sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O espião que voltou para o frio

Manuel Esperança, coronel, afecto ao SIEDM (Serviço de Informações Estratégicas de Defesa e Militares depois convertido em SIED) - foi a ‘antena’ que, entre 2005 e 2010, Portugal impingiu à Guiné-Bissau.

Manuel Esperança era tudo menos discreto. Morava numa casa arrendada ao primeiro-ministro, Carlos Gomes Jr., de quem aliás era vizinho – apenas separava-os um muro, e quando terminou a sua missão, mercê da crise portuguesa, vendeu o seu carro ao... primeiro-ministro. Estas ligações, pelo menos na Guiné-Bissau, são de resto 'aconselhadas', para mais num País onde tudo pode acontecer, a qualquer hora - mas para um espião...

Hoje, contudo, impõe-se esta pergunta: o que sabe o Manuel Esperança (e Portugal?) - quase tudo – é a resposta. No dia em que Hélder Proença foi assassinado (4 de junho de 2009), Manuel Esperança foi visto no Estado-Maior General das Forças Armadas, e era presença assídua no Ministério do Interior, de dia e de noite. Segundo uma fonte, depois da morte do General Tagme Na Waie, o espião português «tinha sempre encontros demorados com o Coronel Samba Djaló», ex-chefe da sinistra DINFOSEMIL, no gabinete deste no Ministério do Interior.

A ‘antena’ da secreta militar portuguesa foi dos primeiros a chegar à residência do Baciro Dabó no dia em que este foi assassinado (5 junho 2009), tendo tirado várias fotografias ao cadáver prostrado no chão com o sangue ainda fresco.

Manuel Esperança estava com o General e CEMGFA, Tagme Na Waie , no dia em que este ficou a saber (através de uma fuga de informação) de que corria risco de morte. E, numa reunião, onde esteve presente um alto oficial da secreta militar, Manuel Esperança disse que sabia de um plano para assassinar o General Tagme Na Waie, acrescentando que poderia ser um atentado à bomba. Acabou por ser. AAS