quinta-feira, 3 de março de 2011

Sob pressão

Faz hoje 2 anos e um dia sobre o assassinato do ex-Chefe de Estado, 'Nino' Vieira, e a Procuradoria Geral da República NÃO MOSTROU trabalho feito. Foram ouvidas três testemunhas relativamente ao assassinato de Tagme Na Waie- e todas elas apontaram um nome: Zamora Induta. Ainda assim, a PGR decidiu que este seria apenas testemunhas. A lei é clara no que diz respeito à palavra «suspeito». Mas cá, na Guiné-Bissau, pisamos a nossa carta magna, a Constituição da nossa República! Isto é por demais sintomático e só quer dizer que vivemos numa República das Bananas!!!

A Viúva do malogrado Presidente, Isabel Romano Vieira, recusa agora ser ouvida pelo Ministério Público guineense. Outro dos presentes no dia do assassinato - Fernando 'Paris', recusa falar «sem ordens da senhora Isabel». Fernando 'Paris' vive hoje em França, país que acaba de lhe conceder o estatuto de asilado. No dia 2 de março de 2009, depois de sair de dentro da residência com 'Nino' já morto, Fernando esteve (vi-o do 1º andar) toda a noite a caminhar no passeio e na estrada com as mãos atrás das costas. Não parecia conformado mas sim colaborante...

No dia 1 de março do corrente, Amine Saad chegou ao aeroporto Léopold Sedar Senghor, isto depois de previamente o pessoal da embaixada, em Dakar, lhe ter tratado do check-in. Nisto, alguém abordou-o: o Sr. PGR, tenha atenção que a União Europeia anda de olho em si por causa do atraso na conclusão dos inquéritos dos assassinatos de 2009. A União Europeia, é a verdade, sabe que qualquer coisa não está bem - ou, se preferirem, alguma coisa está mal. Mas a UE, coitada, tem de ir a reboque dos americanos.

A resposta de Amine Saad, perante tamanha revelação? Saiu sem engasgos: «Não me obriguem a falar... A UNIOGBIS acompanhou todo o processo e tanto o Presidente da República como o Primeiro-Ministro estão dentro do assunto».

Hoje, o Primeiro-Ministro falou. Disse que no encontro com o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki Moon, garantiu a este «o empenho do Governo nas investigações» dos crimes de sangue de 2009, mas ao mesmo tempo, e com um ligeiro desconforto, barafustou que «não iria pactuar com interesses pessoais» e que nada faria «sob pressão» - referindo-se às prometidas manifestações em preparação para reclamar aceleração nas investigações.

Numa coisa estamos de acordo: Ninguém parece interessado em resolver estes casos. AAS