanado, a marcha lá continuou, gaga - o som estridente das colunas assemelhava-se a um tanque vazio: o eco ouvia-se em todas as esquinas. O que deixava as pessoas... desnorteadas.

blindness

Devo dizer que acompanhei a tão propalada, desafiada e difundida marcha, desde a Chapa de Bissau até à embaixada do Brasil. Soubera de antemão que no Supremo não havia vivalma pronta para a desfeita e menos ainda para receber 'líderes' políticos - não estarão nem para uma nem para outra coisa. E como não havia ´líder', seria impensável estalar a bernarda. E como não ia haver bernarda... Querem fazer política, assim? Aprendam primeiro a jogar na areia...

No dia em que neste País alguém quiser fazer política - política a sério, sem interesses de qualquer índole, então, sim, podemos começar a pensar numa mudança tranquila, sem dor nem trauma de qualquer espécie. Acontece que esse dia tarda em chegar e - isto é o mais extraordinário - este mesmo povo que, dia sim, dia sim clama por mudança continua refém de tudo e de todos. E nem dá conta...É triste. António Aly Silva