segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Guineenses, indignem-se! Escrevam para o Ditadura do Consenso e desabafem, exijam JUSTIÇA ao PGR/PM/PR. AAS

Contra o Jomav, marchar, marchar

A confederação das associações nacionais do sector privado promovem hoje uma manifestação, com início no Bissau-Velho, tendo como destino o Ministério das Finanças.

O propósito da manifestação deve-se - segundo a confederção - com o não pagamento da dívida interna (gente houve que já recebeu quatro vezes).

Acusam ainda o ministro das Finanças de favorecer a CCIAS (Câmara do Comércio, Industria, Agricultura e Serviços), por querer o voto do presidente da CCIAS, Braima Camará, que é igualmente membro Bureau Político do PAIGC, para as autarquias. AAS

Entre aspas

"A vida é uma história cheia de ruído e de furor contada por um idiota e que nada significa" - Shakespeare

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Angola indica um general para seu Embaixador em Bissau

José Eduardo dos Santos parece decidido a proteger o investimento de perto de 1 bilião de dólares que Angola tem para a Guiné-Bissau - a construção do porto de águas profundas, em Buba, e a exploração da bauxite, no Boé (para além de uma linha férrea a ligar os dois investimentos): chegará brevemente a Bissau uma companhia de 600 homens (a maior parte de Engenharia Militar), o Presidente de Angola pediu agora ao Ministério guineense dos Negócios Estrangeiros, o agrément para acreditar Feliciano dos Santos como novo Embaixador da República de Angola na Guiné-Bissau.

Feliciano dos Santos é general e já ocupou o cargo de Chefe do Estado Maior da Marinha angolana. António Brito Sozinho, há quatro anos no posto, muda-se de armas e bagagens para Estocolmo, a capital sueca onde representará a diplomacia angolana. AAS

Angola Palace Quartel

O edifício do Bissau Palace Hotel, comprado por Angola - ou, se preferirem, vendido pela Arezki - tem poucos anos mas já leva muita história.

Já foi sede da Assembleia Nacional Popular, um Hotel de 5 estrelas (?!) e agora transformar-se-á num quartel - uma espécie de base militar de Angola na Guiné-Bissau. Consta que até terá celas para detenção...

O edifício, de uma arquitectura duvidosa, foi palco de uma jogada oportuna, de um jogador oportuno: Tarek Arezki.

Assim que calhou à Guiné-Bissau a realização da Cimeira da CPLP, Tarek viu ali uma oportunidade de negócio. Estava a jogar a sua cartada, um póquer de alto risco. De uma assentada, e em três páginas apenas, fez ajoelhar o Estado da Guiné-Bissau: ficava com o edifício, construiria oito suites presidenciais para albergar os chefes de Estado da CPLP (Lula da Silva, Fradique Menezes e Xanana Gusmão não compareceram)...e, depois, bingo: obrigava o Estado a pagar-lhe a dívida de vários biliões de fcfa.

O mínimo que se pode esperar, agora, é que a Arezki pague o imposto devido pela venda do Bissau Palace Hotel, ao Estado da Guiné-Bissau... AAS

O Mali está despachado. O próximo 'alvo' - a Tunísia. Para continuar a revolução...AAS

Photobucket

Descubram os criminosos

A semana que hoje começou marcará o ano II dos assassinatos de Tagmé Na Waie (01-março-2009) e de João Bernardo 'Nino' Vieira (02-março-2009), Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas e Presidente da República, respectivamente.

Ditadura do Consenso junta-se à indignação. As imagens são chocantes, mas os criminosos e mandantes destas crimes bárbaros andam por aí, na mais completa impunidade. Essa é que é a verdade!

Mas a Europa - a cínica e velha Europa - só quer saber do 1º de abril, ainda que o próprio Primeiro-Ministro o tenha apelidado de «incidente». Que não foi, diga-se em abono da verdade. Mas, ainda assim, a Europa (e os EUA) quer fazer-nos crer que o 'incidente' do 1º de abril ultrapassa os crimes de sangue ocorridos a 1 e 2 de março de 2009, e 5 de junho do mesmo ano.

Também em junho milhares de guineenses voltarão a lembrar as figuras de Hélder Proença, de Baciro Dabó, e de mais dois cidadãos nacionais, caídos sob as balas de traidores e assassinos. Ditadura do Consenso antecipa a data. Porque há mortos de que vale a pena lembrar. Sempre.

Corre por aí que, nessa altura, não estarão no país nem o Presidente da República, nem o Primeiro-Ministro, nem o Procurador-Geral da República. E eu não gosto... António Aly Silva

Não, não e mais não

Fim de tarde no Mobby's, entre uma boa feijoada e uma caipirinha soberba, chegou-se, nem sei como, às 'nacionalidades por empréstimo'.
Defendi-me da melhor maneira que podia. Fui casado durante 9 anos com uma cidadã portuguesa. Estava separado há 4 e o divórcio está a caminho. "E não tens nacionalidade portuguesa?" - alguém perguntou.
Não - respondi. E antes que o céu desabasse, argumentei dizendo que, sendo cidadão do país mais pobre do mundo, seria como que um sacrilégio pedir a nacionalidade ao país mais pobre da Europa. Estavam a pedi-las.
É o que dá. Não são as perguntas dos jornalistas que provocam estragos, mas as respostas dos políticos... AAS

Sobre

"Os inimigos da campanha podem-se vencer uma e muitas vezes, os da nossa corte são invencíveis; Aqueles com as vitórias vão-se diminuindo, estes com elas crescem mais." Padre António Vieira (1608-1697)

sábado, 26 de fevereiro de 2011

África é bom

"Sou um estranho aqui, pensei. Mas o whisky disse não e era a hora do dia em que o whisky tinha razão. O whisky tanto pode ter razão como não ter e dissera que eu não era um estranho e eu compreendi que estava certo a esta hora da noite. Seja como for, as minhas botas voltaram para casa porque eram de pele de avestruz e lembrei-me do sítio onde tinha encontrado a pele num sapateiro de Hong Kong. Não, não tinha sido eu a encontrar a pele. Tinha sido outra pessoa e então pus-me a pensar na pessoa que tinha encontrado a pele e nesses tempos e então pensei em diversas mulheres e como seriam em África e como tinha sido feliz em conhecer mulheres maravilhosas que gostavam de África. Tinha conhecido algumas francamente horríveis que apenas tinham ido lá para terem estado lá e tinha conhecido algumas verdadeiras cabras e várias alcoólicas para quem a África não tinha passado de mais um lugar para uma cabronice mais completa ou um mais completo alcoolismo. A África possuía-as e mudava-as a todas de um modo ou outro. Se não conseguiam mudar, detestavam-na. (...) Em África uma coisa é verdade ao amanhecer e mentira pelo meio-dia e não devemos respeitá-la mais do que ao maravilhoso e perfeito lago bordejado de ervas que se vê além da planície salgada e crestada pelo sol. Atravessámos essa planície pela manhã e sabemos que tal lago não existe. Mas agora está lá e é absolutamente verdadeiro, belo e verosímil." - Ernest Hemingway, em Verdade ao Amanhecer, um romance que tem muito de diário pessoal.

Super Domingo no X-Klub

Amanhã, a partir das 14hrs, venha relembrar os velhos tempos no X-Klub, num djumbai com música ao vivo, num ambiente agradável na companhia de Tóny Ferrage e Tchinho Centeio, ao som de mornas e coladeras. Entrada grátis.

Não-prisões + UNODC

Inauguradas há seis meses, até hoje as prisões de Mansoa e Bafatá estão às moscas. Portugal formou e equipou - da cabeça aos pés - os guardas prisionais e dois directoes. A UNODC - equipa de combate à droga da ONU, prometeu equipar as duas prisões...mas até hoje. Acho que na UNODC alguém anda a snifar cocaína...

INTERPOL tem sede mas...está na rua!

Inaugurada em dezembro de 2010, a nova sede da INTERPOl permanece fechada. Todas as obras e os equipamentos foram doados pelos EUA. Portanto, caros bandidos, façam o favor: não às cadeias. AAS

Exclusivo: Estado da Guiné-Bissau deve mais de 8 biliões de Fcfa à Guiné Telecom...

... Se levarmos em conta que 1 euro são 655 Fcfa...portanto seis vezes um...aliás, seiscentos e cincoenta e cinco vezes...bom, é só...é só fazer as contas!... António Guterres

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O dia da Justiça chegará

"Olá, Aly
Um fundo negro - eu compreendo-te.
Obrigado pelo teu empenho, e pela paz que consegues fazer chegar aos nossos corações.
Ansiosamente esperamos a cada amanhecer uma voz que proclame Justiça. E estou confiante de que esse dia chegará!.

Um beijo,

S.V.G"

M/R: Chegará, sim! Já faltou mais...outro beijo, AAS

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Assassinatos políticos de 2009: Estará o Presidente da República... envergonhado?

O Presidente da República, Malam Bacai Sanhã, prometeu publicamente - aos guineenses e à comunidade internacional - no salão da Presidência da República, perante os olhos e os ouvidos dos familiares e amigos das vítimas, “tudo fazer para que se descubram os mandantes e os executantes dos assassinatos políticos” que a Guiné-Bissau conheceu em 2009. Com murros na mesa e tudo.

Contudo, uma coisa é o PR prometer "reconstruir" o mercado central; outra, bem diferente - e mais sensível - é o PR prometer a esses familiares e aos amigos, que os assassinatos iam ser cabalmente esclarecidos... e estamos no ano II DC (depois dos crimes).

O CEMGFA, Tagmé Na Waie; o Presidente da República em funções, João Bernardo ‘Nino’ Vieira; o Deputado da Nação, Hélder Proença, e o candidato presidencial Baciro Dabó, tiveram mortes diferentes. O ex-CEMGFA foi morto à bomba(?) no dia 1 de março de 2009, ‘Nino’ Vieira seria assassinado horas depois, a 2 de março, na sua residência, tendo sido antes torturado, atingido com vários tiros, e, depois, esquartejado; Hélder Proença (mais dois cidadãos nacionais), foi atingido a tiros no baço, e Baciro Dabó foi morto à queima roupa, no seu quarto de dormir - todos no mesmo dia 5 do mês de junho de 2009.

Estamos em 2011, e nada. Ditadura do Consenso publicou os autos de testemunhas do Samba Djaló, do Monha Aie e do Almame Sanó (todos da Segurança do Estado). Nada. Ninguém mexeu uma palha. Adiante.

Pouco depois deste discurso inflamado de Bacai Sanhã, o Procurador-Geral da República, Amine Saad, pediu uma audiência ao Presidente da República. Estávamos em finais de 2010. Assistiram à referida audiência todos os procuradores-gerais adjuntos, o PGR, o vice-PGR e o Secretário-Geral do Ministério Público.

Amine Saad falou, falou, falou e queixou-se de todas as vezes que falou. Malam Bacai Sanhã ouviu, ouviu, ouviu e desabafou: “Estou perplexo com o que ouvi do senhor PGR, sobre a ausência de meios” (para prosseguir com as investigações) dos referidos assassinatos. E depois, o Presidente deu o coice: “Colocaram-me mal, estou envergonhado. Prometi aos guineenses e à comunidade internacional que tudo ia ser esclarecido”.

O Procurador-Geral da República desculpou-se então, dizendo ao Presidente que “o Governo priorizou o pagamento de salários, em detrimento de outros assuntos”, mas garantiu também que, “apesar de tudo (não será 'de nada?'), estamos a fazer os esforços possíveis”. O Procurador sossegou depois Bacai Sanhã com um “o Presidente não ficará envergonhado”. Nada aconteceu, até aos dias de hoje. Mas devia acontecer. Vergonha.

Tratando-se de um crime de natureza pública, oficiosamente o Ministério Público tinha de ordenar a abertura de um inquérito (trocado por peanuts: o Ministério Público é o advogado do Estado). E caso o não faça, o próprio Procurador-Geral da República, Amine Saad, está a cometer o crime de não promoção. E, chegando a este ponto, três saídas restam a Amine Saad: ou apresenta o relatório final, ou demite-se, ou é exonerado pelo Presidente da República. António Aly Silva

EXCLUSIVO: Gatunagem via Correios

O Ministério Público tomou de ponta os Correios da Guiné-Bissau. De uma assentada, foram ouvidos o director-geral, Sr. Burgo, e a directora financeira, Inácia Pontes. Descobriu-se um rombo de cerca de 9 milhões de fcfa - sub-facturação e pagamentos de subsídios não justificados, são os crimes de que são suspeitos. Contudo, o MP desconfia que o montante poderá ser bem superior.

Para já, ao director-geral, foi imposta a medida de coacção para se apresentar diariamente junto do Ministério Público; a directora financeira, por sua vez, aguarda novas ordens. Poderá ser, ou não, indiciada. O processo está na fase de acusação (que servirá de sustento à matéria de acusação em curso). AAS

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

UNIOGBIS - O país está-se borrifando, assim é que é

Quão doente tem de estar uma sociedade para que se gaste tanto tempo a esmiuçar uma entidade que devia ser responsável – falo da UNIOGBIS; e quão doente tenho eu de estar para começar mesmo esta crónica com a palavra “quão”? A resposta a estas duas questões só pode ser: muito. Evidentemente.

No fundo, no fundo (gosto, gosto), é também por causa da UNIOGBIS que Ditadura do Consenso brilha. Sem aquela noção de pecado (que caracteria o ser humano), de transgressão (que o persegue), de malandrice perversa (que o consome), a UNIOGBIS teria muito menos graça. Por isso – e peço desde já as minhas mais sinceras desculpas por dizê-lo assim, tão cruamente, mas a verdade é esta: a UNIOGBIS dá-me tesão. Não vale a pena escamotear a realidade que isso é para os hipócritas.

A UNIOGBIS faz mesmo muito mais pela minha sexualidade em cada um dos seus escândalos do que todas as mulheres que virei a ter na longa vida que ainda me resta, farão!

Joseph Mutaboba, há uns meses, mandou interposta pessoa para falar comigo. O telefone toca e eu atendo: “Tenho ordens do Mutaboba para jantar contigo”. Duas bicas, na ‘senegalesa’. A preocupação primeira do Representante (en passant) do secretário-Geral da ONU na Guiné-Bissau era: porquê a UNIOGBIS? Para mim, era óbvio, a pergunta tinha intenção provocatória. E no que me diz respeito, foi uma gafe – e o que as gafes têm de bom é que não perecem com o tempo. Perduram.

Mutaboba também queria, pasmem-se, que eu lhe dissesse os nomes das minhas fontes dentro das Nações Unidas. Isto mesmo que leram! E eu disse ao interlocutor “que tal... tu?”. Eu?! – disparou. Claro que ele nunca foi minha fonte. Mas nessa noite pagou-me o jantar. Mutaboba queria também que eu desse umas tréguas, e, sobretudo, que falasse das 'coisas boas' que a UNIOGBIS tem feito.

De uma outra vez, fui convidado para jantar num restaurante. Quando chego, reparo na composição da sala. Duas mesas estavam ocupadas. Numa, estavam oito pessoas: Reconheci apenas duas: o Joseph Mutaboba, e o Cônsul do Reino de Espanha, señor Pablo. Noutra, o amigo que me esperava para o repasto.

Mal entro na sala, e sou visto, começa a agitação. Alguém engasgou-se, outro tossiu; aqueloutro sussurrou qualquer coisa no ouvido de uma senhora. E o meu amigo, consciente do que estaria para acontecer, deixou os seus pertences na cadeira em frente a Joseph Mutaboba. Agarro nos dois telemóveis, na chave do carro, e sento-me a olhar para a mesa dois oito. A verdade é que uns minutos depois, conferenciam entre eles e...decidem ingloriamente abandonar o restaurante!

Outra verdade, é que a Guiné-Bissau não tem estado à altura dos acontecimentos. Pela simples razão que, muitos atropelos e violações de conduta (a UNIOGBIS tem um codigó de conduta próprio), a única coisa que parece evidente no caso da UNIOGBIS é que tudo vai enterrar no lodo.

Juntaremos, assim, à nossa prateleira de fracassos mais uns crimes sem castigo iguais a tantos outros que por lá ganham pó e são comidos por ratazanas reluzentes. Um rol de vítimas e sem culpados, a fazer lembrar casos célebres de corrompidos sem corruptores. Há que tirar ilações sobre a importância efectiva da UNIOGBIS, na Guiné-Bissau. O que faz e para onde vai. O que houver a proteger só estará cabalmente protegido quando se apurarem responsabilidades a todos os níveis.

Ser da UNIOGBIS não é crime; crime é não ter vergonha disso! AAS

Tribunal de Contas já tem Presidente + Marrocos

Um decreto presidencial nomeou, ontem, o magistrado Alberto Djedjo, como Presidente do Tribunal de Contas.

Djedjo, recorde-se, foi quem comandou a inquirição de testemunhas no caso do assassinato de Hélder Proença e Baciro Dabó - e que Ditadura do Consenso publicou em exclusivo.

Quem sabe se, com a saída de Alberto Djedjo, o famoso relatório que o PGR Amine Saad, prometeu divulgar há muiiiiiito tempooooo conheça a luz do dia...

O PGR, nomeado pelo Presidente da República, está a deixar impacientes os familiares das vítimas, e, soube o DC, a própria Presidência da República. Aliás, o PR Bacai Sanhá já manifestou a sua preocupação a Amine Saad em relação a estes assunto.

Outro decreto Presidencial nomeou Aboubacar Li como embaixador em Marrocos. AAS

Furacão Muita...bomba!

Depois dos posts sobre os apalpanços a mulheres pelos seguranças ruandeses do Mutaboba, e do acidente seguido de fuga do 3º na hierarquia da UNIOGBIS, o representante do Secretário-Geral da ONU na Guiné-Bissau mostrou os dentes.

Ausente do país, Joseph Mutaboba, avisou que ia "tratar" dos seus seguranças, e desabafou que era ele que "queriam atingir"... Pois.

Sobre o escândalo do acidente (recorde-se que esse sujeito atropelou, em completo estado de embriaguês - duas pessoas, em Timor, tendo depois sido expulso, e enviado, claro, para a Guiné-Bissau), está em investigação dentro da própria UNIOGBIS. Talvez o demitam e o enviem para a Líbia...

Está claro que Muitaboba não tem mãos na UNIOGBIS, por causa da indisciplina dos seus subordinados. Aliás, a UNIOGBIS, apurou o Ditadura do Consenso, tem já dez ruandeses contratados - uma secretária/assistente, um responsável pelos assuntos políticos (o nosso conhecido Samuel Gahiji), um responsável pela planificação (de escândalos?!), os cinco seguranças, e, off-course, o boss in charge, Joseph Mutaboba.

Pergunta-se, então, qual é a representação proporcional do Ruanda no objectivo da missão? Em 165 países reconhecidos pelas Nações Unidas, quantos estarão representados? Poucos. Escolhidos a dedo.

Os cidadãos portugueses, principalmente os da UNIOGBIS, são olhados com desconfiança. São tidos como "informadores" ou "agentes secretos". Ao serviço de quem? Tretas!

Como esclarecimento, digo já aqui que nenhum cidadão de língua portuguesa dentro da UNIOGBIS (nacional ou estrangeiro) me dá as informações para o blog. Eu tenho as minhas fontes, e elas, felizmente, estão bem informadas. AAS

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

ÚLTIMA HORA: Angolanos avançam com OPA sobre a Guiné-Bissau...

... Para mudarem o regime para cá. Isto, se 'a síndroma da Tunísia' - convocada para ter lugar «de Cabinda ao Cunene» - der para o torto no próximo dia 7 de março... Vou mas é dormir! AAS

P.S. - A propósito: alugo-me para sonhar... AAS

A estrada mais perigosa do mundo (as da Líbia incluídas)

Ontem, fim de tarde. Café Império. Um Conselheiro do Presidente da República que acompanhou Malam Bacai Sanhá na Presidência Aberta no Sul do país, desabafava sobre a viagem que acabara de fazer. Cansativa - foi a primeira impressão que me veio à cabeça. Será de resto a melhor tirada que ouvi... antes do coronel Khadaffi deixar o poder.

Mas o Conselheiro quase já chorava no colo do companheiro de mesa. Sofrera na pele o desgaste que aquela estrada impõe - e submete - aos incautos e gentes de gabinete. Afinal, referia-se à penosa estrada de S. João (a que vai dar à esquecida e paupérrima cidade de Bolama, a primeira capital, e onde, por azar ou coisas dos deuses, nasce um fruto chamado... Miséria. Como é que pode!): O conselheiro, sobre o seu maior pesadelo: "Nessa estrada, mesmo a andar a pé dão-se acidentes!", disse por entre um salto. E repetiu duas vezes. Queria deixar claro que não mais voltaria a Bolama, passando por essa estrada de S. João. Pelo menos por terra. Ele próprio acabara de sentir um solavanco, ainda que sentado num café, na poeirenta e desolada cidade de Bissau.

Os que o ouviram, deram gargalhadas, e um Deputado sentado na mesa ao lado, riu-se a bandeiras despregadas. Os cinco funcionários da Embaixada da Líbia, sentados mesmo ao lado, pareciam estar numa convenção, e nem reagiram às gargalhadas. Falavam baixo, estavam pálidos, beberricavam chás e sorviam cafés. Estavam, numa palavra, desolados! Tinham cara de enterro - o exílio não é pátria que convém...

Foi sobretudo giro ouvir um conselheiro falar assim, tão descontraídamente, e ligeiramente descaído para trás na cadeira. Ele mesmo, depois de contar isso, assobiou baixinho e levou o indicador aos lábios, movendo-o enquanto assobiava.

Aquela actuação do conselheiro merece uma medalha de ouro! Mas agora só cá para nós: não terá sido obra da Arezki? Sr. PGR, um inquéritozinho se fizer o obséquio... AAS

Adeus, Palace Hotel

Está confirmado: o Palace Hotel muda de mãos a partir de 1 de março. Ontem, houve uma reunião com todos os trabalhadores do hotel, na presença da Inspecção-Geral do Trabalho.

Ditadura do Consenso apurou que foi o próprio director do hotel, Eduardo, quem comunicou O fecho do hotel.

A venda do Palace Hotel (todo o recheio incluído) foi negociado em Luanda entre o proprietário, Tarek Arezki, e as autoridades angolanas. O custo deve ter rondado os 7 milhões de dólares norte-americano.

O destino da centena de trabalhodores do hotel não foi negociado, mas é quase certo que os angolanos precisarão de quem lhes cuide da roupa, dos quartos, do jardim, dos geradores e afins. Para já, começarão as obras de remodelação e ampliação com a construção de novos aposesntos, tudo para acolher da melhor maneira os 600 homens e mulheres destacados para Bissau. AAS

Ditadura do Consenso convoca o Povo guineense

... A exemplo da Tunísia, Egipto, Iémen, Líbia, os guineenses devem sair à rua. Vamos todos parar o País a partir do próximo dia 1 de Março, e exigir verdade e mais direitos!

Antecipemos a manifestação progressista marcada para Angola, para o próximo dia 7 de março, e mostremos ao mundo que vivemos numa ditadura camuflada, cheia de mentiras e pejada de bandidos! António Aly Silva

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Acabo de ter um violento acidente de automóvel na av. Amilcar Cabral. Depois de um raio X, apenas umas dores nas costas. Não foi desta... AAS

A Base (Al-Qaeda, em árabe)

Os 600 homens a enviar por Angola (chegam dentro de dias), ficarão instalados no Palace Hotel, de resto comprado pelo Estado angolano, soube o DC junto de fonte fidedigna.

"Angola comprou o Hotel Palace e terá lá as suas bases (logística e de habitação)", confirmou a mesma fonte ao DC.

Recorde-se que Angola chegou-se à frente, passando uma rasteirada à UE, e comandará todo o projecto da reforma nas áreas de Defesa e Segurança. Depois, logo se verá no que deu... AAS

Biás malgós

O Presidente da República, Malam Bacai Sanha, não terá apreciado a vasta comitiva que acompanha o 1º Ministro Carlos Gomes Jr na sua viagem para Nova Iorque, para participar, na próxima 6ª feira, numa reunião sobre a Guiné-Bissau (reformas da Defesa, Segurança e Administração Pública) no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

"A Guiné-Bissau tem um Embaixador na ONU e não podia estar melhor representado. Uma grande comitiva é um peso enorme para a fraca economia do País", fez saber o PR ao PM.

De facto, a comitiva que acompanha Cadogo Jr é enorme e engloba muitos membros do Governo, assessores e Conselheiros do Primeiro-Ministro. AAS

António Russo Dias, embaixador de Portugal na Guiné-Bissau durante a guerra civil, está em Bissau. AAS

domingo, 20 de fevereiro de 2011

EXCLUSIVO DC/DROGA: A velha rota América Latina-África-Europa...já era!

As Alfândegas do Senegal apreenderam no passado dia 18 do corrente mês, um contentor que continha alguns automóveis, entre os quais um Porsche Cayenne, que, surpresa das surpresas - ou talvez não - trazia, para além do ar... cocaína com pureza acentuada, escondida nos pneus. A droga foi avaliada em cerca de 16 milhões de euros. Foram feitas cinco detenções: dois cidadãos espanhóis e três senegaleses.

Nas investigações que se seguiram, descobriu-se que o destino da carga era... ora, adivinhem lá... acertaram! - a Guiné-Bissau! Isto vem alterar a velha teoria da tão propalada rota América Latina - África - Europa. Ou seja, existe um novo MODUS OPERANDUS, com proveniência em Espanha. AAS

UN - Escândalos de alto a baixo

- Quando vão para as noites quentes de Bissau, o passatempo preferido dos seguranças de Joseph Mutaboba, representante do Secretário-Geral da ONU na Guiné-Bissau, é apalpar o rabo às senhoras. Tudo isto, claro, depois de valentes bebedeiras. Há cerca de um mês, apurou o Ditadura do Consenso, um deles teve essa infeliz ideia, e o resultado foi um violento estalo na cara! As NU sabem do sucedido, mas ainda ninguém agiu;

- Outro escândalo foi protagonizado pelo 3º na hierarquia da UNIOGBIS, em Bissau - um cidadão do Norte da Europa. Depois de ter batido num táxi, fugiu do local do acidente, mas foi encurralado pouco depois pelo próprio taxista. Na confusão que se gerou, começou por negar ter batido; apertado um pouco mais, aceitou, mas tentando subornar o taxista...

As Nações Unidas, apurou o DC junto de uma fonte bem informada, tentam abafar o caso. Mas agora é tarde demais...

Este funcionário da ONU, conhecido por gostar da sua pinga, já esteve em Timor, onde matou duas pessoas por atropelamento, depois de beber uns copos a mais. Foi demitido, e, claro, enviado para Bissau, a eterna terra onde já nem os tiros assustam vivalma! Mais desenvolvimentos amanhã, no Ditadura do Consenso. AAS

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Água mole em pedra dura...

... Tanto bate até que fura. E foi isso mesmo que acabou por acontecer.


Lembrar-se-ão certamente de uma história recambolesca publicada no Ditadura do Consenso, sobre um Mercedes Benz, blindado, que pertencia a 'Nino' Vieira e que a Presidência da República queria? Pois bem, desde o início de fevereiro que o carro está na posse do Departamento do Património da Presidência. Apareceram na oficina e sem mais ais levaram a viatura oferecida pelo Coronel Khadaffi.

A família do presidente assassinado em março de 2009, parece conformada, ainda que tenha razões para achar que tem havido dois pesos e duas medidas neste tipo de tomada de decisões...

Quanto ao Mercedes, permanece estático num canto dos vastos quintais da Presidência. Aposto até que ficará lá o tempo suficiente para que, à sua volta, nasçam vários outros mercedes não-blindados, claro) - pois para isso seriam necessários outros quinhentos... AAS

'República Árabe Saharaoui Democrática' - a eterna mancha

No dia 4 do corrente, um ministro de Estado junto do Presidente da República, garantia a um jornal marroquino que "a Guiné-Bissau defende a integralidade do território Marroquino". Leia aqui: http://www.lematin.ma/Actualite/Journal/Article.asp?idr=110&id=146323.

Uma afirmação feliz, visto que Marrocos é um Estado reconhecido pelas Nações Unidas. Ao passo que a 'República Árabe Saharaoui Democrática' apenas existe no papel. Não é reconhecido pela ONU como um Estado.

De resto, e por causa de um disparate do nosso Protocolo de Estado, ia havendo um conflito com o Reino de Marrocos aquando da tomada de posse de Malam Bacai Sanha como Presidente da República da Guiné-Bissau. 'Decidiram' convidar a RASD e o Rei de Marrocos!

Como Rei que é - Hassan II não é lá muito dado a disparates - o Rei preferiu ficar em Rabat. E, assim, veio o súbdito rebelde em representação do país da areia. No beija-mão que se seguiu, Abdoulaye Wade, Presidente do Senegal, esquivou-se ao aperto de mãos com o rebelede saharaoui. Os outros seguiram-no.

Pois bem. Agora, duranta a visita que efectuou a Dakar para consultas com diplomatas europeus, Carlos Gomes Jr voltou a desafiar o Estado. Questionado sobre o imbróglio, respondeu: "Estamos com a República Árabe Saharaoui". Podem confirmar aqui: http://www.donnetonavis.fr/actu/news/guinee-bissau-soutien-saharaouie_3807.html

Carlos Gomes Jr visitou Dakar enquanto Primeiro-Ministro, e não como Presidente do PAIGC. A eterna confusão partido-Estado perdurará até quando? E, já agora, porque não muda o PAIGC a sua bandeira?: a) Para continuar a confundir analfabetos? b) Porque tem medo? AAS

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

ÚLTIMA HORA: PM com agenda carregada em Dakar

O Primeiro-Ministro, Carlos Gomes Jr, está neste momento reunido com alguns embaixadores de países da União Europeia. A reunião tem lugar no hotel Fleur de Liz, nas Almadies. Portugal fez o lobby junto dos seus parceiros, mas nem todos compareceram à chamada.

Depois, Cadogo Jr terá um encontro com a comunidade guineense radicada em Dakar. AAS

Em Dakar, com eles no pensamento

O general António Indjai, CEMGFA, o Contra-Almirante Bubo Na Tchuto, CEMA e o general Papa Camará, CEMFA, são três nomes que constam da agenda do Primeiro-Ministro na sua deslocação a Dakar, no Senegal.

Segundo uma fonte da comitiva guineense, em Dakar, estes três oficiais das forças armadas, acossados tanto pelos EUA como pela UE de envolvimento no narcotráfico internacional, podem vir a ser presos no Senegal caso pisem o seu território.

Aliás, Bubo Na Tchuto tem confidenciado a pessoas próximas sobre o receio que tem em ir ao Senegal. A Europa e a América, de resto, nunca se conformaram com as nomeações destes três oficiais, nomeadamente, para as chefias do Estado-Maior General das forças armadas, da Marinha de Guerra e da Força Aérea. E querem-nos fora dos poleiros.

O pedido foi feito às autoridades senegaleses, e, como contrapartida, o Executivo guineense compromete-se a ter mão mais dura sobre a guerrilha independentista e separatista de Casamance que impõe a Dakar uma desgastante guerra de guerrilha.

Neste momento, a estrada que liga Pirada a Tambacounda (via Velingara) encontra-se fortemente patrulhada por militares senegaleses.

Mas há o reverso da moeda. O Senegal quer, por exemplo, saber o porquê de haver ainda dezenas de cidadãos guineenses refugiados no seu País, e o motivo porque lhes é tolhido o regresso a casa. E pedem ainda uma maior aceleração nas investigações que levem à barra da Justiça todos os implicados nos crimes de sangue ocorridos em 2009 (general João Bernardo 'Nino' Vieira, Presidente da República eleito e em funções, o Helder Proença, Deputado da Nação, e o Baciro Dabó, candidato presidencial).

Manifestações mil

Está a chegar o mês de Março, e cidadãos anónimos, outros nem tanto, preparam uma vaga de manifestações para pedir a aceleração dos processos de investigação aos assassinatos de 2009.

Ditadura do Consenso apurou junto da organização de uma das manifestações, que será igualmente pedida a demissão do Procurador-Geral da República, Amine Saad, por este não "ter condições para trabalhar", apesar do esforço em "provar o contrário".

Pelo menos, quatro manifestações estão a ser programadas. Uma para o dia do assassinato do ex-CEMGFA Tagme Na Waié, e três para o dia a seguir - assassinato de 'Nino' Vieira. É caso para dizer que, em Bissau, a temperatura baterá todos os recordes... AAS

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Desculpem lá...

"Open your eyes and look within, are you satisfied with life you're living?" - Bob Marley, "Exodus"

"Freedom Road - The Tracks of the Journey, foi um dos discos que comprámos no Mali - o outro é um DVD que documenta o percurso, e a morte, de Bob Marley.

Nesse documentário, há uma cena onde Marley é entrevistado por uma jornalista norte-americana que parecia assustada. Ele, todo pedrado, respondia às perguntas estúpidas com uma ironia tirada dos intestinos. "O que os outros fazem da sua vida (referindo-se às drogas) é com elas. Eu, ocupo-me da minha vida".

Também trouxemos o "Nouvelles Cordes", de Toumane Diabaté & Ballake Sissoko, assim como "Kaira", igualmente de Toumane Diabaté - um álbum quase só de korá e cordas, que nos deixou satisfeitos. Bem conseguido, de resto.

Da 'colecção' fazem igualmente parte Sarah Vaughan com "A Miracle Happened", "The Essential" de George Benson, e dois franceses: Francis Cabrel, com "Des Roses & Des Ortis" e ainda um pack com 3 cd's do volume II de "Chansons Françaises", com artistas como Lara Fabian, Françoise Hardy, Georges Brassens, Adamo entre outros.

Completam o cardápio os cd's "The Best of Soul" (vários artistas), e ainda Vieux Farka Touré. A cereja em cima do bolo, porém, responde pelo nome "The Very Best Of" - Sting and The Police. Temas como "Roxane" entre outros êxitos do inglês, deixaram-nos por um momento nostálgicos. AAS

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

ÚLTIMA HORA: Polícia dispersa jovens com tiros para o ar

Hoje, por volta das 20 horas, vários tiros deixaram a população de Bissau em alerta máximo.

Ao que DC apurou, tudo começou com uma manifestação de protesto de jovens do bairro de Chão de Papel Varela. Os jovens acusam um homem de ser "um feiticeiro", e de ter "morto" um amigo seu.

A Polícia de Intervenção foi chamada ao local, tendo disparado vários tiros de pistola e AK-47. Depois dos tiros, DC testemunhou a correria da população, preocupados com os seus familiares. Os jovens bateram em retirada e o bairro de Chão de Papel Varela voltou à pacatez de sempre. AAS

Arezki 'oferece' 40 metros de alcatrão para tapar pouca-vergonha na avenida principal

A empresa Arezki, que ganhou o concurso para a construção da estrada que liga a cidade de Bissau ao aeroporto Osvaldo Vieira, 'ofereceu' cerca de 40 metros de estrada - a que corta o Ministério dos Negócios Estrangeiros esquisitos, para cobrir a vergonha e a anarquia que reinam na construção da estrada principal (avenida dos Combatentes da Liberdade da Pátria).

Não há nenhum tipo de coordenação com a polícia, nem sinalização, muito menos regam a estrada por causa do pó. Os acidentes subiram em flecha e os atropelamentos de peões também.

Ontem, à entrada da chapa de Bissau...havia cinco faixas de um dos lados da estrada! Cinco! Uma autêntica escravatura, aquela que os trabalhadores (sobretudo guineenses) passam, cavando à mão as valas laterais, amassando cimento com pás em vez de máquinas... E ganhando 1.500 fcfa por dia!?

Aposto aqui que assim que começarem as primeiras chuvas, em vez de alcatrão...teremos um rio de pedras; e nas valas, pessoas a gritar por socorro. Não é a primeira vez que a Arezki faz e desfaz na Guiné-Bissau. Mas como pagam tudo e todos... AAS

Comité Central do PAIGC obriga e obtém minuto de silêncio

A Resolução Final da 1ª Sessão Ordinária do Comité Central do PAIGC (6 a 8 fevereiro), decorreu num clima de alta-tensão. Quase se chegou a vias de facto, em que Botché Candé foi o protagonista, ameaçando Roberto Cacheu por este ter criticado o presidente do partido, Carlos Gomes Jr.

Também Daniel Gomes, ex-ministro da Defesa travou-se de razões com o porta-voz do PAIGC, Cancan, tendo-o apelidado de ser um PIDE e locutor do PFA na Guiné Portuguesa. Quente, como se pode ver...

Martinho Dafa Kabi, foi outro dos protagonistas. Propôs e obteve um minuto de silêncio a favor das vítimas dos assassinatos políticos de 2009. Mais: o Comité Central do PAIGC, na sua resolução final, "Repudia os actos que originaram os assassinatos perpetrados no decurso do ano 2009 dos camaradas Tagme Na Waie, João Bernardo Vieira 'Nino', Hélder Proença, e Baciro Dabó, que constituiram acontecimentos funestos na vida da Nação Guineense". O CC solicita ainda o Governo que crie "as condições necessárias e indispensáveis para a conclusão do processo de investigação dos assassinatos das eminentes personalidades citadas no ponto 19" (vide o parágrafo anterior).

O Comité Central decidiu ainda "reiterar e subscrever a posição já assumida pelo Governo e o Bureau Político do Partido a relativamente aos assassinatos" dos mesmos. AAS

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Viajar no pensamento

"Adorei os relatos da viagem... Acho que de certo modo, também viajei pelo Mali!
Beijinho,
LG
(Lili)
"

M/N. ... E viajar é olhar. Bjs, AAS

Guineense é bom

"Caro irmão, Aly Silva

O Senhor é um verdadeiro GUINEENSE! Amo, por vezes, ultrapassando os meus limites, a GUINE-BISSAU! O seu gesto, a simplicidade e a humildade, denotam a nobreza de um GRANDE GUINEENSE! Esta atitude, é uma Andragogia/Pedagogia, que caracteriza a nossa forma de ser/estar GUINEENSE. Os meus parabéns! Continue a trabalhar como até aqui, porque é muito importante para todos nós, no País e na diáspora! Estou muito emocionado e orgulhoso de si, acredite! Todos, queremos o melhor, mas mesmo o melhor para a nossa PÁTRIA!
Um grande abraço irmão.
Filipe Sanha
"

M/N: Obrigado, amigo. Um abraço. AAS

O caminho para a perdição

Saímos de Bamako no dia 8, com destino a Kayes - 680 km de estrada alcatroada (os últimos cem um pouco maus). A andar 130/140 km hora, e a 65 km do nosso destino, calhou-nos um buraco mais largo do que o nosso carro. Um baque forte e seco deixou-me em alerta e com os sentidos apurados. Uns kms mais adiante, decidi, por instinto, parar para atestar o depósito de combustível, e...tinha o pneu esquerdo da frente furado. Mas, felizmente, ainda estavámos no Mali!

Colado à estação da estação de serviço, onde abastecemos (eram umas 20:30h), vimos fogareiros a crepitar e alguma agitação) "Colam pneus aqui ao lado", disse-nos o afável empregado da 'bomba'. Deixei o carro descair uns trinta metros e já está. Parecia magia. Fermé! Mas havia um número de telemóvel escrito a tinta de óleo, no muro. Liguei e passei ao Mussá. Tínhamos acabado de travar amizade com o Mussá, e o nosso socorro vinha a caminho.

Pusemo-nos então a conversar com o Mussá. Um jovem na casa dos 20 anos, alto e fino como um ponto de exclamação, mas bastante inteligente. Via-se que estudou. E que sabe do que fala. Gabou o trabalho feito pelo Presidente Amadou Toumane Touré (ATT, como o tratam por todo o Mali), mas também reconheceu que faltava fazer alguma coisa (Roma e Pavia não se fizeram num dia, e o Mali agora completou 50 anos de independência. Dou um exemplo: se a Guiné-Bissau completar 50 anos de independência, e estiver desenvolvido como o Mali que eu vi, então podemos estar descansados. Mas a Guiné-Bissau, coitada, não tem, ainda, os seus filhos mais capazes a governar. Só vemos analfabetos, analfabrutos e um mar de incompetentes funcionais!

Chegou o nosso salvador. Vinha com um sorriso estampado no rosto, e trazia a farda de trabalho vestida. Olhou para o pneu que eu já tinha começado a desmontar (o tempo era essencial), e pediu-me que me afastasse, coisa que fiz. Tirou o pneu, colou-o e voltou a montá-lo em menos de meia hora. Pagámos e selamos aquele momento com um aperto de mão e a felicidade em todos os rostos.

Chegámos a Kayes e fomos directos ao hotel. Havia quarto, e, imaginem, água quente na casa de banho! Foi uma benção!!! De manhã, ao pequeno almoço, telefonei a agradecer ao mecânico salvador. Infelizmente o meu bambaram não tinha progredido desde a noite anterior e peço ao recepcionista para fazer de intermediário. Este também muito simpático, traz um folheto consigo. Era do turismo da cidade de Kayes. Ficámos a saber que decorria o Festival International Kayes Medine Tamba. Por falta de tempo e, no fundo, já saciados de festivais de música, decidimos ir visitar o forte, ainda que não estivesse nos nossos planos. A estrada para o Forte de Medina - perguntei ao funcionário do hotel - é boa? Dá para ir, respondeu. E lá nos metemos ao caminho. Assim que atravessámos a linha férrea que liga Mali ao Senegal, quase que perdi a esperança na humanidade. A estrada – se é que a posso chamar assim – mais não era que um amontoado de pedras que pareciam brotar do chão como cogumelos (a sua pavimentação, entretanto, está para breve, como mais adiante se verá).

Nem percorremos dois quilómetros, quando precisei de fazer uma travagem... carrego no pedal do travão, e senti-o fugir até fazer contacto com o chão do carro. Estava sem travões. “Pas de freins!” – disse para o nosso ‘guia’. Descontraído, apenas respondeu «ah, ok! Mais c’es déja lá le fort». E lá continuei a guiar por uns bons 10 kms, sem travões e num carro de caixa automática! Até que vislumbrámos, ao longe, os traços do Forte. Uma dezena de camiões circulavam pela ‘estrada’ (há uma mina de brita na estrada que leva ao forte), levantando uma enorme nuvem de pó branco.

Chegámos. O Forte de Medina, situa-se a 12 kms de Kayes e data do século XVIII. Foi erigido em 1885 pelo general francês Faidherbe para proteger a cidade de Medina contra os ataques das tropas toucouleurs d’El Hadj Oumar Tall, que ameaçavam os interesses comerciais franceses. Visitámos a messe dos oficiais, a residência do comandante, a campa de Marie Duranthon (filha de um explorador francês da época), a prisão, o monumento aos mortos. No exterior do Forte, visitámos o mercado dos escravos, a gare ferroviária, o cemitério Real (onde repousam Hawa Demba Diallo - que cedeu a Faidherbe o terreno para a construção do Forte), e a torre onde era guardada a reserva de ouro da França durante a II Grande Guerra. Repousam, assim, no impotente Forte, mais de dois séculos de história.

O Forte está em reconstrução, e os trabalhos avançam a bom ritmo. O Presidente do Mali, ATT, foi quem colocou a 1ª pedra, o que mostra a vontade que o País tem na recuperação e na preservação do seu passado histórico, que é isso mesmo – História. E a nossa ‘estrada para a perdição’, a que leva ao Forte e nos custou os travões, será finalmente alcatroada. Uff!!!

De regresso, fomos a uma oficina e resolveu-se o problema. Um pedregulho partira um dos cabos e um líquido escuro pastoso colou-se à jante. Seguimos depois para o hotel Maida, para agradecer ao Mussa, o nosso ‘guia’, o facto de nos ter sugerido essa visita ao Forte de Medina, na cidade de Kayes, de onde é natural.

A nossa ideia era dormir em Bissau no dia 9, mas já não fomos a tempo e ficámos a dormir num hotel muito simpático em Koukandé, com um grande jardim.

Voltamos a fazer-nos à estrada pela manhã, depois de um pequeno almoço com pão, mel, café e leite. Mais oitenta e tal quilómetros até Diboli. A viagem fez-se de um só fólego. Depois, tínhamos muita estrada (má) até Tambacounda e ainda havia que chegar a Velingara. E é no Senegal onde tudo quase cai por terra. Como não havia nenhuma placa de sinalzação a indicar Guiné-Bissau (o que mostra o grande respeito que o Senegal tem por nós), só havia uma coisa a fazer: perguntar. Acontece no entanto que pusemos mal a pergunta. E fomos induzidos em erro. Em vez de entrarmos em Ouassadou, seguimos a estrada e fomos dar a Diaoubé. A Gendarmerie mandou-nos parar, e, meio educadamente meio a gozar na nossa cara, mandou-nos dar meia volta e seguir para Ouassadou. «Têm que sair pela fronteira onde entraram», disse-nos o gendarme. Mas estava enganado. Podíamos entrar, garantiu-nos um polícia senegalês, na fronteira de Pirada, em qualquer uma. Estávamos a sair do território do Senegal.

Mal atravessámos a fronteira, voltámos a ficar sem travões. Porém, desta vez, não havia mecânico, a não ser 53 kms mais à frente – ou seja, em Gabú. Lá conseguimos chegar, sem precalços de maior. O único senão foram as lombas (ou melhor, muros) que a população ergue nas estradas, junto às povoações. Cada uma mais alta do que a outra. Em Gabú, parei num mecânico para me certificar do problema. Era um cabo partido, mas agora do lado direito. Decidi não ‘perder tempo’ e arranquei rumo a Bafatá – uma estupidez. Felizmente tudo correu bem. Bafatá/Mansoa, também. E assim continuou até Bissau.

Quando cheguei à Chapa de Bissau, por volta das 15:30, era o caos: de um lado da estrada, de repente havia cinco faixas de carros. Camiões da Arezki numa grande azáfama, ninguém controlava o tráfego, não havia um polícia. Era a Bissau que deixarámos havia uma semana. E de que dá pena falar... AAS

3.265 quilómetros depois: Bissau, e o caos da empresa Arezki... AAS

Aly & Cia, no território da Guiné-Bissau. AAS

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Uma história histórica

"Durante o período de partido único, concretamente após 1980, sendo João Bernardo Vieira, vulgo NINO, Presidente da República, conspirava-se nos bastidores do poder de forma activa e zelosa, a possibilidade de nomear um determinado fulano, para cargo de chefia, pela sua servilidade para com o poder instalado. Na decada de 90, o fulano em questão, passa de simples servidor, para lugar de confiança do Presidente NINO, chegando a existir actos de ciúmes entre os companheiros de armas e o dito fulano, por ser a partir de um determinado momento o HOMEM DE CONFIANÇA.

Dá-se a guerra de 7 de junho em 1998, NINO parte para o exílio, o fulano em questão permanece na Guiné. Concorre ao cargo de Presidente do partido de NINO, ganha e por sequência, concorre as eleições onde consegue uma vitória sem precedentes na nossa história democratica. Nino regressa em 2004 como candidato as presidênciais. É eleito. Começa um novo período da nossa história, que culmina com o discurso do dito fulano em Cabo-Verde, onde afirma que nunca irá coabitar com um General Bandido. Tinha acabado de fazer história por ter advinhado o futuro.

O fulano que foi servil e obediente a NINO, dá-se pelo nome de Carlos Gomes Júnior. Não posso deixar de pensar como tudo seria diferente se a história tivesse conhecido outro rumo: se NINO nunca tivesse conhecido Carlos Gomes Júnior, se Carlos Gomes Júnior nunca fosse presidente do PAIGC e por fim se não tivesse ganho as eleições.
As acções de um indivíduo, por mais ambicioso e versátil que seja, dá-se no entanto, em circunstância histórica precisa. Sem a guerra de 7 de Junho, Carlos Gomes Júnior, não teria ido longe e provavelmente NINO ainda estaria vivo.

Quem lê com cuidado os livros de história sobre as coisas que se passam, descobre sempre que eles podiam não se ter passado assim – o que se torna numa ideia alucinante porque mostra a fragilidade com que se provocam, se decidem os grandes acontecimentos humanos, a facilidade com que ocorrem desastres, a facilidade com que o amigo se transforma em inimigo, a facilidade com que a tolerância se sobrepõem a violência, a estupidez à inteligência.

A história não é um resultado de leis objectivas ou de forças ocultas, mas de actos de pessoas com nome, com rosto que, no meio de cruzamentos de azares e sortes, podem optar entre o mal e o bem, entre o delírio e a sensatez. Se olharmos para África, numa perspectiva de destuição verificadas nas últimas decadas, assistimos por exemplo, o infortúnio do Congo, que depois de sofrer um colonialismo sangrento teve ainda que suportar Mobutu e a boa sorte da África do Sul com Mandela.

Fecho este ensaio, perguntando a mim próprio, que mentalidade se forma para que o crime continue na nossa vida quotidiana, apesar dos avanços democráticos conseguidos, das medidas de solidariedade instituídas, das esperanças entre nós?
Resta risignar-me à minha própria impotência, e reconhecer que a história repete-se.

H. F. P
"

Guiné-Bissau: o falso dilema europeu

Por Paulo Gorjão*


A União Europeia abandonou a táctica do pau e da cenoura em relação à Guiné-Bissau e quer usar apenas o pau. Será o mais conveniente? Na semana passada, a União Europeia (UE) decidiu suspender a ajuda financeira que tem vindo a dar à Guiné-Bissau. Não fosse a intervenção de Portugal e a UE teria igualmente congelado os bens e proibido a deslocação à Europa de diversos altos responsáveis do país.

Este endurecimento da posição da UE em relação à Guiné-Bissau não é propriamente uma surpresa. No ano passado a UE já tinha optado por não renovar a missão para a reforma do sector da segurança na Guiné-Bissau. No seu conjunto, estas decisões revelam que, nas actuais circunstâncias, aparentemente a UE não pretende continuar com a sua estratégia de engajamento em relação à Guiné-Bissau. Será a decisão mais acertada?

Mesmo que concordasse com a posição da UE, Luís Amado teria sempre de tentar defender os interesses da Guiné-Bissau em Bruxelas. Afinal, na sua relação diplomática com os países de língua portuguesa, Portugal reivindica para si o estatuto de principal defensor dos seus interesses em Bruxelas. De qualquer modo, tendo conta a posição que assumiu na semana passada, Luís Amado parece ter uma noção muito clara do que está em jogo.

Nesta altura a UE parece inclinar- -se para a adopção de uma estratégia de contenção, que privilegie instrumentos de natureza repressiva e que favoreça o confronto político. Mais do que com a cenoura, nesta fase a UE quer acenar com o bastão à Guiné-Bissau. Todavia, esta estratégia, se vier a ser adoptada, muito provavelmente estará condenada ao fracasso, uma vez que a UE não tem a influência e os recursos de poder necessários para impor a sua vontade aos actores políticos e sobretudo às chefias militares da Guiné-Bissau. Dito de outro modo, a UE tem capacidade para causar danos, mas não tem poder para alterar o curso dos acontecimentos. Logo, tanto quanto é possível prever, a implementação de uma estratégia de contenção não parece ser uma abordagem vencedora.

Acresce que, sem a ajuda financeira da UE, a Guiné-Bissau procurará reforçar outras alianças. As visitas nos últimos nove meses de diversas figuras políticas e militares da Guiné-Bissau a Angola, ao Irão ou à Líbia ilustram bem algumas das opções disponíveis. Inevitavelmente, sobre isso não haja ilusões, o espaço vazio deixado pela UE será ocupado por outros actores. Na sequência da decisão tomada pela UE na semana passada, a promessa imediata da África do Sul e do Brasil de apoio à Guiné-Bissau é um sinal claro disso mesmo.

Na prática, se adoptar uma estratégia de contenção, a UE abdica, sem qualquer contrapartida, da pretensão de exercer alguma influência positiva na Guiné-Bissau. No pior dos cenários, uma estratégia de contenção poderá mesmo contribuir, de forma passiva e activa, para reforçar a espiral rumo ao estatuto de estado falhado, ou a consolidação da Guiné-Bissau enquanto narcoestado na África ocidental.

Em suma, a UE tem à sua frente um falso dilema. Na verdade, Bruxelas não tem uma alternativa credível e eficaz, pelo que a manutenção da estratégia de engajamento, seguida nos últimos anos, é uma inevitabilidade. Na melhor das hipóteses, a UE pode reformular a estratégia de engajamento de modo a assumir uma natureza mais mitigada, num processo a que Portugal prestará seguramente especial atenção.


*Paulo Gorjão, é director do Instituto Português de Relações Internacionais e Segurança (IPRIS)

Bamako by night

Acordamos, depois de uma excelente noite. Jantámos 'à Mali' numa rotisserie - carne de carneiro assada num forno a lenha. Muito bom. Depois, fomos ao' Le Terrasse', um bar giro, que fica num primeiro andar pendurado sobre uma rua (toda ela cheia de bares e restaurantes).

Depois, fomos ao 'Bla Bla Bla'. Conversa vai conversa vem, bebemos uma garrafa de bom vinho francês. O espaço é lindo, com duas salas sendo que uma delas fica a céu aberto.

No meio dos dois bares, havia uma cave com vinhos e champanhe francês - fechada a essa hora. Com muita pena nossa...

Havia música ao vivo tocada por tuaregues que envergavam trajes de um azul fantástico. Nas paredes, havia pinturas apenas de mulheres - cada uma mais bonita que a outra.

Hoje, tomámos café de cápsula no 'Relax'. Estamos a preparar-nos para os 680 quilómetros que nos separam de Kayes, onde dormiremos. Esperam-nos depois mais 83 km até à fronteira com o Senegal.

Numa palavra: estamos a adorar cada dia que passamos no vasto Mali. Um país com um povo adorável e simpático. Havemos de voltar. AAS

Paún...quê?!

"Aly,

Estou a adorar as crónicas da tua viagem ao Mali. Como sinto saudades das incursões que fiz ao longo desse fabuloso rio de que falas nos teus roteiros, pela Guiné Conacky até às zonas fronteiriças do Mali. Nunca estive em Bamako, talvez um dia possa realizar esse meu sonho.

Adorei essa do carro do corpo diplomático. No meu tempo, usava a artimanha de sempre quando me eram pedidos os documentos: punha dentro do passaporte uma nota de um dólar (USD). Funcionava. O problema era a quantidade de vezes que tinha de o fazer...

Um bom regresso a casa. Sei que vais passar muito perto de Paúnca - como estará?

Um Grande abraço,
A.B.
"

M/N: Grande Avelino. Obrigado pelo e-mail. O Mali é extraordinário. E Paúnca, lá pelos lados de Gabú...está à imagem da Guiné-Bissau: una mierda! Abraços, Aly

Há, mas são poucos

"Olá amigo Aly

O teu 'Repórter Notebook' ou seja os teus diários a partir do Mali têm sido excelentes. Leio-os logo de manhã e antes de ir para a cama.

Os teus contos, o ambiente, as cores, a vida, e tudo o que tens observado fazem-nos sentir como se estivéssemos lá contigo em Ségou. Mas também vamos aprendendo com o civismo da vida política e social dos malianos. Isto que é ser-se Jornalista! Aliás, há poucos jornalistas lusófonos com uma tal habilidade.

Portanto, amigo, obrigado mais uma vez pela boa fé e pela grande vontade em compartilhar esta grande aventura com os teus leitores. Um grande abraço!

U.D.
"

M/R: Meu caro, sempre atento. Outro abraço, Aly

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Bamako

Chegámos a Bamako. 240 quilómetros em menos de 2 horas! Prego a fundo, 120/140 km/hora e cá estamos de novo nesta metrópole africana. Bamako respira vida em cada esquina, em cada avenida, em cada rosto.

Quando estavámos quase a chegar, um polícia quis 'testar-me'. Encosto o carro e ele diz "bonjour, ça va?". - Oui, ça va três bien monsieur, atiro. Depois, o caldo entorna-se: há uma infracção, diz-me todo sério, e explicou. No Mali é proibido circular de vidros fumados. Ora essa! Saí do carro disparado e disse-lhe que havia entrado na fronteira mas ninguém me avisara desse pormenor durante os quase três mil quilómetros. Insistiu. E eu também. A multa, disse-me, são 15.000 fcfa. Respondi à minha maneira: não pago nada! Começou a mudar de cor. Primeiro ficou azulado, depois púrpura.

Olhou-me como se lhe tivesse dito que a lua é em forma de losango. Vous ne paye pas? - perguntou. E confirmei oui, je ne paye rien! E depois lembrei-me de uma conversa no dia em que chegámos a Bamako: "Já reparaste que a tua matrícula é CD? Passa muito bem aqui por corpo diplomático". Olhei para o polícia e sorri: "Mon ami, ma voiture est corps diplomatique". E ele foi à parte da frente, inclinou-se e leu 33-50 CD. Voltou-se para mim e, derrotado, sorriu e só lhe ouvi: "Monsieur, on tolére ça. Je vous souhaite bonne route". E lá fomos à nossa vida, ou melhor, à estrada.

Fomos recebidos em Bamako pela D. Glória e pelo seu marido, o Soumarré (durante a primeira estada, só estava o Soumarré). Casal simpático, ela portuguesa e ele um economista maliano. Mandei o carro para mudar o cinebloco da frente e um amortecedor (vinham a pedir mudanças desde Bissau). E depois fomos almoçar a um dos muitos restaurantes libaneses de Bamako.

Ouvimos dizer que há uma professora portuguesa a leccionar na universidade católica de Bamako, e que se sentia muito só. A minha companheira de viagem, mais a D. Glória, vão visitá-la hoje. Mas primeiro terão que a encontrar.

Amanhã saímos de Bamako e dormiremos, creio, em Kayes, que fica a 83 quilómetros da fronteira com o Senegal (dormiramos lá no dia em que entrámos no Mali. Um hotel de merda, com electricidade, mas com a luz tão fraca, tão fraca que a luz da vela fica a rir. Hoje, disseram-nos que havia para lá mais hotéis, mas não sei se vamos procurar outro hotel. Tudo aqui é vasto, enorme, hiper! Mas tudo funciona às mil maravilhas.

Bamako, Bamako. AAS

Le dimanche a Bamako, c'est le jour de marriage

É o fim de festa. O Festival Sur Le Niger encerrou ontem. O duo Amadou et Mariam fechou com chave de ouro esta 7ª edição do FSLN, em Ségou.

Aliás, foi a noite mais quentinha das três que cá passamos, e, para mim, a mais dançada deste festival. Arrastamo-nos penosamente para o carro e depois guiamos em direcção ao hotel.

Hoje, há pouco, vinha a guiar distraído a ouvir Vieux Farka Touré...e priiiiiiiiiiiiii! Polícia. Não Parei para dar passagem a outro veículo. O polícia: o sr passou sem ter prioridade. Sim, sr guarda. Tem toda a razão. Ele: ou passo-lhe uma multa para pagar no comissariado ou, agora pasmem-se, "resolvemos isto entre nós". Quanto é a multa? - perguntei. Ele respondeu: 3.000 fcfa. Como ainda tinha que ir à Western Union, e estava um pouco cansado para dar voltas numa cidade que mal conheço (as ruas pareceram-me todas iguais), lá resolvemos a coisa entre nós. Duas notas de mil passaram da minha mão para as do polícia e lá fomos à procura de uma agência.

Hoje, regressamos a Bamako. A viagem para Djenné fica adiada. Seriam mais 700 quilómetros a juntar aos mais de 1.400 já feitos. Para mais, já fiquei sem um pneu (tinha 3 pregos) e tive que comprar mais dois.

Saímos de Ségou dentro de momentos, para mais 240 km de boa estrada. Amanhã, contamos atravessar a fronteira e entrar triunfantes na Guiné-Bissau. AAS

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Dance, dance, dance

O Mali tem-nos surpreendido pela positiva. O hotel onde estamos instalados é simpático, fica na margem do rio Niger e chama-se (apena por coincidência) Faro. Tem wi-fi, mas não tem água quente, um bem necessário por cá. À noite, faz um frio de rachar!

Reparei na organização das cidades. Por exemplo, em Kayes, uma cidadezinha, está tudo sinalizado. Até para os deficientes motores! E em Bamako, nas grandes avenidas com quilómetros de extensão, há corredor próprio para as milhares de motas. Nas três pontes três que atravessam a cidade, também.

Ontem, assim que nos instalamos no hotel, fomos dar uma volta pelo centro de Ségou. Quando fiz a curva para ir comprar os passes para o festival, ouvimos uma sirene e vimos as luzes. Encostei o carro e vimos passar um jeep, mais outro e depois um Peugeot 605, com a chaparia bastante amolgada. Uma coisa chamou-me a atenção: a placa de matrícula do jeep que trazia a sirene e as luzes. Dizia PRM - ou seja, cruzamo-nos com o Presidente da República do Mali - Amadou Toumane Touré, carinhosamente tratado por ATT. Da sua residência, no alto de uma das colinas que cercam a capital, dizem os malianos "il regarde tout Bamako".

Não vimos militares na escolta, nem toda a parafernália a que estamos habituados a ver na Guiné-Bissau, ou, por exemplo no Senegal ou noutros países africanos. O Presidente do Mali, viaja num velho Peugeot 605, todo amolgado...

"No Mali, quem tentar um golpe de Estado terá todo o povo (cerca de 13 milhões de pessoas) atrás de si", disse-nos um maliano que também conhece a Guiné-Bissau. Há uns anos atrás, um ministro, o mais amável que o Mali conhecerá, foi à Universidade para tentar acalmar os ânimos dos estudantes em fúria, mas... Foi assassinado! Assim que saiu da viatura oficial, enfiaram-no um pneu e atearam fogo. Outro exemplo: o Governo decretou o uso do capacete - no Mali, sobretudo em Bamako e em Ségou...as motorizadas são aos milhares! - mas as mulheres protestaram: quem iria pagar-lhes as contas do cabeleireiro? A lei ficou na gaveta até hoje. E elas parecem felizes nas suas motas chinesas. E estão por todo o lado. Partout!

Ontem, fomos finalmente ao palco central do Festival sur le Niger. O palco está montado numa das margens do rio Niger. O problema são os espectadores... Sentamos todos perigosamente inclinados na direcção do rio. Explico: a plateia é bastante inclinada. Simplesmente, é o local onde os barcos, depois de reparados, se fazem à água, escorregando que nem patinhos feios.

Vimos muitas quedas, umas mais aparatosas que outras, mas todas com a sua piada. Gente houve que após estar sentada, foi escorregando até dar conta de que estava em cima de outro alguém. Vimos os concertos do Ismael Lo e do Toumane Diabaté, os dois fantásticos. O senegalês cantou grandes êxitos, e o velho não perdeu a genica. Saímos por volta da uma da manhã. Cansados, mas satisfeitos. AAS

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Hoje, Ségou. Festival sur le Niger

Saímos de Bamako, rumo a Ségou para o Festval sur le Niger, percorrendo os 280 quilómetros de bom alcatrão.

Hotel, arrastar a bagagem. Instalarmo-nos. Estamos exaustos mas confiantes. De seguida, uma viagem ao centro da cidade e umas compras: dois turbantes (em Roma, sê romano) e dois panos lindos.

Comprámos os bilhetes para os três últimos dias do festival (4, 5 e 6 fevereiro) e depois fomos 'almoçar' - coisa que estamos a fazer enquanto escrevo este post.

Lemos e-mail's de amigos. Respondemos a uns. Responderemos a outros mais tarde. Ou talvez amanhã. Ségou está cheio de gente (turistas europeus) e de vida.

Para já, tudo corre bem. A única coisa que me cansa é a barulheira. Mas tenho de aguentar isto. Depois de Ségou, ainda vamos a Djene visitar a senhora Mesquita que é Património Mundial da Humanidade. AAS

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Aly no Mali

Alin li. No Mali, um País que é um quase-continente, depois de mais de 1000 quilómetros de estrada. Saímos de Bissau, fomos até Gabú. Dali, seguimos para Pirada. Depois, Tambacounda e Kayes. O Toyota portou-se uma vez mais à altura - I Love cars from the USA. Period!

Algumas considerações sobre o Mali, nomeadamente e por enquanto, Bamako - a grande urbe. Dormimos ontem em Kayes, uma cidade com alguma coisa para ver mas que ficará para uma próxima viagem. Hoje fizémos os 680 km que separa Kayes da capital, Bamako. A estrada, um mimo. Os agentes de fronteira e da alfândega foram extremamente simpáticos - Gâmbia, rói-te de inveja. O povo, trabalhador e até certo ponto disciplinado. Entretanto, fomos 'aliviados' em 20.000 fcfa por um polícia. Foi um roubo. Coisa curiosa: vimos mais de 5 vacas mortas, todas à beira da estrada. Curioso, e de certa maneira irónico, foi ver como um outrora majestoso cavalo castanho, perdeu a vida...à beira de um rio. De sede não foi, com toda a certeza...

Bamako tem três senhoras pontes suspensas sobre o Rio Niger (uma por inaugurar, contudo já concluída). Aqui não há a nossa eterna cantata do luz bim, luz bai...luz tem!!! Antes do jantar, fui comprar cd's: The Best Of Soul, Freedom Road (Bob Marley), The Essential - George Benson e Francis Cabrel com Des Roses & Des Ortis.

Depois, jantámos no Savana. Frescos que nem uma alface, aliás nem parece que acabarámos de fazer quase setecentos quilómetros a conduzir. Um restaurante agradável e com boa comida, e mesmo ao nosso lado estava o presidente de um partido político, que, garantiram-nos, é dos mais proeminentes do Mali. Nova geração, portanto. O Mali - que de acordo com estudos efectuados, caminha para uma quase-tragédia, com cerca de 98% do seu território a sofrer de uma espécie de 'síndroma de desertificação' - está a crescer a olhos vistos. Durante a viagem Kayes/Bamako, cruzámos com mais de uma centena de camiões TIR carregados com todo o tipo de mercadoria, na direcção do Senegal e vice-versa.

Saímos de Kayes às 9.30 da manhã e chegámos a Bamako pontualmente - como no poema de Lorca - a las cinco em punto de la tarde. depois de algumas paragens obrigatórias.

Hoje, dormimos em Bamako e amanhã rumamos a Segou (240km) para o "Festival sur le Niger". Ficaremos 3 noites, e depois, lá apanharemos a estrada novamente: Djene (140 km), para visitar a Grande Mesquita que é Património Mundial da Humanidade. Oh, lá, lá.

A companhia para esta viagem não podia ser melhor; melhor, não podia querer outra, de resto. Contas feitas para esta aventura extraordinária: Bissau/Bamako/Bissau: mais de 3.000 quilómetros de estrada. AAS

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Ausência de força angolana faz UE adiar cumprimento de sanções

A União Europeia suspendeu - por agora - o cumprimento de sanções impostas a oficiais generais das forças armadas guineenses, ontem tornada pública via agências de notícias.

Fonte do Ditadura do Consenso garante que a ausência, por enquanto, dos militares angolanos nos País é que deixa em banho-maria tal cumprimento a decisão de Bruxelas.

Todos os nomes

Para além de António Indjai e Bubo Na Tchuto, citados na LUSA e na France Press, Ditadura do Consenso apurou que da lista europeia constam ainda nomes como o de Papa Camará, Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, do ex-médico de 'Nino' Vieira, Tcham Na Man e o próprio ex-CEMGFA Zamora Induta.

A detenção dos cinco implicados será feita pelos militares angolanos, ainda segundo a nossa fonte. AAS