segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Habeas Corpus

Não há nada a fazer. O boato está a dar cabo do nosso País neste seu penoso processo para voltar a ser levado a sério. A tarefa é árdua, para mim é mesmo impossível - na esperança de que os optimistas me perdoem o realismo.

O pretexto, agora, foi (é) o estado de saúde do Presidente da República, Malam Bacai Sanha, hospitalizado desde a primeira semana do corrente mês em Paris, França. Ouvi autênticas barbaridades - por telefone, e ao vivo. Cheguei a beliscar-me para ver se estava vivo, se não estava a delirar ou com febre ou sequer se sentia como devem estar a sentir os familiares e os amigos do Presidente da República.

E se o boato matasse? Obviamente, não traduzirei em palavras aquilo que os meus ouvidos foram obrigados a ouvir por estes dias...seria inofensivo para nós, enquanto País. Eu recebia chamadas quase ao segundo com as coisas mais inimagináveis...nem sei!

Na noite a seguir à chegada do Presidente a Paris, não me deixaram dormir. Tinha, por assim dizer, que assinar um documento e impingir-lhe, além da assinatura, a minha impressão digital para que desligassem, talvez fingindo que acreditavam em mim... Outros insistiam e por algumas vez fui bruto e tive mesmo que desligar-lhes o telefone na cara.

Parece que endoideceram de vez; o Povo, os militares também. Os políticos ainda mais. Em Paris, quatro pessoas terão acesso ao quarto onde o Presidente recupera a olhos vistos: dois familiares, o seu director de gabinete e o seu médico guineense. E não acredito que um deles tenha passado as mensagens que me chegaram.

Acredito, isso sim, que pessoas mal intencionadas, desprovidas de carácter, sem qualquer pudor, por pura maldade, puseram essas 'notícias' a correr apenas com o intuito de 'baralhar para dar de novo'. Não será nas suas costas. O boato, esse, continuará a fazer das suas.

Uma coisa é certa: este Povo está obviamente mais doente do que o seu Presidente: o Povo está doente da cabeça. Da minha parte, desejo um rápido restabelecimento ao Presidente da República. António Aly Silva